Descubra os segredos da tireoide e como ela pode afetar sua saúde

Estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida

Postado em: 03-06-2024 às 08h15
Por: Ronilma Pinheiro
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Apenas 5% dos tumores na tireoide são malignos, afirma especialista | Foto: Reprodução

Josicleide do Nascimento, 36, vive uma batalha contra problemas na tireoide desde os 18 anos. Em 2006, ela percebeu um nódulo inflamado em sua garganta, alertada por uma amiga da família. Inicialmente pequeno, o nódulo começou a crescer, trazendo consigo vários sintomas que tornaram difícil a sua vida .

“Eu tive enfraquecimento das unhas e cabelo, e minha menstruação ficou desregulada,” lembra Josicleide. “Quando fiz exames, descobri que tinha dois nódulos, um do lado direito e um do lado esquerdo.”

Os sintomas não pararam por aí. A queda de cabelo se intensificou e Josicleide encontrou dificuldades para emagrecer. “Como o meu problema é hormonal, tenho que fazer exames regularmente para monitorar os níveis de hormônios,” explica. “Este ano mesmo, estou planejando fazer novos exames”, continua.

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Após consulta médica, foi prescrito que Josicleide tomasse levotiroxina (T4) de 100 microgramas diariamente. “Disseram que eu teria que tomar esse remédio pelo resto da vida, mesmo se fizesse a cirurgia,” conta, ao lembrar que a doença afeta os ossos, causando falta de cálcio e outros problemas de saúde.

A boa notícia veio quando novos exames mostraram que os tumores eram benignos e não malignos. “Felizmente, eram benignos, mas ainda precisava da cirurgia”, lembra. A mulher que fazia acompanhamento médico por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), precisou contratar os serviços de um plano de saúde para então, conseguir fazer a cirurgia de remoção dos nódulos.

“A cirurgia foi rápida. Quinze dias após marcar, já estava operada,” lembra. “Apesar de ser uma cirurgia que perde muito sangue, graças a Deus não tive mais problemas com os nódulos”, comemora.”A tireoide ainda traz muitos desafios, mas estou muito melhor”, conclui.

Tainara Emília, endocrinologista, explica que a tireoide é uma glândula localizada na parte anterior do pescoço, que apresenta o formato de borboleta e desempenha funções em todos os sistemas do nosso corpo, atuando em nosso metabolismo.

A glândula é responsável pela produção dos hormônios tireoideanos: T3 – triiodotironina e o T4 -tiroxina. “Quando a tireoide não funciona de maneira correta, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente, causando o hipotireoidismo, ou em excesso, ocasionando o hipertireoidismo”, explica a médica.

A endocrinologista afirma que as disfunções na tireoide podem acontecer em qualquer etapa da vida e são de simples diagnósticos, que podem ser feitos através da biópsia. 

No caso das crianças e adolescentes, a tireoide desempenha funções no crescimento e desenvolvimento. De modo geral, ela interfere no peso, na memória, na regulação dos ciclos menstruais e, no caso das mulheres, na fertilidade, na concentração, no humor e no controle emocional.

De acordo com a especialista, estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida. Mas isso não significa que sejam malignos. Apenas 5% são cancerosos.

É importante destacar que nem todos os nódulos necessitam de cirurgia. “A retirada dos nódulos, ou até mesmo da glândula, seja de forma total ou parcialmente, está indicada nos casos de malignidade. No caso da Josicleide, a cirurgia foi feita para remover apenas o nódulo, não houve retirada da glândula.”

“Quando há disfunção da glândula, seja por produção insuficiente ou excessiva, tratamentos específicos são necessários para reposição ou bloqueio hormonal, a fim de atingir um equilíbrio na função tireoidiana”, detalha. Dentre os fatores de risco para o câncer de tireoide, vale ressaltar o histórico familiar da doença e a exposição à radiação.

A fim de conscientizar a população sobre a importância de ficar atento ao funcionamento da tireoide, o Ministério da Saúde alerta para o fato de que o funcionamento inadequado dessa glândula altera a função de vários órgãos vitais.

Tanto que em 2008, a Federação Internacional de Tireoide lançou e estabeleceu, o dia 25 de maio, como sua data comemorativa internacionalmente, com o objetivo de conscientizar a população sobre os problemas da tireoide e seus desafios.

Quando se produz menos

De acordo com o órgão, quando a tireoide não está funcionando normalmente, ela pode provocar um descontrole hormonal, podendo fazer com que o corpo produza mais ou menos hormônio. Assim, quando a produção é insuficiente, temos o hipotireoidismo, e todo o organismo começa a funcionar lentamente: coração mais devagar, metabolismo mais lento, aumento de peso, constipação intestinal, pele seca, sonolência, falta de concentração e memória, cansaço e às vezes depressão, além de outras alterações.

Quando ocorre o contrário e há uma maior produção hormonal, se instala o hipertireoidismo, e todo o organismo se torna mais acelerado. O coração aumenta o número de batimentos podendo apresentar arritmias graves, aumento do número de defecações, pele úmida, calor e suor, irritabilidade, mau humor, insônia, e tremores. Além disso, o paciente pode se sentir muito forte e ao mesmo tempo cansado, perder peso e, dependendo do fator causal, pode demonstrar um aumento dos olhos. De acordo com o Ministério da Saúde, tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo podem causar aumento do volume da tireoide, chamado de bócio.

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