Queda no preço da carne faz goianos voltarem aos açougues

Preço da carne bovina no início do ano de 2024 atingiu menor valor nos últimos dois anos

Postado em: 04-06-2024 às 07h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Queda no preço da carne faz goianos voltarem aos açougues
Açougue na região central de Goiânia com preços da carne bovina na oferta | Foto: Leandro Braz/O HOJE

Pelo quarto mês seguido neste ano de 2024, o preço da carne sofreu uma queda se comparado aos valores encontrados no ano de 2023 durante o mesmo período. Para os compradores isso significa compras mais acentuadas em açougues no Estado. Como diz a dona de casa Maria de Lourdes Silva, ao jornal O HOJE, pode retornar com mais frequência nos açougues com a redução no preço. “Essa redução dos preços me fez adotar o sistema de comprar carnes da promoção para a dieta semanal novamente. Isso faz toda a diferença na nossa alimentação e no orçamento de quem assim como eu é aposentado”.

Vale lembrar que essa oportunidade na redução do preço atinge toda a sociedade, uma vez que a carne bovina é presente na dieta do brasileiro. Como exemplo, a estudante universitária Laura Mendes também notou a diferença no seu dia a dia. “Com a queda de preços, posso comprar carne de novo e ter uma alimentação mais completa e balanceada. Isso me ajuda a manter a energia e a concentração nos estudos”, relata.

De acordo com informações da pasta, o valor médio do preço da carne bovina por arroba foi o que sofreu a maior queda para valores inferiores aos encontrados nos anos de 2022 e 2023 no mesmo período. Em março, por exemplo, o valor da proteína fechou com R$ 233,13 por arroba da carne, uma queda de 2,5% se comparado com o período anterior. 

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Enquanto isso, o valor médio por arroba da carne suína ficou com valores abaixo do encontrado no ano de 2023, contudo acima do ano de 2022, durante o primeiro trimestre de 2024. Sobre isso, o valor do produto fechou o mês de março com R$ 6,66 por quilo da carne suína, um aumento de 0,7% se comparado com o mês anterior.

Essa redução no preço das duas proteínas também foi observada a nível nacional de acordo com a pesquisa mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a instituição, entre os meses de janeiro a março de 2024 houve uma queda percentual de -1,43% do IPCA no ano de 2024. Esta redução no preço foi acompanhada com o aumento nacional dos abates de animais se comparado com o primeiro trimestre de 2023. 

Conforme diz a pesquisa, no primeiro trimestre de 2024 9.236.818 animais foram abatidos a nível nacional para a produção de carne bovina, em comparação, no primeiro trimestre de 2023 houve 7.314.593 animais abatidos. Para Paula Coelho, Chefe de Gabinete da Seapa, esse aumento do abate e a diminuição do preço é algo esperado e relacionado com o ciclo da pecuária. “Quando analisamos o ciclo da pecuária, percebemos que estamos atualmente na fase de baixa do mercado de bois. No entanto, é importante ressaltar que a situação é mais favorável do que no ano anterior, com uma diminuição na produção de bezerros. Essa redução na oferta tem gerado um aumento nos preços dos bezerros”, afirma.

Esse ciclo da pecuária é um cronograma usado por pecuaristas para se prepararem acerca do mercado que é regido por fatores como a disponibilidade de matrizes (fêmeas), de bezerros, da reprodução e da cotação no mercado. Todos estes fatores aumentam e reduzem a oferta da carne no mercado interno e externo, excluindo fatores que podem levar a uma maior mortalidade de bovinos. Como exemplo dessa conectividade do mercado, cita que esse aumento no abate de animais também foi impulsionado pelo aumento da venda de fêmeas para os frigoríficos. 

Vale lembrar também que Goiás possui o 3º maior rebanho de bois e vacas do País com 24,4 milhões de animais na agropecuária por uma pesquisa do IBGE no ano de 2023. Além disso, no ano de 2023 o estado abateu 3,5 milhões de cabeças de gado, um crescimento de 17,8% se comparado ao ano de 2022. Por causa disso, foi responsável por cerca de 10% da produção nacional de carne animal. Para a Paula, este aumento no abate foi importante na consolidação do Estado como um importante membro da cadeia produtiva.

Como diz, muito da carne goiana é exportada para o mercado internacional, sobretudo, para a China 51,2% das compras, tornando Goiás o 3º maior exportador do produto. Somente entre os meses de janeiro a fevereiro, houve o faturamento de US$ 238,1 milhões com mais de 54,5 mil toneladas, principalmente da carne congelada.

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