Cigarro mata 8 milhões de pessoas por ano em todo o mundo

Somados ao tabaco, os cigarros eletrônicos que têm se tornado cada vez mais populares entre os jovens, também se tornaram fatores preocupantes para os profissionais de saúde em todo o mundo

Postado em: 28-05-2024 às 05h30
Por: Ronilma Pinheiro
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O tabagismo é responsável por cerca de 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e aproximadamente 80% das mortes em mulheres | Foto: Freepik

O tabagismo é responsável por cerca de 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e aproximadamente 80% das mortes pelo mesmo problema em mulheres. Os dados divulgados neste mês de maio, são de um levantamento feito pela Fundação do Câncer. Além disso, segundo o relatório “Câncer de Pulmão no Brasil: por dentro dos números”, o cigarro, que mata 8 milhões de pessoas em todo o mundo, aumenta as chances de incidência de doenças graves, segundo estudos, é o principal fator de risco para essa neoplasia.

Larissa de Alencastro Curado é médica oncologista clínica do Centro de Oncologia IHG, e alerta que as consequências do tabagismo não se limitam aos tumores de pulmão, causando o câncer de pulmão. Mas, o cigarro também é um fator desencadeante do câncer de boca, faringe, laringe, traqueia, rim, bexiga, estômago e esôfago.

Somados ao tabaco, os cigarros eletrônicos que têm se tornado cada vez mais populares entre os jovens, também se tornaram fatores preocupantes para os profissionais de saúde em todo o mundo. Apesar da proibição da comercialização e distribuição do produto no Brasil, a juventude tem usado cada vez mais os famosos ‘Vapes’.

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Larissa Curado adverte que esses produtos, além da nicotina, substância altamente viciante e prejudicial à saúde pulmonar, contêm também líquidos vaporizados com substâncias tóxicas e cancerígenas, como formaldeído e acroleína – substância cancerígena liberada quando as gorduras são submetidas a altas temperaturas -, capazes de danificar os pulmões.

O pneumologista Marcelo Rabahi, também destaca os perigos por trás  dessa tendência emergente. De acordo com o especialista, por muito tempo, o vape foi considerado pelos fumantes como uma opção menos nociva à saúde em comparação com os cigarros convencionais, porém, esta não é uma verdade. Pelo contrário, o médico ressalta múltiplos fatores que contribuem para sua periculosidade.

Uma das principais preocupações do pneumologista, é com a rapidez que a nicotina é absorvida pelo organismo quando inalada por meio dos cigarros eletrônicos, uma vez que as partículas extremamente finas liberadas pelos dispositivos alcançam as regiões mais profundas dos pulmões, permitindo uma rápida entrada da substância no sistema circulatório e, consequentemente, no cérebro, causando rapidamente a dependência.

Além da dependência, há os danos diretos causados pelos componentes químicos presentes nos líquidos vaporizados e a alta temperatura durante o processo de vaporização pode causar lesões agudas nos tecidos pulmonares, aumentando o risco de doenças respiratórias graves, como bronquite e enfisema.

De acordo com o médico, tradicionalmente, estas são condições que se desenvolvem ao longo de décadas de exposição ao tabaco, porém, com o uso de cigarros eletrônicos, esses problemas de saúde estão agora emergindo em uma faixa etária muito mais jovem devido ao uso generalizado desses dispositivos entre os adolescentes.

Dia Mundial Sem Tabaco

Na tentativa de mobilizar a população internacional sobre os prejuízos do uso de cigarros, a Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza todos os anos, O Dia Mundial Sem Tabaco. A campanha acontece no dia 31 de maio.

Um relatório da OMS para 2024, mostra que, cerca de 1 em cada 5 adultos em todo o mundo consome tabaco, uma diminuição significativa em relação aos anos 2000, quando 1 em cada 3 adultos tinha o vício. O documento mostra ainda que 150 países estão tendo êxito na redução do consumo de tabaco. O Brasil está entre um deles, com uma redução relativa de 35% desde 2010. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que apenas este ano, surjam mais de 32 mil casos novos de câncer de pulmão no País, sendo 18 mil entre homens e 14 mil entre mulheres. De acordo com o Instituto, em 2022, 29 mil mortes foram provocadas pela doença.

Durante o processo de levantamento de dados, a Fundação do Câncer analisou dados de morbidade de 45.811 pacientes, sendo 25.568 homens e 20.243 mulheres, todos catalogados no Integrador de Registros Hospitalares de Câncer (IRHC) no período de 2016 a 2020. Além disso, foram avaliados pacientes com idades entre 39, 40 a 59 anos, e pessoas acima de 60 anos, com tumores malignos primários da traqueia, brônquios e pulmões, incluindo-se variáveis como faixa etária.

Porque deixar de fumar

Assim como a prática do tabagismo acarreta uma série de problemas à saúde dos fumantes, o ato de abandonar o cigarro traz inúmeros benefícios. O Ministério da Saúde (MS) lista uma série de benefícios que ocorrem no organismo da pessoa que deixa de fumar.

Em 20 minutos, a frequência cardíaca e pressão arterial caem; 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue cai ao normal; De 2 a 12 semanas, sua circulação melhora e sua função pulmonar aumenta; De 1 a 9 meses, a tosse e a falta de ar diminuem; 1 ano, seu risco de doença cardíaca coronária é cerca de metade do de um fumante.

O órgão destaca ainda que após cinco anos sem usar o cigarro, o risco de derrame do indivíduo é reduzido ao de um não fumante de 5 a 15 anos após parar de fumar. Após 10 anos sem a substância, o risco de câncer de pulmão cai para cerca da metade de um fumante e o risco de câncer de boca, garganta, esôfago, bexiga, colo do útero e pâncreas diminui. Depois de 15 anos sem tabaco, o risco de doença cardíaca coronária é o de um não fumante. 

Em relação àqueles que continuam fumando, as pessoas que deixam de usar o cigarro, também apresentam melhores expectativas de vida. Por volta dos 30 anos, o ganho é de quase 10 anos de expectativa de vida.

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