Moradores da região central reclamam da poluição no lago do Parque Jerivá

Além da grande quantidade de algas na superfície e no solo do lago, o volume da água começa a baixar

Postado em: 28-05-2024 às 04h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Moradores da região central reclamam da poluição no lago do Parque Jerivá
Resíduos sólidos como garrafas plásticas puderam ser encontrados na superfície do lago | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Quase todos os fins de semana e feriados a dona de casa Sthefany Santos sai de sua casa no setor Crimeia Oeste para ir aproveitar o dia da folga sob as sombras e brisas amenas no Parque Municipal Jerivá, no bairro Vila São Luiz. A área é desfrutada por moradores da região central da Capital e acaba por ser um reduto da região. “O parque é bem amplo, então sempre gosto de ir passear com meu cachorro, levar minha filha nos brinquedos e às vezes fazemos piquenique”, contudo, diz que deparou com uma visão anormal na sua última visita neste domingo (26). 

Ao chegar no parque com a sua filha pequena viu certas regiões inteiras da superfície do lago tomadas por algas, e o solo do lago com uma coloração excessivamente verde. Além disso, percebeu que o volume da água estava abaixo da margem das pedras. Como diz a mulher, a sujeira do lago já é um empecilho comum para os frequentadores do parque municipal. “O parque sofre com a sujeira do lago. Com a seca também ocorre a morte de alguns bichos como peixes”.

Como apurou a equipe de reportagem no local, o lago segue com uma grande quantidade de algas na superfície e no solo do lago. Além disso, o volume da água também segue abaixo do normal pelo início da estiagem, sinalizado pelas pedras na margem. Esta não seria a primeira vez que este lago, e o parque, sofrem com a seca. Em setembro de 2022 moradores visitaram uma área verde com um buraco seco onde deveria ser o lago.

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O motivo disso foi a seca extrema daquele ano, que abaixou a umidade do ar para níveis inferiores a 20%. Originalmente, o lago possuía um sistema de abastecimento que deveria repor a água perdida, porém naquele ano teve de ser interrompido para manutenção. Contudo, pode haver uma reprise desta cena nos próximos meses deste ano de 2024. De acordo com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), este sistema de abastecimento é mais uma das vítimas do vandalismo de patrimônio público que geram prejuízos de R$ 1,5 milhão à prefeitura, todos os anos.

Em relação às algas que estão no lago, o engenheiro ambiental Viniciu Fagundes diz que é normal se aglomerarem em lagos parados. Inclusive, a quantidade de algas podem ser potencializadas por fatores externos que provocam um acúmulo de matéria orgânica nos corpos da água como folhas secas que abastecem o lago de nutrientes e minerais. Contudo, podem também ser um sinal de poluição no lago como o despejo de resíduos sólidos ou até mesmo um despejo de esgoto em cursos hídricos.

Conforme diz Viniciu, essa população de microrganismos deve ser controlada pela Amma para que não haja interferência na oxigenação do lago. “Com essa algas pode haver a eutrofização no rio, que é quando as bactérias liberam muito oxigênio no lago. Se isso acontecer pode haver a mortalidade de peixes e outros animais que habitam o lago”.

Sobre isso, nesta noite do dia 26 um peixe da espécie pirarucu foi encontrado morto às margens do lago do Parque Pirarucu, no Parque Balneário, região norte de Goiânia. O bicho de quase dois metros de comprimento era considerado um patrimônio da região por atrair moradores ao animal atípico do cerrado. Porém, ainda não se sabe o motivo da morte do animal.

Segundo informou a Amma, em nota para o jornal O HOJE, diz que estão monitorando a situação nos lagos através do centro de operações e que irão fazer a limpeza caso haja aumento das algas.

“A Amma informa que o surgimento de algas no lago do Parque Jerivá é comum para o período de estiagem em que há baixa no nível de água do lago. Neste período aumenta a quantidade de matéria orgânica na água, o que causa a formação de macrófitas no lago. É um processo comum de eutrofização que ocorre quando o lago recebe uma grande quantidade de efluentes com matéria orgânica enriquecida com minerais e nutrientes que induzem o crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas. De acordo com a Amma, o controle populacional de macrófitas é feito manualmente pela Gerência Operacional de Parques, e quando necessário, com o uso de canoas. A ação evita a propagação descontrolada, e principalmente que as algas atinjam outros organismos que necessitam do lago para sobrevivência. As macrófitas retiradas do próprio lago, são usadas pela Amma para trabalhos de compostagem. As algas são desidratadas e misturadas a outras partes de substrato para plantio de novas mudas nativas”.

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