Vinil ressurge das cinzas e ultrapassa vendas de CD no Brasil

A venda dos LPs já havia superado a venda de CDs duas vezes e em 2023 a comercialização dessa mídia musical gerou renda de 11 milhões

Postado em: 18-05-2024 às 08h00
Por: Thais Cristina Teixeira
Imagem Ilustrando a Notícia: Vinil ressurge das cinzas e ultrapassa vendas de CD no Brasil
“Resgate Retro e cultural”, assim é visto o aumento do consumo de vinil pelo João Batista, admirador dos LPs | Foto: Leandro Braz/O HOJE

A popularidade dos discos de vinil está voltando com muita força nacional e internacionalmente. O estudante Pedro Marinho, explicou que o interesse dele pelo mundo dos discos é hereditário, e que ele adquiriu esse gosto porque o pai era colecionador desde criança e que por isso ele teve contato com os vinis desde de seu nascimento e que esse universo despertava interesse nele pelo fato de ter nascido em uma era mais digital da música. “Então pra mim era muito surpreendente ver como as pessoas ouviam antigamente”

“Antigamente as pessoas não tinham a liberdade para ouvir música igual a gente ouve hoje, não existia essa disponibilidade de bilhões de músicas para se ouvir a qualquer momento, elas esperavam lançar as músicas na rádio ou elas tinham vinil ou tinham dispositivos físicos de músicas Walkman entre os anos 80 e 90”

Pedro explicou que apesar de ter tido acesso ao mundo dos LP’ s – Long Playing desde cedo e ter uma coleção, ele não tinha o costume de ouvir discos de vinil e só adquiriu esse hábito recentemente quando comprou uma vitrola.

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O estudante Daniel Henrique Ferreira também é colecionador de vinis e teve o primeiro contato com a franquia dos LP ‘s por causa dos pais. Ele explicou que os pais costumam se presentear com discos. “Meus pais costumavam se presentear sempre com vinis nos anos 90, então sempre houve uma coleção grande de vinis aqui em casa, indo desde de Zezé di Camargo e Luciano, passando por Richard Clayderman, indo até trilha sonora de novelas da Globo”

Daniel contou o fato da mãe dele ter presenteado o pai com uma vitrola, também ajudou a despertar o interesse nos discos pois as bandas favoritas são mais antigas, além disso o fato de ter mudado para Goiânia também facilitou já que o lugar possui muitos garimpos. “Aqui tem muitas opções de lugares para garimpo de discos, que vão desde férias até lojas como a Hocus Pocus ou a Monstro Discos”.

A cultura vintage dos vinis surgiu em 1948 quando foi inventado por Peter Carl Goldmark que trabalhava para a gravadora Columbia Records . Desde o finalzinho do século  XIX e início do século XX a mídia física disco já existia, porém no início, além do pouco espaço para gravação que possibilitava um tempo de aproximadamente 3 minutos, o material utilizado era a goma-laca, que além de barulhento era um elemento frágil que na maioria dos casos quebrava durante o transporte e por isso foi trocada para o disco de vinil que era feito de plástico.

Rafael David Noleto também acompanha a cultura retrô dos bolachões, ele relatou que coleciona por influência dos amigos que têm o mesmo gosto musical que ele, e que isso o incentivou a garimpar e comprar vinis.”Eu tenho mais MPB e Rock, mas tb tenho de música tradicional nordestina e coisas brasileiras mais atuais dessa chamada Nova MPB” . 

A fama dos Long Playins é gigantesca podendo gerar mais de 60 milhões de cópias vendidas, é o caso de ‘Thriller’, do cantor Michael Jackson, que já ultrapassou a marca  66 milhões de cópias pelo mundo, o álbum de (1982) é o mais vendido da história. 

O segundo álbum mais vendido na história dos vinis é o ‘Back In Black’ do AC DC, lançado em 1980, já vendeu mundialmente mais de 51 milhões de cópias. ‘The Dark Side of Moon’ da banda Pink Floyd é o terceiro disco mais vendido batendo mais de 45 milhões de vendas, ele foi lançado em 1973.

Com mais de 40 milhões de vendas, o quarto vinil com mais vendas na história é o ‘Appetite for Destruction’ lançado pelo grupo musical Guns and Roses no ano de 1987. 

João Batista, dono de uma das lojas de vinil mais tradicionais de Goiânia relatou que quando abriu sua loja, Som Livre, o vinil ainda era a plataforma musical existente, e com o passar do tempo apesar do surgimento de outras formas de mídias musicais ele optou por continuar com a mídia vinil também “a gente continuou com a mesma vontade de vender música bonita e boa”.

Além de vender, João faz coleção de vinil e filmes, os vinis de João vão de ‘Altemar Dutra’ à ‘Pink Floyd’. O comerciante participa de diversas feiras de vinil, como a feira das antiguidades na Praça Tamandaré que acontece no segundo domingo de todo mês, e na rua 8,  feira do Martim Cererê. João Batista também promove feiras na loja dele. “A gente convida os clientes para participar, convida uns amigos para vender e arrumar uma equipe para discotecar vinil”, conta.

Segundo o comerciante, o público varia entre garotos de 6 anos e adultos de até 90. “Tem colecionadores novos e gente que coleciona desde a época que surgiram os vinis”. João também expôs a sua preocupação com a falta de pessoas novas para consertar aparelhos vintages, ele também mencionou que quem tem um aparelho antigo paga bem para consertar.

O relatório da Pró Música Brasil, empresa que reúne as maiores gravadoras nacionais, mostra que em 2023 pela primeira vez na história a venda de discos de vinil superou as vendas de CDs e DVDs, o aumento das vendas é de 136,2% em relação às vendas de 2022, gerando uma renda total de 11 milhões de reais. Essa é a terceira vez que os LPs superam os CDs nos negócios, a primeira vez que que os bolachões tiveram mais vendas que os CDs foi em 1987, a segunda em 2022 e a terceira em 2023.

Feiras de Vinil ganham coração dos colecionadores 

E para os amantes dessa mídia física, acontece neste Sábado(18), a 5° edição da Vinilândia, feira de discos de vinil que acontece duas vezes ao ano desde o seu surgimento em 2022. A feira de vinil começa às 14:00 e termina às 22:00 horas no Centro Cultural Martim Cererê.

A feira vai reunir sebos, lojistas de Goiânia e colecionadores. Alguns dos expositores que vão fazer parte são: a Monstro Discos, Fadiga Discos, Johnny Records, Bacurau Discos, Lado A, Prisma Records, Discos e Afins e Oliveira´s Livraria.

A Vinilândia vai contar com vendas de discos nacionais e internacionais além de barraquinhas de artigos pop e místicos, serviço de bar, food trucks e programação musical com DJs tocando com discos de vinil. 

Neste sábado(18), na edição da Vinillândia, Goiânia tem o objetivo de comprovar esse aumento real no consumo dos LPs. A exposição vai contar com discos de lançamentos, trazendo repertórios de artistas que causam interesse na nova geração novas gerações como Taylor Swift, Olivia Rodrigo, Harry Styles e Billie Elish também adotaram o formato, conquistando os mais jovens. 

Ao O HOJE, Leonardo Razuk, um dos organizadores da feira contou que geralmente a média de público nas feiras é de 600 a 700 pessoas por edição. Leonardo Razuk, explicou que apesar dessa edição ter expositores apenas de Goiânia, em edições passadas o evento já teve expositores de São Paulo e Brasília, por exemplo.

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