Crescem números de tentativas de golpes digitais no Brasil

A empresa ClearSale, especialista em inteligência de dados para a prevenção de crimes digitais, registrou 80 mil tentativas de fraudes  de janeiro a 31 de março de 2024, embora os números sejam altos eles representam uma redução de 23,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em valores, as tentativas de golpe no trimestre representam R$766,3 milhões. 

O balanço analisou 63,7 milhões de pedidos e aponta que o valor do ticket médio das tentativas foi RS 948,64, aumento de 0,3% frente a 2023. Para o levantamento, a empresa considerou apenas pagamentos via cartão de crédito no setor de e-commerce. São consideradas tentativas de fraude todas as transações que foram classificadas como suspeitas ou confirmadas.

Eduardo Mônaco, CEO da ClearSale, explicou que embora  número de tentativas de golpe tenha diminuído em relação ao ano passado o ticket médio teve aumento, o que significa que que os cibercriminosos estão adotando medidas como a revenda em mercados ilegais e que as empresas precisam adotar medidas de segurança. 

“Embora o número de tentativas de fraude tenha diminuído em comparação com o ano anterior, o ticket médio aumentou. Isso indica não apenas que golpistas estão focando em produtos que tem valor agregado alto, e que tem facilidade em revender nos mercados ilegais, mas acende um alerta para as empresas que precisam continuar vigilantes e adotar medidas de segurança mais robustas”, comentou

O mês de janeiro marcou a maior concentração de tentativas de golpes, registrando uma ocorrência de 284,6 mil reais e o ticket médio no valor de R$954,82. Março registrou 270,2 mil tentativas com um ticket médio de R$957,70. Já fevereiro teve 252,9 mil tentativas, com um ticket médio de R$932,01. No trimestre, as quartas-feiras registraram o maior número de pedidos e tentativas de fraude, sendo que o maior percentual dessas tentativas ocorreu entre 0h e 5h.

A liderança com o maior índice de fraudes ficou com a região Nordeste com 1,4% e um ticket médio de tentativas de fraude de R$1.021,82. As regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte empataram 1,3%, apresentando tickets médios de R$1.023,52, R$934,60 e R$924,89, respectivamente. A região Sul registrou a menor taxa (0,8%) e um ticket médio de R$984,91.

As categorias de produtos com maior percentual de tentativas de fraude foi games (10,7%), com ticket médio de R$ 806, eletrônicos, considerando TV e monitor (4,8%), com R$ 2.597, e geladeira e freezer (4,1%), com R$ 3.550; logo após, celulares (3,7%), representando R$ 2.756, e produtos de beleza (2,2%), apresentando R$ 412.

O estudo mostra que o público masculino teve o maior percentual de tentativas de fraudes, sendo 1,7%, enquanto o público feminino representa 1,0%. Em relação à faixa etária, pessoas de até 25 anos foram as que mais sofreram tentativas (1,9%), seguido pelo grupo de pessoas acima de 51 anos (1,6%) e pessoas que têm entre 26 e 35 anos (1,2%).

O especialista em segurança cibernética, Tiago Sabino explicou que os números de golpes são expressivos porque os brasileiros não acreditam que vão ser vítimas de golpes digitais. Ele contou que o principal é o Fishing, que são e-mails em massa enviados se passando por uma outra instituição mostrando um item que está em oferta custando 20% do seu preço. Outra prática bem comum nesse tipo de golpe é falar que a pessoa foi a milésima cliente a visitar um site e ganhar um iPhone mas tem só 5 minutos para resgatar

Tiago Sabino também expôs que outra estratégia adotada pelos criminosos é o uso de disparos de envio de sms e Bots que fazem conversas no WhatsApp para enviar esses links esperando que algumas pessoas caiam nesse Fishing. “Nessa pescaria e acaba ali acessando aquela página falsa e submetendo a informação.

Em segundo lugar estão as fraudes de cartão de crédito que usam dados de cartão roubado. Às vezes o usuário até fez uma compra uma loja verdadeira. Mas aquela loja era uma loja pequena e teve a sua base de dados vazada e acaba tendo esses dados  comprometidos

O terceiro tipo de golpe mais aplicado segundo o especialista, surgem por exemplo são os roubos de identidade, ele pontuou que as pessoas postam muitas informações pessoais às vezes informações relevantes e os bandidos conseguem às vezes abrir uma conta no banco digital inteiramente com informações postadas pelas próprias vítimas.

“Então hoje em dia as pessoas gostam de postar tudo que faz onde que comer que horas que tá em casa a sua rotina e às vezes até a percebida posta ali um dado de CPF de RG e com poucas informações e uma foto né que já está disponível ali no WhatsApp uma rede social os bandidos conseguem ali abrir uma conta e um banco digital e se a pessoa tem um um bom score de cara já é liberado ali um cheque especial, um empréstimo, um cartão de crédito e aqueles bandidos passam a ter aí o controle dessa conta.”

Quanto às formas para se proteger de crimes cibernéticos, Tiago Sabino destacou que o principal ponto é sempre desconfiar de eletrodomésticos e produtos que estejam muito abaixo da média de mercado, de ofertas de empregos em que a pessoa vai trabalhar poucas horas e ter um salário muito elevado também fora do mercado.

Ele informou também que é sempre importante conferir informações em outros sites que são sites de confiança, sites verdadeiros e que isso diminui bastante a possibilidade de ser uma vítima.

Outro fator importante é sempre manter os dispositivos eletrônicos atualizados e se possível com um software de antivírus ajuda a limpar e identificar algum software mal intencionado, algum arquivo que esteja tentando vazar alguma informação para alguma pessoa e bloquear esse tipo de informação. Ter autenticação em duas etapas em redes sociais, cartões.