Médium João de Deus acumula 200 denúncias de abuso sexual

Após veiculação de depoimentos pela imprensa, órgãos formam uma força tarefa para as investigações e Casa poderá ser fechada

Postado em: 11-12-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Após veiculação de depoimentos pela imprensa, órgãos formam uma força tarefa para as investigações e Casa poderá ser fechada

Promotores e delegados cogitam que a Casa Dom Inácio de Loyola poderá ser fechada após todos os depoimentos serem recolhidos

Thiago Costa

A Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás (MP-GO) criarão forças-tarefas especiais para apurar as denúncias de abuso sexual envolvendo o médium João Teixeira de Faria, conhecido internacionalmente como João de Deus. Hoje (11) as denunciantes começam a ser ouvidas, para dar prosseguimento à investigação. De acordo com a promotora Gabriela Manssur, de São Paulo, mais de 200 casos chegaram ao conhecimento do Ministério Público.

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O Ministério Público goiano pretende atuar em conjunto com promotores de outras unidades da federação onde residam mulheres que afirmem ter sido vítimas de abusos sexuais supostamente cometidos pelo médium. O endereço eletrônico [email protected] faz parte da força-tarefa para receber as denúncias. 

Alguns processos contra o líder religioso que foram extintos por falta de provas serão avaliados. “Identificamos alguns processos. Conforme depoimentos forem coletados, poderemos reabrir os casos”, disse a coordenadora do Centro de Apoio Pperacional de Direitos Humanos, Patrícia Otoni.

Os novos casos serão investigados por quatro promotores e duas psicólogas. De acordo com o promotor Steve Gonçalves Vasconcelos, de Alexânia, cidade onde ocorrem os atendimentos realizados por João de Deus, o poder público precisa dos relatos das vitimas para instruir a investigação e para que a Justiça seja realizada. 

Em nota divulgada no sábado (8), a Federação Espírita Brasileira afirma que o espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Além disso, a entidade informa que “não recomenda a atividade individual de médiuns que atuem por conta própria” que, portanto, “não estão vinculados ao movimento espírita, nem seguindo sua orientação”.

Fechamento 

A Casa Dom Inácio de Loyola poderá ser fechada após todos os depoimentos terem sido recolhidos, cogita delegados e promotores que estão à frente do caso. As denúncias são de que o líder religioso teria abusado de mulheres em seções individuais de atendimento espiritual na casa erguida pelo próprio suspeito. 

“Só a força-tarefa poderá decidir” se a casa será fechada no decorrer das investigações, de acordo com a delegada responsável pela Coordenadoria de Comunicação da PC-GO, Marcella Orcyai. O promotor Luciano Miranda Meireles afirma que as medidas serão tomadas com cautela. “Enquanto não tivermos algo concreto, por cautela, não poderemos interditar o estabelecimento. Ainda de acordo com o promotor, um pedido desses, se for feito agora, poderá ser negado. “Tomaremos todas as providências, de forma célere, mas não atabalhoada” garante o promotor. 

Casos 

Antes do assunto se tornar nacionalmente conhecido pela imprensa, já existiam dois processos contra o médium de Abadiânia. Um deles, de 2016 já está em fase avançada. Há outro, de uma moradora de São Paulo. “Antes disso, o João já tem três processos no poder judiciário. Sendo que dois desses foram arquivados e no outro ele foi absolvido”, disse a responsável pela Coordenadoria de Comunicação da PC-GO,  Marcella Orcyai.

De acordo com a delegada, não há previsão para que o suspeito de ter cometido os crimes contra as mulheres seja ouvido pelas autoridades. Todos os novos casos se dão graças à veiculação nacional sobre o assunto e o Ministério Público deverá colher denúncias por todo o país, já que há a possibilidade do número de denúncias aumentar em todo o Brasil, pois pessoas não apenas do Brasil procuravam a casa para buscar respostas religiosas, mas de várias partes do mundo. A força tarefa ficará responsável por decidir quando o suspeito será ouvido. (com informações Agência Brasil)

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