Inteligência Artificial transforma prevenção de doenças cardiovasculares no SUS

Com o auxílio da ferramenta, pacientes com mais de 60% de chances de desenvolver condições como o AVC ou infarto são identificados antes dos sintomas se manifestarem

Postado em: 07-06-2024 às 07h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Inteligência Artificial transforma prevenção de doenças cardiovasculares no SUS
Por meio da IA, mais de 7 mil pessoas foram identificadas com algum nível de risco cardiovascular | Foto: Divulgação/SMS Goiânia

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia deu um passo revolucionário na prevenção de doenças cardiovasculares, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto, ao adotar uma tecnologia de Inteligência Artificial (IA) que utiliza um banco de dados abrangente contido nos cadastros individuais e domiciliares dos moradores.

Cynara Mathias, Superintendente de Gestão de Redes de Atenção da SMS, explica que a IA faz uso desses dados para identificar padrões e cruzar informações fornecidas pelos usuários. “Por meio desse banco de dados, a tecnologia classifica os pacientes como de alto, médio ou baixo risco de desenvolver doenças cardiovasculares graves, como infarto agudo do miocárdio e AVC”, detalha Mathias.

Uma das estratégias adotadas pela SMS é garantir que os pacientes identificados como de alto risco sejam atendidos com maior frequência nas unidades de saúde do município. Além disso, a SMS busca encurtar o caminho para esses pacientes, incentivando a adoção de novos hábitos saudáveis. “Usuários identificados como fumantes, por exemplo, são incentivados a participar de grupos de tabagismo e a realizar consultas mais frequentes”, comenta a superintendente.

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Quanto ao preenchimento dos cadastros, Mathias esclareceu que o cadastro individual é preenchido principalmente pelos agentes comunitários de saúde, enquanto o cadastro domiciliar é preenchido pelos profissionais de saúde nas próprias unidades de atendimento médico. “Esses cadastros são fundamentais para alimentar a inteligência artificial e garantir uma abordagem personalizada para cada paciente”, acrescenta.

A aquisição dessa ferramenta foi possível por meio de parcerias, tanto público-privadas quanto com iniciativas governamentais. “Essa tecnologia não apenas identifica pacientes em risco, mas também alerta as equipes de saúde sobre a necessidade de cuidados específicos, como o acompanhamento do pré-natal”, destaca Mathias.

A implementação dessa tecnologia promete revolucionar a forma como a saúde cardiovascular é abordada em Goiânia, oferecendo uma abordagem mais preventiva e personalizada para os pacientes, além de otimizar o uso dos recursos de saúde pública.

Cynara fala ainda sobre como a ferramenta está sendo implementada e seus impactos na comunidade. “Esta ferramenta vai além do simples registro de pacientes. Ela é uma ferramenta de tomada de decisão baseada em dados”, afirma. “Ao identificar padrões e tendências nos dados coletados, podemos antecipar as necessidades de saúde da população e oferecer intervenções preventivas mais eficazes”, acrescenta a superintendente.

Um dos aspectos mais importantes dessa abordagem é a ênfase na visita domiciliar por parte dos agentes comunitários de saúde. Segundo Mathias, esses profissionais desempenham um papel fundamental na coleta de informações atualizadas sobre as condições de vida e saúde das famílias. Além disso, eles fornecem orientações personalizadas e promovem hábitos saudáveis dentro da comunidade.

A superintendente destaca a importância do cadastro domiciliar anual como base para essa abordagem. “Cada família é cadastrada uma vez por ano, mas os agentes comunitários visitam essas famílias regularmente para manter os registros atualizados”, explica. “Essa abordagem nos permite acompanhar de perto as mudanças na saúde e no estilo de vida das pessoas, e agir rapidamente quando necessário.”

Sistema ajuda na redução de custos da saúde pública

Um dos aspectos mais inovadores da ferramenta é sua capacidade de fornecer recomendações personalizadas com base nas informações coletadas. “Por exemplo, se uma mulher que antes não estava grávida agora está, o sistema automaticamente sugere consultas de pré-natal e acompanhamento médico adequado”, destaca Mathias, ao afirmar que isso garante que nenhum paciente seja deixado para trás e que todos recebam o cuidado necessário para manter sua saúde em dia.

A implementação dessa abordagem está em andamento em várias regiões de Goiânia, com resultados promissores até o momento, segundo a superintendente. “Estamos focando nossos esforços nas áreas mais vulneráveis da cidade, onde o acesso à saúde pode ser mais limitado”, afirma. “Embora ainda haja desafios a serem superados, estamos otimistas em relação ao impacto positivo que essa abordagem terá na saúde da comunidade.”

Inicialmente, a iniciativa foi implementada no Distrito Sanitário Oeste da capital e já demonstrou resultados promissores, segundo a pasta. Por meio da análise de prontuários, mais de 7 mil pessoas foram identificadas com algum nível de risco cardiovascular. Dentre esses, 546 pacientes foram classificados como de alto risco, recebendo prioridade no acesso aos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).

Dados da SMS mostram que com o auxílio da ferramenta, a Saúde está identificando pacientes com mais de 60% de chances de desenvolver condições como o AVC ou infarto, antes mesmo dos sintomas se manifestarem, o que permite intervenções preventivas no momento certo.

Wilson Polara, titular da SMS, avalia que os custos desse sistema preventivo são consideravelmente menores para os cofres públicos, uma vez que, ao tratar os pacientes com medidas clínicas antes de um eventual infarto, os procedimentos cirúrgicos podem ser evitados.

Pollara acredita ainda que essa iniciativa terá um impacto positivo no atendimento da rede de saúde, aliviando sua sobrecarga. “Os pacientes serão tratados de maneira mais simples nas unidades básicas, que possuem uma capacidade de atendimento significativamente maior”, finaliza.

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