Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Arrombamentos prejudicam comerciantes de todo Estado de Goiás

Apesar de uma pequena queda no número de furtos à estabelecimentos comerciais, empresários sofrem com prejuízos e buscam investir em melhorias na segurança

Postado em: 12-12-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Arrombamentos prejudicam comerciantes de todo Estado de Goiás
Apesar de uma pequena queda no número de furtos à estabelecimentos comerciais, empresários sofrem com prejuízos e buscam investir em melhorias na segurança

Gabriel Araújo*

Neste ano ocorreram 2311 furtos a estabelecimentos comerciais em todo o Estado, o que representa perdas significativas para o comércio local. Somente Goiânia conta com 28,2% dos crimes desta categoria cometidos no Estado, com 637 ocorrências registradas no painel de ocorrências da Secretaria de Segurança Pública estadual (SSP-GO).

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Empresários reclamam da falta de segurança no período noturno, quando boa parte dos crimes ocorre. Segundo os dados da SSP-GO, 55% dos furtos são constatados durante as terças, quartas e quintas-feiras, sendo que 642 ocorrências foram registradas no período entre a zero e 6 horas da manhã.

De acordo com o empresário goianiense Evandro Duarte, a sensação de encontrar sua loja arrombada é uma das piores coisas que já viveu. “Foi a pior sensação que já tive. Você chega para trabalhar e vê sua loja toda quebrada, bagunçada, por pouca coisa”, conta.

O poder público não consegue conter a onda de criminalidade que vem se espalhado por todo o território e, com isso, muitos comerciantes buscam formas privadas de garantir uma melhora na segurança. “Não só eu fui roubado, mas todo mundo aqui na rua também. Só essa semana já entraram e roubaram dois botijões de gás aqui na frente. A sensação é que a gente fica preso na loja”, lembra.

De acordo com Duarte, a loja não tinha nem três meses quando entraram e levaram a televisão. “Todo mundo conhece quem foi. Esse pessoal já tem fama que entra nas lojas. Depois disso eu tive de colocar a grade dentro da loja para dificultar a entrada e colocar câmeras de segurança, mas isso não significa muita coisa porque eles entram de qualquer forma”, completou

Para o especialista em segurança Ivan Hermano Filho, a ação criminosa deve ser coagida de todas as formas, seja com investimentos em segurança privada ou operações dos órgãos de segurança pública. “O número de ocorrência tem aumentado muito devido aos usuários de entorpecentes que precisam trocar os produtos roubados por drogas. Eles acabam buscando locais em que a entrada e saída possa ocorrer de forma rápida, então evitam locais que possuem sistemas de alarme porque sabem que são locais mais complicados”, afirma.

Ainda de acordo com o comerciante, são crimes que ocorrem constantemente, tanto que o número de pedidos de equipamentos de segurança subiu 25% na região. “Como eles precisam de entorpecentes constantemente, acabam cometendo os crimes mais de uma vez e criando um ciclo vicioso. Percebemos um aumento na procura principalmente por causa dessa época, as residências ficam vazias devido às comemorações de fim de ano e acabam precisando de segurança extra”, conta.

Escolas

Além de estabelecimentos comerciais, as escolas públicas não fogem do alto risco de furto. No último dia 29, uma escola municipal foi invadida e furtada pela 5ª vez em 2018. A Escola Municipal Recanto do Bosque, localizada na região de mesmo nome tem 900 alunos e já perdeu três aparelhos de TV e sofreu uma tentativa de incêndio criminoso em que as cortinas das salas de aula e da sala da coordenação foram destruídas.

A população afirmou que a segurança funcionava melhor até 2011, quando a Guarda Civil Metropolitana deixou de atuar na instituição nos períodos diurno e noturno. O órgão afirmou, por meio de nota, que vai intensificar o patrulhamento e que já solicitou à Secretaria Municipal de Educação a instalação de sistemas eletrônicos de alarmes.

Além da Escola Municipal Recanto do Bosque, outra instituição, a Escola Municipal Osterno Potenciano e Silva, localizada no setor Castelo Branco, foi invadida por vândalos na noite de quarta-feira (28). Armários foram arrombados, e os ladrões levaram dinheiro da escola, destruíram cadeiras, portas, janelas, trabalhos escolares dos alunos e até documentos.

Agências bancárias são principais alvos de bandidos  

Os furtos em agências bancárias são comuns no Estado, principalmente em regiões afastadas dos grandes onde as agências de segurança não contam com equipamentos e treinamentos adequados. 

Há cerca de duas semanas, o Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar prendeu duas pessoas acusadas de arrombar uma agência bancária na cidade de Chapadão do Céu, a 493 km da Capital. Na época, foram recuperadas duas armas de fogo, talões de cheque, documentos diversos e equipamentos utilizados no roubo. 

Conforme informado pela PM, o roubo da agência do Banco do Brasil aconteceu na madrugada do dia 19 de novembro, quando os ladrões entraram pelo telhado, quebram uma parede e arrombaram o cofre.

Além disso, no último mês de março, uma ação conjunta da PM e Polícia Civl desarticulou um grupo especializado em roubo a bancos no Estado. Na época, a operação conseguiu impedir que o grupo cometessem o crime em uma agência em Carmo do Rio Verde, região central de Goiás.

As investigações constataram que o planejamento das ações e o comando das operações eram realizados de dentro de presídios estaduais. “Um deles está no presídio de Anápolis e outro na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (Pog), em Goiânia. Eles escolhiam os bancos que seriam alvos, organizam as equipes e aprovavam as ações. Vamos pedir novamente a prisão deles e pedir a transferência para o Núcleo de custódia, onde ficam os presos mais perigosos”, disse o delegado responsável na pelo caso, Samuel Pereira.

Em julho, uma operação comandada pela Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) identificou uma quadrilha fortemente armada que se preparava para um assalto a banco neste domingo na zona rural de Três Ranchos, a 300 km de Goiânia. 

Na época, uma troca de tiros entre a polícia e criminosos resultou na morte de sete integrantes da quadrilha. Outros quatro suspeitos conseguiram fugir do local. O Corpo de Bombeiros afirmou que os criminosos foram levados para a Santa Casa de Misericórdia em Catalão, a 40 km de Três Ranchos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram antes de chegar ao hospital.

Outro caso ocorreu na Capital, quando uma agência bancária localizada entre as avenidas Marechal Rondon e Bernardo Sayão, no Setor Fama, em Goiânia, foi alvo de bandidos durante a manhã de uma terça-feira. Durante o fato, ocorrido em maio, a polícia chegou ao local pouco antes das 11h da manhã, mas os criminosos já haviam fugido. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).  

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