Urubus causam riscos a segurança de passageiros de aeroporto

Thiago Costa

Aves são atraídas por restos mortais de animais descartados em regiões próximas ao aeroporto da Capital. Recentemente, durante realização de limpeza nas redondezas do aeroporto Santa Genoveva, foram retirados 300 quilos de peixe podre armazenados em sacos plásticos. Constantemente a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) realiza limpeza de um trecho da Rua Dona Todica, no Setor Sítio de Recreio Ipê, próximo ao aeroporto. E isso em decorrência de algo que é também constante: o descarte irregular de resíduos sólidos e orgânicos no local. 

O lixo ocasiona na atração de urubus e outras aves. Fato que pode gerar graves acidentes aéreos, visto que área de descarte fica bem próxima ao Aeroporto Santa Genoveva. Em 2010, Goiânia teve um caso registrado de ave que se chocou com uma aeronave. Um Air Bus da TAM, que decolou em Goiânia com pouso em São Paulo que levava 174 passageiros teve que voltar ao Aeroporto goiano para um pouso de emergência, após ter sua turbina atingida por uma ave nos 5 primeiros minutos de vôo. 

Diante do risco de acidentes aéreos, a Amma, por meio das gerências de Fiscalização e Fauna Silvestre, promoveu nesta segunda-feira (3), uma reunião com os engenheiros ambientais da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) José Constâncio da Silva Neto e Sílvio Fernandes de Sousa Jr. A reunião discutiu ações em conjunto entre os dois órgãos para buscar uma solução definitiva para o problema. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura e Assuntos Metropolitanos (Secima) foi comunicada da reunião, mas não enviou nenhum representante. 

Sílvio Fernandes contou que a presença de aves nas proximidades do aeroporto já fez a Infraero suspender a movimentação de aeronaves, disse ainda que há centenas de registros de aviões serem atingidos por urubus ao levantar voo ou ao pousar em diversos aeroportos do país.

bird strike

De acordo com a Infraero, a concentração de pássaros em áreas próximas aos aeroportos aumenta o risco do chamado bird strike, que é o impacto de um pássaro com uma aeronave. Esse tipo de colisão pode ser leve ou severa, de acordo com o peso do pássaro e a velocidade do avião. 

Para o órgão, uma ave de grande porte pode causar a queda de uma aeronave pequena, como um monomotor. No caso de aviões de grande porte, utilizados na aviação comercial, é raro ocorrer esse tipo de problema, pois os aviões possuem, no mínimo, dois motores. Em caso de colisão com um motor, é possível realizar o voo com o motor que não foi afetado. De qualquer forma, quando o piloto percebe algum tipo de dano decorrente do choque, muitas vezes, há a necessidade de pousar no aeroporto mais próximo com melhores condições de segurança para verificar as condições da aeronave.

Diego Moura é gerente de fiscalização da Agencia Municipal de Meio Ambiente (Amma) de Goiânia e diz que a Agência também vai trabalhar com a educação ambiental e fechar a área que as pessoas estão descartando esses resíduos mortais de animais. “As pessoas jogam esses lixos ali, mas não sabem os riscos que isso gera, de atrair as aves que podem colidir com os aviões que passam por cima do local. Cada proprietário deve contratar uma empresa responsável por levar esses resíduos de peixaria, açougue e supermercado em geral para aterros sanitários de Goiânia”, comenta. 

“Estamos montando operações com a Policia Militar (PM) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM), pois o risco contra a integridade física do servidor que fiscaliza é grande. Dias atrás, percebemos um caminhão fazendo o descarte ilegal e a nossa equipe, durante a ação de fiscalização, viu o motorista do veículo, na tentativa de fuga, jogar o caminhão com a caçamba contra os fiscalizadores, mas sem sucesso. Temos a dificuldade de fazer a fiscalização no período noturno, justamente por casos como este que aconteceu em plena luz do dia. Não vamos dar trégua e já montamos uma base conjunta com o poder judiciário que terá ações em dias alternados para inibir a ação de descarte que pode causar graves acidentes aéreos na Capital,” finaliza o gerente de fiscalização da AMA.