Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Goiás aposta em reforço do bioinsumo para resposta da agricultura sustentável

Além do incentivo da produção, governo prevê a implantação de 10 biofábricas do produto

Postado em: 08-06-2024 às 05h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás aposta em reforço do bioinsumo para resposta da agricultura sustentável
Pesquisa de bioinsumos é incentivada em Goiás pelo plano estadual | Foto: Divulgação/Mapa

Os bioinsumos estão cada vez mais se consolidando como uma resposta a três problemas na agricultura de Goiás: a sustentabilidade, a rentabilidade e a independência da agricultura goiana. Como diz o titular da Secretaria Estadual da Agropecuária e Abastecimento (Seapa) ao jornal O HOJE, Goiás é o pioneiro em pesquisa e produção de bioinsumos. Sobre isso, em 2021, Goiás foi o primeiro estado a aderir um Plano Estadual de Bioinsumo a fim de fomentar o desenvolvimento e o uso do produto na agricultura goiana. 

Os insumos da agricultura são produtos usados para combater pragas, promover o crescimento da planta, ou para reforçar os nutrientes de uma determinada plantação. Usualmente estes produtos são composto químicos que afetam diretamente na produção, contudo, também podem ter uma carga tóxica que pode afetar a fauna e a flora local além de alguns desses itens representarem um risco de saúde com o contato direto.  

Contudo, quase todos estes compostos químicos usados em Goiás não são de produção nacional e sim importados. Como diz o Pedro, essa dependência do mercado externo gera uma instabilidade no preço do composto já que fatores geopolíticos podem elevar o preço. Como exemplo, cita que a Ucrânia é o principal exportador dos insumos para o Brasil, contudo, a invasão da Rússia em seu território no ano de 2022 e a subsequente guerra trouxe um aumento no preço dos compostos. Com uma produção goiana, o Estado ficaria livre da dependência e causaria um aumento na rentabilidade da produção agrícola. 

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Os incentivos da produção dos bioinsumos em Goiás resolveria parte destes três problemas mencionados, como diz o titular. Desde a promulgação do plano estadual, conta como os bioinsumos tiveram uma maior parcela no uso agrícola, contudo, planejam maiores investimentos na área. De início, comenta como o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) já disponibiliza linhas de créditos exclusivas para produtores que adotam medidas sustentáveis.

De acordo com ele, produtores que decidirem usar estes bioinsumos em troca dos compostos químicos podem ser elegíveis a esta linha de crédito. “Os empréstimos do FCO podem dar benefícios aos produtores que decidirem fazer o uso de bioinsumos como taxas de juros reduzidas e período de carência ampliado”, reforça o titular.

Para o futuro, relata como já existem projetos de implementação de biofábricas dos insumos em pontos estratégicos de Goiás. Ao todo, as 10 unidades serão destinadas para a pesquisa a fim de testes de validação para o aumento na produção estadual. Ainda sobre isso, fala como este esforço na pesquisa só é possível com instituições parceiras como a Universidade Estadual de Goiás (UEG), Universidade Federal de Goiás (UFG), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater).

Contudo, para os esforços é necessário um entendimento da atual cadeia produtiva em Goiás, desde as empresas produtoras ao produtor rural. Sobre isso, a Embrapa faz um levantamento para coletar dados sobre essa área, como diz o pesquisador socioeconômico Alcido Wander ao jornal O HOJE. É estimado que os produtos cadastrados e disponíveis no mercado atinjam mais de mil marcas, como Alcido fala, já estão disponíveis mais de 600 bioinsumos para o controle biológico. 

De acordo com ele, o projeto visa um maior entendimento da atual capacidade produtiva do produto. “Nós começamos o levantamento no final de 2023 para determinar quais bioinsumos estão em produção e quais estão em uso pelos produtores. Mas também coletamos dados sobre as necessidades e as dificuldades que os agricultores têm atualmente em implantar os bioinsumos”, afirma Alcido.

Além disso, afirma como é pesquisado formas que os produtores rurais podem fazer para multiplicar os bioinsumos e manter um estoque do produto. Em casos como o uso de um fungo como insumo, o produtor pode fazer uma colônia sustentável para uso futuro do material. A divulgação desta prática de cultivo chamada “On Farm” (Na Fazenda) vai ser ensinada mais a fundo nos próximos meses em eventos científicos divulgados pela Seapa junto às entidades parceiras.

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