MP investiga possíveis irregularidades na saúde de Goiânia 

A SMS afirmou que nas informações que foram solicitadas e repassadas ao MP, ficou comprovado que o fluxo de pacientes nas unidades de urgência segue normal.

Postado em: 30-05-2024 às 12h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: MP investiga possíveis irregularidades na saúde de Goiânia 
Vereadora Kátia Maria fiscaliza unidades de saúde e pressiona gestão municipal | Foto: Reprodução

A ação do Ministério Público (MP-GO) que investiga supostas irregularidades na gestão da rede pré-hospitalar de urgência e emergência de Goiânia, recolheu documentos das unidades de saúde para análise. Ao ser questionado sobre a operação, o MP disse à reportagem do jornal O HOJE, que o processo segue em segredo de justiça e por isso não pode dar mais detalhes sobre o caso. Disse ainda que as informações divulgadas pela imprensa nesta terça-feira, 28, onde o órgão é citado como fonte, não são oficiais.

Em entrevista exclusiva ao jornal O HOJE, o secretário de saúde da capital, Wilson Polara, ao comentar o assunto, informou que não houve uma busca e apreensão, propriamente dita, porém, o órgão recolheu documentos utilizados para fazer as transferências hospitalares, a fim de ter esclarecimentos sobre a gestão da rede hospitalar. “O que eles queriam era uma explicação sobre  o fluxo de pacientes nos hospitais, desde a solicitação de vagas até a sua internação”, esclarece o secretário.

Porque eu já tinha feito uma reunião com eles e tinha explicado como é que funciona, mas eles quiseram ver em loco. Aí eles foram não só aqui na nossa regulação, como em todas as unidades de emergência para ver o que que acontece.

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Wilson destaca também que anteriormente à busca e apreensão de documentos nos hospitais, houve uma reunião entre a  Secretaria Municipal de Saúde (SMS)  e o MP, para esclarecimento de dúvidas e explicação dos trâmites nas transferências de pacientes entre as unidades, além de detalhamento sobre a quantidade de leitos disponíveis no município.

Ao falar sobre a quantidade de leitos que o município oferece, o secretário salientou que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza que os primeiros leitos a serem oferecidos precisam ser da prefeitura. A prefeitura, por sua vez, só possui leitos disponíveis  nas três maternidades, que são: Dona Íris, Célia Câmara e Nascer Cidadão.

Na tentativa de expandir o atendimento, a gestão faz alterações na maternidade Célia Câmara, que será transformada no Hospital da Mulher. “O objetivo é que ele possa oferecer leitos além de maternidade, inclusive leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e de cirurgias”.

Após lotar os leitos disponíveis no município, a saúde passa a ocupar os espaços filantrópicos, que estão disponíveis na Santa Casa, Hospital Araújo Jorge, a Fundação Bancos de Olhos (Fubog). Além desses, têm os leitos federais, disponíveis no Hospital das Clínicas. Wilson explica que, quando todos esses leitos são ocupados, a gestão contrata novos leitos privados.

Em nota enviada ao jornal O Hoje, a SMS afirmou que nas informações que foram solicitadas e repassadas ao Ministério Público, ficou comprovado que o fluxo de pacientes nas unidades de urgência segue normal. “Em nenhum momento foi feita referência a má gestão, mas sim ao fluxo de pacientes nas unidades pré-hospitalares”, diz um trecho da nota. 

A pasta esclareceu, ainda, que a prioridade de internações em unidades de saúde filantrópicas, como prevê o SUS e, também, nas privadas que trabalham pela tabela da rede pública, são medidas que têm o objetivo de assegurar a correta aplicação dos recursos públicos, tendo como base o critério da economicidade, princípio irrevogável da atual gestão.

Com o recuo dos casos de dengue, a disponibilidade por leitos tem apresentado melhoras, de acordo com a SMS. Para atender a demanda, o município contratou mais 20 leitos e está contratando outros 20 junto a hospitais da rede. Por fim, a secretaria disse que segue de portas abertas para quaisquer esclarecimentos e reafirma que não há desassistência hospitalar em razão da modernização da gestão.

O secretário lembrou ainda que nos primeiros meses do ano, as unidades de saúde como as UPAs, CIAMs e CAIS, ficaram com superlotação devido à incidência de dengue, gripe e doenças respiratórias. “Nós tivemos cem mil consultas a mais de dengue em três meses. Isso nos atendimentos de urgência. Por isso que houve um acúmulo de espera para o atendimento de consultas”, afirma.

Vereadora Kátia apresenta relatório de saúde ao Cremego

Na última sexta-feira, 17, a vereadora Kátia (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal e que desde o início do seu mandato faz sérias críticas à gestão de Rogério Cruz, em relação à saúde, apresentou ao Conselho Regional de Medicina (Cremego) um relatório das visitas que realizou em sete unidades de saúde de Goiânia.

De acordo com a vereadora, o secretário de saúde do município não compareceu à reunião que ocorreu no último dia 20, com a presença da diretoria do Cremego e de membros do Conselho Municipal de Saúde, Sindicato dos Médicos, Sindicatos dos Enfermeiros, SAMU e outras entidades da saúde. 

Segundo a vereadora, a expectativa era que o secretário participasse do evento para apresentar soluções para problemas como o desmantelamento do Samu, a superlotação das unidades, a falta de insumos e de médicos especialistas, além da precariedade da estrutura física e a substituição do credenciamento de médicos pela contratação via empresas.

“Nós estamos falando já há algum tempo a precariedade do atendimento da saúde, na prestação de conta nós cobramos ao secretário Wilson Polara, infelizmente as medidas não têm sido tomadas”, afirma Kátia, ao destacar que, os órgãos estão fazendo um esforço coletivo para que haja uma iniciativa por parte da gestão.“A Secretaria de Saúde terá que tomar uma iniciativa porque saúde a gente não brinca e nós temos aí uma epidemia de dengue na cidade que está suja, cheia de lixo, e isso colabora para ampliar os casos e as unidades precisam estar preparadas para atender a população”, finaliza. (Especial para O Hoje)

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