Bancas de revistas e jornais se mantêm como guardiãs da memória goiana

Pontos comerciais relevantes da comunicação se ‘inserem’ na tecnologia vendendo artigos de celulares para se manterem abertas

Postado em: 20-05-2024 às 10h00
Por: Thais Cristina Teixeira
Imagem Ilustrando a Notícia: Bancas de revistas e jornais se mantêm como guardiãs da memória goiana
Em meio a jornais do dia, revistas da semana, gibis e palavras-cruzadas, a tradicional banca de jornal se reinventa | Foto: Leandro Braz/O HOJE

As tradicionais bancas de jornais que durante a história já foram palco de encontros de crianças, jovens adultos e idosos, hoje enfrentam desafios para sobreviver em meio às tecnologias. Na era digital é pouco comum ver cenas como crianças trocando figurinhas de álbuns em frente às bancas, ou até mesmo cards, popularmente chamados de cartinhas, algo que há alguns anos atrás era cotidiano.

As banquinhas de jornais e revistas estão presentes em Goiânia desde a década de 30. Eduardo Domingos, que junto com a família é proprietário da Banca Três Irmãos Revistaria, localizada na Avenida Goiás, centro de Goiânia, estima que a banca onde ele trabalha foi adquirida pela família em 1981. Ele contou que hoje em dia as diferenças são gritantes, e que quando ele juntamente com a família( pai, mãe e irmãos) adquiriram a banca, os jornais e revistas eram produtos que alcançaram muitas vendas.

Eduardo Domingo, que está fixamente na mesma banca há mais de 40 anos, também explicou que nos dias atuais o que mais se vende nas bancas são palavras cruzadas, e que revistas femininas por exemplo que eram muito vendidas antigamente já não tem o mesmo número de vendas.

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Outro fato explicado por Eduardo é que apesar de jornais e revistas serem poucos vendidos hoje existem outros produtos que são consumidos pelo público mais jovem “tem os quadrinhos que o pessoal gosta bastante, os HQ’s do Batman, Homem Aranha, os mangás que é a literatura japonesa então vai mudando o perfil da clientela mas a gente vai acompanhando as tendências”. 

Elton dos Santos Oliveira, dono da Banca Café Central, está há mais de vinte anos no mesmo ponto localizado na Avenida Anhanguera, ele assim como os outros entrevistados pontuou que os jornais impressos e revista não são mais vendidos como antigamente, e que por isso é perceptível o sumiço de várias bancas que antes preenchiam Goiânia, ele também citou que os públicos são diferentes e que no seu público, algumas pessoas de idade gostam de ler jornais e revista, mas de modo geral, o público mais jovem, por causa da internet não tem mais tanto interesses em ler, principalmente os jornais e revistas.

Segundo o levantamento realizado pela SEDEM, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, órgão que na época era responsável pelo licenciamento e fiscalização de atividade das bancas,em fevereiro de 2001 existiam 278 bancas de revistas e jornais em Goiânia. O Setor Central era o local com a maior concentração de bancas de jornais e revistas nessa época, no total, existiam cerca de 70 bancas durante toda a  sua extensão.

Parte da história foi apagada, e hoje em dia esse número caiu em mais de 50% , segundo dados fornecidos pela SEDEC, Secretaria de Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa, atual órgão responsável pela licitação das bancas, atualmente existem cerca de 69 bancas de revistas em Goiânia.

Eidson Almeida Machado, conhecido como Zé chaveiro, possui a Banca e Chaveiro localizada na Praça do Avião, contou que está na banca desde setembro de 2003, quando era auxiliar de serviços gerais do local,  “a banca era muito boa, vendia muito nessa época”.

Eidson pontuou que tanto revista em geral, quanto peças para colecionadores eram muito vendidos, ele exemplificou que por dia eram vendidos mais de 200 jornais e hoje a venda é bem menor, fato que contribui para uma menor quantidade de jornais na banca. Ele também explicou que os jornais não vendidos são vendidos a quilo para pet.

Robert Felix, da Revistaria Capital relatou que antigamente as notícia eram passadas por jornais e revistas e por isso tinham muitas vendas mas com o surgimento da internet, o meio de comunicação mudou, e que agora as vendas de jornais caiu 90% e que isso o fez agregar outros elementos à banca para continuar atraindo clientes.

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Bancas adotam estratégias inovadoras para atrair e manter clientes

As bancas que um dia já venderam majoritariamente jornais, revistas, palavras cruzadas e álbuns de figurinhas por exemplo, hoje para sobreviver em meio a era digital tornam suas bancas em uma espécie de empório, vendendo artigos que vão de equipamentos para celular como carregadores e fones de ouvido, suporte/tripé, chips de operadoras telefônicas, apostila para concursos, lanterna, mouse, doces e cigarros, capinhas para cartão de ônibus, cortador de unha, em alguns caso até camisetas e cadarços, até de prestação de serviços como impressão e plastificação de documentos.

Para tentar driblar a tecnologia e continuar zelando pela tradição das banquinhas que estão presentes na Capital Goiana há várias décadas, novas estratégias vêm sendo adotadas.  Eidson, conhecido como Zé chaveiro, explicou que uma das estratégias foi a implementação de outros serviços além de jornais, revistas e serviços de chaveiro “mas com o tempo a gente implementou afiação de alicate, tesoura, faca, ferramentas”

Ele também explicou que com a chegada do celular ele também colocou à venda produtos para o celular. Outra estratégia adotada é a impressão de documentos e contas, Eidson mencionou que para realizar a impressão o cliente precisa enviar o documento ou conta no WhatsApp dele e com isso ele salva o contato do cliente para alcançar visualização dos status que ele posta compartilhando os serviços disponíveis na banca. “quando a pessoa me manda mensagem o contato dela fica salvo para mim, e como a pessoa já tem o meu número salvo, eu fico compartilhando sobre os serviços e produtos, eu estou sempre oferecendo o meu serviço no WhatsApp” 

Robert Félix, dono da Revistaria Central explica que também teve que adicionar outros produtos a sua banca como bonés, pen drive, itens em geral para o celular. “Tive que agregar várias coisinhas, bonés, eletrônicos como pen drive, carregador, fone de ouvido, o que no geral dá uma margem boa de lucro”. (Especial para O Hoje)

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