Glaucoma é principal causa de cegueira irreversível

Estudos apontam que a doença é a principal causa de cegueira irreversível em todo o mundo e até 2040, deve atingir 900 mil brasileiros

Postado em: 24-05-2024 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Glaucoma é principal causa de cegueira irreversível
Os pacientes podem não perceber quaisquer mudanças em sua visão até que a doença já esteja em estágios avançados | Foto: Divulgação/SES-GO

O Glaucoma é uma neuropatia, doença crônica do nervo óptico – estrutura responsável por conectar o que o olho enxerga com o cérebro para formar a visão. Estudos apontam que a doença é a principal causa de cegueira irreversível em todo o mundo e até 2040, deve atingir 900 mil brasileiros.

A explicação é da médica oftalmologista Adriana Chaves de Oliveira, que durante uma conversa com a reportagem do jornal O Hoje, trouxe esclarecimentos, revelou os segredos por trás dessa condição ocular e destacou a importância da conscientização e da detecção precoce.

A condição é caracterizada principalmente pelo aumento da pressão intraocular que leva a uma lesão do nervo óptico. Este aumento progressivo da pressão pode levar a danos irreversíveis no nervo óptico, resultando em perda gradual da visão. 

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Os fatores que desencadeiam a enfermidade são específicos ou não há uma causa determinada, como acontece na maioria dos casos. “É como se o paciente tivesse um defeito na formação do globo ocular o que contribui para que esse glaucoma apareça”, explica a oftalmologista.

Apesar disso, em alguns casos a causa está ligada à hereditariedade, ou seja, o paciente já possui casos de glaucoma na família. Traumas, uso de medicamentos como os corticoides, também são fatores que podem levar ao desenvolvimento da doença. “Porque o corticoide é uma substância que pode levar ao aumento da pressão intraocular”, detalha.

Um dos aspectos mais alarmantes do glaucoma é sua natureza assintomática nos estágios iniciais. Os pacientes podem não perceber quaisquer mudanças em sua visão até que a doença já esteja em estágios avançados. É por isso que a detecção precoce é crucial, alerta a especialista.

“A grande maioria dos pacientes descobre a doença depois da evolução da mesma, já que durante esse processo, a pessoa não tem nenhum sintoma, não tem dor, coceira, lacrimejamento e não tem olhos vermelhos. Ou seja, o olho não passa por nenhuma alteração visível”, detalha a médica, ao afirmar que devido a isso, a maioria dos pacientes só descobrem a doença quando ela já está em estado avançado.

A doença pode ser identificada durante uma consulta oftalmológica de rotina, por exames como medição da pressão intraocular, avaliação do fundo de olho e testes de campo visual que são fundamentais para identificar possíveis sinais de glaucoma.

À medida que o glaucoma progride, os pacientes podem experimentar sintomas como perda gradual da visão periférica, visão tubular e, eventualmente, comprometimento visual central.

“Se você estiver olhando por exemplo uma paisagem com vários prédios, um parque no centro dessa imagem, os prédios começam a ficar manchados. Porque a visão periférica vai ficando turva e o paciente só enxerga melhor no centro da imagem”, exemplifica a médica ao destacar que depois de um certo tempo essa região central também pode ser acometida.

De acordo com a oftalmologista, essa progressão silenciosa e gradual é muitas vezes irreversível, ressaltando ainda mais a importância de diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Apesar de sua natureza devastadora, há esperança para aqueles que enfrentam o desafio do glaucoma. Tratamentos convencionais, como colírios para reduzir a pressão intraocular, podem retardar a progressão da doença e preservar a visão.

Além disso, avanços recentes na cirurgia ocular, incluindo implantes de drenagem, oferecem novas opções para pacientes que não respondem ao tratamento convencional.

No entanto, a batalha contra o glaucoma vai além do consultório médico. A conscientização pública desempenha um papel fundamental na prevenção e no diagnóstico precoce. Campanhas educacionais e programas de rastreamento podem ajudar a identificar indivíduos em risco e encorajar a busca por cuidados oftalmológicos regulares.

Em última análise, Oliveira destaca a importância de uma abordagem abrangente para enfrentar o glaucoma. Com conscientização, detecção precoce e acesso a tratamentos eficazes, é possível dar passos significativos na luta contra essa ameaça silenciosa à visão.

Tipos de Glaucoma

O Ministério da Saúde destaca os tipos de Glaucoma entre Primário de Ângulo Aberto, de Ângulo Fechado, Congênito e Secundário. Desses, o Primário de Ângulo Aberto é o tipo mais comum de glaucoma. Ele é caracterizado por um problema no sistema de drenagem interno do olho, resultando em pressão intraocular elevada. Geralmente, evolui de forma lenta e progressiva, muitas vezes passando despercebido pelos pacientes.

No caso do Glaucoma de Ângulo Fechado, segundo tipo mais comum, envolve uma obstrução na abertura do sistema de drenagem do olho. Pode ocorrer rapidamente, resultando em um aumento súbito da pressão intraocular, causando dor intensa, náuseas e visão turva.

O Glaucoma Congênito afeta bebês e crianças pequenas e resulta de uma anomalia na formação do sistema de drenagem do olho, levando ao aumento da pressão intraocular logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida. Os sintomas incluem olhos grandes e sem brilho, lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz.

Por fim, o Glaucoma Secundário é desencadeado por outros fatores que aumentam a pressão intraocular, como trauma, uso de medicamentos à base de corticoides, tumores, inflamações, hipertensão arterial e diabetes.

Segundo o órgão, compreender os diferentes tipos de glaucoma é fundamental para diagnosticar e tratar adequadamente essa condição que afeta a visão.

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