Vinte mil estudantes podem perder bolsa universitária da OVG

Sem pagar débito com instituições particulares de ensino, Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) pode ter dívida de R$ 82 milhões até dezembro

Postado em: 30-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Sem pagar débito com instituições particulares de ensino, Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) pode ter dívida de R$ 82 milhões até dezembro

Thiago Costa 

Cerca de 20 mil estudantes universitários poderão perder a Bolsa OVG no próximo ano. Representantes do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg) vão permitir que alunos assistidos pelo Programa Bolsa Universitária (PBU) concretizem suas matrículas para o próximo semestre, mas essa decisão não vai garantir a permanência do beneficio a esses estudantes para 2019 pois existe uma dívida milionária da instituição com as instituições particulares. 

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De acordo com o presidente do Semesg, Jorge de Jesus Bernardo, para manter a gestão das instituições de ensino é necessário o pagamento do Bolsa OVG. Ainda de acordo com o presidente, a ausência desse pagamento às instituições as obriga recorrer a pegar dinheiro em bancos para cumprir suas obrigações financeiras com os impostos e folha de pagamento. Jorge de Jesus diz ainda que é impossível assumir toda a  responsabilidade sozinho.

A decisão de deixar os estudantes fazerem suas matrículas foi tomada após sete meses de atraso dos repasses por parte da Organização Das Voluntárias de Goiás (OVG), que somam atualmente R$ 62 milhões e a previsão é que, caso o problema não seja solucionado, até dezembro o valor da dívida com as instituições de ensino particulares chegará a R$ 82 milhões. 

Empurra-empurra 

Por telefone, a reportagem do O Hoje entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (SEFAZ) sobre os atrasos do repasse. Por e-mail, a Secretaria da Fazenda disse que “questões inerentes ao Programa Bolsa Universitária devem ser tratados junto à OVG”, e não com a Secretaria. Na OVG, uma funcionária contrapõe o órgão e diz que a organização apenas distribui o dinheiro para os programas, mas que os atrasos vêm da Sefaz. 

Criado em 1999 o PBU tem mais de 20 mil alunos.  O programa tem duas modalidades para contemplar os beneficiários, sendo que cada um delas recebe o benefício conforme a renda familiar. A bolsa parcial tem como prioridade os estudantes com renda bruta familiar mensal de até seis salários mínimos. Já a bolsa integral é para os alunos com renda bruta familiar de até três salários mínimos. 

Até o fechamento desta reportagem a OVG não respondeu nosso e-mail. Ligamos várias vezes no órgão, sendo que muitas dessas vezes a ligação sequer chamava, dando sinal de telefone tirado do gancho. A reportagem foi até a sede da OVG e procurou a diretora do órgão, que não estava no local.  Procurada pela nossa reportagem, na própria sala de assessoria de comunicação, o departamento solicitou as perguntas por e-mail.  Já na redação, ligamos e falamos com a assessoria de comunicação novamente, que confirmou o recebimento e-mail e informou repassar as perguntas para a diretora, mas, que até então, a mesma não havia chegado ao local.

UEG

Outro repasse para universitários que também está em atraso é a bolsa para estudantes da Universidade Estadual de Goiás (UEG). São tanto estudantes de pesquisa quanto beneficiários por fatores socioeconômicos. De acordo com uma estudante do curso de História da UEG, que não quis se identificar, a Sefaz ainda não repassou os valores referentes às bolsas dos estudantes dessas duas modalidades. Os atrasos seguem por quatro meses. 

De acordo com a estudante, os beneficiários não recebem a quantia que ajuda custear os estudos e isso atrapalha toda a permanência deles na cidade onde residem, já que, muitas vezes, alguns são proibidos de trabalhar, pois assinam um contrato com a instituição e garantem que suas atribuições serão exclusivamente para a UEG.

O e-mail recebido pela estudante diz que a instituição entrará em contato com os estudantes caso haja alguma previsão ou o pagamento da bolsa e garante que o pagamento será feito, mas não define uma data. O que atrapalha a vida da futura historiadora é que o aluguel não espera o pagamento da bolsa, o que a faz depender exclusivamente dos pais, que moram em outra cidade. A jovem reside na cidade onde está instalada a instituição apenas para concretizar seus estudos e cobra uma resposta imediata. 

O governador eleito, Ronaldo Caiado, afirmou que deverá manter o programa e ‘não deixará as mensalidades atrasarem”.  

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