Gabinete de crise em Goiânia coordena esforços para ajudar vítimas do Rio Grande do Sul

Corpo de Bombeiros Militar de Goiás já resgatou 225 pessoas em uma semana de operação conjunta

Postado em: 14-05-2024 às 08h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Gabinete de crise em Goiânia coordena esforços para ajudar vítimas do Rio Grande do Sul
Os cinco integrantes da equipe conseguem viabilizar esforços a nível das necessidades dos municípios | Foto: Leandro Braz/O HOJE

Apenas uma palavra consegue expressar a dor e a perda que os gaúchos sentem com o desastre do Rio Grande do Sul: de devastação. Dezenas de milhares de pessoas estão desabrigadas, enquanto um número ainda maior de gaúchos foram deslocados de suas casas para abrigos temporários. Tamanha catástrofe afetou cerca de 90% do estado em diferentes níveis de devastação. Como apurado pelo jornal DW Brasil, o município de Estrela, no Vale do Taquari, a 170 quilômetros de Porto Alegre, foi totalmente devastado pela enxurrada. 

Uma devastação que não fez distinção ricos, pobres, brancos, pretos, urbanos ou interioranos, como diz o Tenente Coronel Revysson, subcomandante do gabinete de crise do Rio Grande do Sul em Goiás. Para tamanha devastação, foi necessário uma operação de resposta que atendesse as das enchentes com uma força tarefa nunca antes vista no Brasil. “Nós temos todos os 26 estados enviando ajuda de alguma forma para o RS. Se todos tivessem de entrar em contato direto com as autoridades do estado, iríamos ter desfoque das operações. Por isso estamos aqui”, diz o bombeiro.

Para isso, toda esta operação foi montada na Capital goiana, composta pelo Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom) no Centro de Comando da Defesa Civil de Goiás ao lado do Estádio Serra Dourada. O motivo da operação ser em Goiânia é por conta do presidente goiano do Ligabom, Coronel Washington, que também é o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO). 

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Ao todo, são cinco integrantes do gabinete de crise, cada um com uma função diferente para gerir os esforços de logística: três bombeiros militares, Coronel Washington, comandante do gabinete, o Tenente Coronel Revysson, subcomandante do gabinete e o Capitão Joel, responsável pelo comando de apoio logístico dos bombeiros  Além disso, há outros dois membros da Defesa Civil, o Capitão Marcelo Moura, responsável pelas atividades da defesa civil e o Tenente Eller, a cargo do comando de atividades técnicas.

A execução deste projeto está fundamentada dentro da legislação federal para respostas de crises. De acordo com o Capitão Marcelo Moura, o Governo Federal tem uma legislação consolidada com as respostas das crises, como em ajuda financeira e políticas públicas. Além disso, cada Defesa Civil estadual possui mecanismos para agir e assegurar os cidadãos. “No Rio Grande do Sul são preparados para lidar com enchentes como ocorreu no ano passado. Aqui em Goiás possuímos mecanismos para lidar com incêndios florestais”.

Estes quatro homens escolhidos a dedo são encarregados de viabilizar a continuação dos resgates das vítimas remanescentes pelos últimos doze dias. Dentro do edifício, com apoio de mapas atualizados, registros das operações e com os telefones celulares, conseguem coordenar os apoios de logística dos 26 estados brasileiros. De acordo com o Tenente Coronel Revysson, para o jornal O HOJE, são quase 700 bombeiros efetivos, cerca de 400 em atividades de campo e outros 300 na reserva ou no aguardo das escalas. 

A partir disso o gabinete consegue identificar as zonas de riscos bem como os municípios que ainda precisam dos efetivos para operações de resgate. De acordo com Revysson, conseguem visualizar quais cidades ainda estão com água e quais já tiveram uma baixa na vazão. “Temos muito trabalho a fazer porque ainda tem gente para ser resgatada e corpos para serem retirados e contabilizados”, diz o especialista. 

Diz ainda que grande parte deste esforços consistem em dialogar com os municípios com as ajudas necessárias e viabilizar com as equipes dos bombeiros dos estados selecionados. Como ponto de partida, Capitão Joel fala que já existem protocolos para a quantidade de pessoal que deve ser enviado para ajudar na crise. “Temos um pressuposto básico em enviar o efetivo que tem de ser auto-suficiente, de chegar no local e começar a atuar”, diz o bombeiro.

A resposta goiana para a crise no Rio Grande do Sul

Na tarde de domingo (12), os 21 bombeiros militares do estado de Goiás voltaram de uma semana de operação no RS e relataram as operações de resgate em municípios do estado. De acordo com a corporação, a equipe resgatou 225 pessoas e 25 animais, além disso, foram sete dias de trabalho sobre cidades inundadas. Contudo, este não foi o fim da ajuda do estado de Goiás para o RS, um helicóptero decolou na madrugada desta segunda-feira (13) com sete bombeiros encaminhados para o Estado.

De acordo com o tenente Luiz Henrique Salomão, destaca a cena de devastação como algo que havia saído das telas de cinema. “Parecia cena de filme. O centro de Porto Alegre estava todo sem energia, a água do Guaíba estava quase tomando a rodovia e foi ali que caiu a nossa ficha.”

Sobre isso, a devastação no estado gaúcho se encaminha para o seu 13º dia, ainda sob chuvas e frio constante. Contudo, também não deve ser o fim da catástrofe após o Lago Guaíba ter tido um repique na sua vazão, ultrapassando a média histórica anterior de 5,5 metros. Também, uma frente fria dos ventos polares avança pelo sul do estado para a região norte, trazendo mais chuvas e frios, e, com isso, novos alertas de evacuação para cidades não atingidas anteriormente, como Pelotas.

Até o momento, foram 147 mortes e 806 feridos pelas enxurradas que seguem para a sua segunda semana. Além do mais, 538.241 pessoas foram desalojados de suas casas e outras 79.540 pessoas vivem sob abrigos temporários. Ao todo, 2,1 milhões de pessoas e 447 municípios foram afetados.

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