Retinopatia Diabética acomete mais de 140 mil brasileiros por ano

Com uma incidência no Brasil de 24 a 39% na população diabética, a RD está entre as principais causas de perda de visão em pessoas com idades entre 20 e 75 anos

Postado em: 22-05-2024 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Retinopatia Diabética acomete mais de 140 mil brasileiros por ano
Estudos indicam que o diagnóstico e tratamento precoces, podem reduzir o risco de cegueira para menos de 5% | Foto: Divulgação/Cead HGG

O pai de Maria Aparecida Gomes Brito, 58, perdeu a visão aos 60 anos de idade, em decorrência da Retinopatia Diabética (RD). Ao jornal O Hoje, a dona de casa relata que o pai negligenciou a doença e por isso acabou ficando sem a visão.

Atualmente a mulher também luta contra a doença de tipo 2. Ela foi diagnosticada há cerca de cinco anos durante exames de rotina no posto de saúde próximo à sua casa. Maria conta que os sintomas começaram com o descontrole da glicemia que chegou a 300.

Após exames, o diagnóstico era de diabetes. Agora, a mulher vive em tratamentos para controlar a doença, que vão desde mudanças alimentares e atividades físicas, até o uso de medicamentos recomendados pelos médicos.

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Tanto Maria, quanto outras 500 mil pessoas que lutam contra a diabetes em Goiás, fazem tratamentos e acompanhamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO). Em todo o país, mais de 13 milhões de pessoas sofrem da doença.

A Retinopatia Diabética (RD) é uma complicação microvascular na retina que afeta cerca de 1 em cada 3 pessoas com diabete melito (DM). Trata-se de uma complicação do diabetes que afeta os olhos, causando danos aos vasos sanguíneos que ficam na região posterior do olho, na retina. Com uma incidência no Brasil de 24 a 39% na população diabética, a RD está entre as principais causas de perda de visão em pessoas com idades entre 20 e 75 anos.

A doença já tem mais de 20 anos de existência e a estimativa da saúde é que 90% dos diabéticos do tipo 1 (DM1) e 60% das pessoas que possuem o tipo 2 da doença, terão algum grau de RD. Além disso, estudos feitos em outros países indicam que o diagnóstico e tratamento precoces, pode reduzir o risco de cegueira para menos de 5%. Dados do Hospital Albert Einstein, o problema de saúde acomete mais de 140 mil brasileiros por ano.

Nelson Rassi é chefe do Serviço de Endocrinologia do HGG e explica que a RD é uma das complicações do diabetes tanto do diabetes tipo 1, que é mais comum em crianças, adolescentes, quanto do tipo 2, mais comum em adultos. De modo geral, a RD se dá pelo descontrole inadequado da glicemia do paciente.
De acordo com o médico, existem várias formas de retinopatia diabética, sendo algumas formas mais leves, outras moderadas e outras graves.

No caso das formas mais leves, não provocam prejuízos na visão. “Os indivíduos conseguem ver normalmente”, afirma o especialista, ao destacar que eles precisam ser acompanhados periodicamente por um oftalmologista para que sejam orientados, a fim de que não haja evolução da enfermidade.

As formas moderadas precisam de um controle e de uma observação mais frequente. Segundo o médico, esse acompanhamento envolve especialistas na área da endocrinologia, do diabetes e da oftalmologia. “Tudo isso para evitar que o problema não evolua para uma forma mais grave, como é o caso da retinopatia diabética de forma proliferativa”, explica o médico.

A forma proliferativa, considerada a mais grave do diabetes, pode levar à perda da visão. Desta forma, os indivíduos apresentam uma diminuição da acuidade visual e a perda progressiva da visão. “Esses pacientes, portadores da forma avançada da Retinopatia Diabética devem fazer, além do controle do diabetes, tratamentos oftalmológicos específicos”, afirma.

Os tratamentos oftalmológicos para esses pacientes podem ser diversos, sendo o mais comum, o da retina, feito por um retinólogo – oftalmologista especializado na área de retina.
Rassi explica ainda que as formas de tratamento são aplicações de laser ou aplicações de medicamentos intra oculares. Em alguns casos, há necessidade de procedimentos cirúrgicos.

Prevenção

Como a retinopatia diabética está associada ao descontrole da glicemia do paciente, a prevenção se dá pelo controle da glicose e da estabilidade da pressão arterial nos níveis normais. Além disso, a pessoa portadora do diabetes, deve ir ao médico oftalmologista de forma regular e realizar um exame oftalmológico anual.

No processo do exame, onde a pupila é dilatada com colírio a retinopatia pode ser detectada e qualquer tratamento necessário pode ser iniciado o mais breve possível. No caso das mulheres grávidas com diabetes gestacional, também devem fazer exames oftalmológicos uma vez a cada 3 meses.

Tratamentos

O tratamento da retinopatia diabética é feito de acordo com o estágio da doença e tem o objetivo de retardar a progressão da doença, promovendo uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

Quando o problema de saúde se encontra em estágios iniciais, a indicação dos especialistas é que seja feita a monitorização regular com um oftalmologista da área. Nesse processo, talvez o paciente precise mudar seu estilo de vida, a fim de controlar os níveis de glicemia no sangue, bem como outros fatores que contribuem para o agravamento da retinopatia diabética.

Em relação aos casos mais graves, como na retinopatia diabética proliferativa, os procedimentos podem ser feitos por meio de injeções intra-vítreas, que são feitas dentro do olho do paciente, por procedimentos com laser ou cirurgia de vitrectomia.

Em Goiás, o Centro Estadual de Atenção ao Diabetes (CEAD) ganhou uma sede própria passando a integrar o complexo assistencial do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG). No local, os pacientes contam com atendimento multidisciplinar e serviço de endocrinologia, enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia, serviço social e podologia.

Além disso, são realizadas outras ações de incentivo além dos atendimentos ambulatoriais individualizados, como a prática de atividade física com fisioterapia, atividades em cozinha experimental e programa de tratamento do pé diabético. O Cead conta ainda com uma parceria com o Instituto Banco de Olhos de Goiás, para atender aos pacientes com diabetes e retinopatia diabética.

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