Hugol registra aumento de 10% em internações por acidentes de motos

Uma criança de apenas 11 anos morreu nesta quarta-feira (15) após ficar prensada abaixo de um caminhão de, pelo menos, 25 toneladas na Avenida Perimetral Norte em Goiânia. O caso ocorreu após a mãe da criança invadir a avenida movimentada na contramão com a sua motocicleta e colidir frontalmente com o veículo pesado. A mãe, ao qual não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para usar o veículo, recebeu alta no mesmo dia do acidente, enquanto a criança que estava na garupa morreu no local. Enquanto isso, o caminhão prestou socorro e deu negativo no bafômetro. Até o momento da divulgação desta matéria, o caso ainda é investigado pela Polícia Civil de Goiás.

Casos de acidentes de motos estão cada vez mais comuns a nível nacional com o aumento da frota. Como informa dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2023 mais de 1,2 milhões de pessoas foram atendidas pelo Sistema de Saúde Único (SUS) por alguma colisão e quedas envolvendo motocicletas, para se ter uma noção, este número representa cerca de metade da população de Goiânia. Como dito anteriormente, este grande número de casos pode ser apontado pelo aumento da frota de motos no Brasil, que saiu de 18 milhões em 2013 para 32 milhões em 2023.

Dentro disso, foi divulgado pelo Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) que este cenário também se repete a nível estadual com aumento de cerca de 10% nos acidentes de moto entre os anos de 2023 e 2024. De acordo com a instituição, no primeiro quadrimestre de 2023 ocorreram 1.169 acidentes motociclísticos, com uma média de 292 vítimas por mês. Nos primeiros quatro meses de 2024 foram 1.293 vítimas de acidente de moto, com uma média de 323 casos por mês. “Um número bastante expressivo que mostra que o goiano precisa se cuidar e cuidar mais do outro também”, diz o gerente médico do hospital, Fabrício Leão, em nota.

Enquanto isso, houve 482 acidentes automobilísticos no Hugol. De acordo com ele, todo ano a instituição faz campanhas de conscientização para os motoristas a fim de diminuir os acidentes. “Todo ano a gente faz blitz de conscientização em frente à unidade e esse ano não seria diferente. Ainda mais com um aumento nos casos de atendimentos aqui da unidade”, diz o gerente.

De acordo com o médico ortopedista do Hugol, Eduardo Campos, ao jornal O HOJE, a maior parcela das vítimas dos acidentes que são admitidas ao hospital são homens, entre a faixa de 20 a 50 anos. Enquanto isso, acidentes com vítimas mulheres e idosos são mais raros pela parcela que dirige o veículo. O motivo por esse aumento de acidentes que atingem a população masculina pode ser apontado pela consolidação do trabalho autônomo de aplicativos como Uber e Ifood. Sobre isso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , o país possui mais de 1,5 milhão de trabalhadores autônomos de aplicativo.

Parte dessas pessoas passam por tratamentos longos, extensivos e dolorosos para a recuperação, enquanto outros podem ficar com sequelas permanentes no corpo como movimentação debilitada, além de cicatrizes. Como divulgado pelo jornal O HOJE neste dia 15, mais de 139 mil pessoas enfrentam sequelas permanentes devido a algum acidente de trânsito no Brasil.

Segundo o médico, os acidentes de motocicletas geralmente são mais difíceis de cuidar e podem ser mais graves comparado com as colisões automobilísticas. “Os acidentes envolvendo motociclistas podem provocar lesões mais graves, mesmo em acidentes com traumas menores, pois o corpo do condutor acaba absorvendo qualquer energia do trauma, podendo ocasionar lesões mais graves e até mesmo a morte. Já nos acidentes automobilísticos, seria necessário um trauma de grande energia para causar uma lesão mais complexa, pois há toda a lataria do carro para absorver o impacto”, informa o médico.