Esteatose Hepática: epidemia silenciosa que demanda atenção global

Apesar de sua alta incidência, a doença permanece em grande parte subdiagnosticada e subtratada

Postado em: 14-06-2024 às 04h00
Por: Ronilma Pinheiro
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Essa condição é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado, ultrapassando 5% de sua massa total (Foto: reprodução)

A esteatose hepática, conhecida como “gordura no fígado”, é uma condição de saúde cada vez mais prevalente, mas frequentemente subestimada e pouco compreendida pela população em geral. Apesar de sua alta incidência, estimada em afetar cerca de 3 em cada 10 pessoas em todo o mundo, a esteatose hepática metabólica permanece em grande parte subdiagnosticada e subtratada.

Essa condição é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado, ultrapassando 5% de sua massa total. O fígado é um órgão vital que desempenha uma variedade de funções essenciais no corpo humano, incluindo a metabolização de nutrientes, a filtragem de toxinas do sangue, a produção de bile e a regulação do metabolismo.

Bianca Della Guardia, hepatologista, explica que o problema surge quando há um desequilíbrio entre a entrada e a saída de gordura no fígado, levando ao acúmulo excessivo de triglicerídeos e outros lipídios dentro das células hepáticas. Esse processo pode ser desencadeado por uma variedade de fatores, incluindo obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, consumo excessivo de álcool, dietas ricas em gorduras saturadas e estilo de vida sedentário.

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Embora a esteatose hepática possa permanecer assintomática em seus estágios iniciais, à medida que progride, pode levar a complicações sérias, incluindo esteato-hepatite – inflamação do fígado -, fibrose, cirrose e até câncer hepático. Infelizmente, muitas pessoas só descobrem que têm esteatose hepática quando começam a experimentar sintomas como dor abdominal, fadiga, perda de apetite, icterícia e aumento do volume abdominal.

Além disso, segundo a especialista, a esteatose hepática metabólica tem sido associada a um risco aumentado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral, tornando-a uma preocupação de saúde pública significativa.

Ao falar sobre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da esteatose hepática metabólica, Guardia destaca a obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial. No entanto, é importante ressaltar que até mesmo pessoas magras podem estar em risco se tiverem uma predisposição genética ou adotarem hábitos de vida pouco saudáveis.

Andrelina Souza Borges, Gastroenterologista, acrescenta que é possível identificar a doença a partir de alguns exames. “Primeiro passo USG de abdome, através deste exame identificamos a presença de esteatose e o grau da esteatose”, explica. Além disso, exames laboratoriais são feitos para analisar se existe doença metabólica envolvida, como diabetes e dislipidemia.

“Atualmente dispomos de um exame chamado elastografia Hepática, onde temos a análise de elasticidade do fígado, para saber se esse fígado está evoluindo para fibrose hepática que já seria um início de cirrose”, detalha a especialista.

Borges diz ainda que é necessário fazer uma avaliação corporal desse indivíduo, através de bioimpedanciometria, onde é avaliado a quantificação de massa magra e massa gorda “Nos exames laboratoriais  avaliamos também se há presença de inflamação no fígado”, conclui.

A prevenção e o tratamento da esteatose hepática geralmente envolvem uma abordagem multifacetada. Isso inclui a adoção de um estilo de vida saudável, que consiste em uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e alimentos integrais, exercícios físicos regulares e abstinência de álcool. O controle de condições médicas subjacentes, como diabetes e hipertensão, também é fundamental.

Para aqueles com esteatose hepática avançada, intervenções médicas adicionais, como medicamentos para reduzir a gordura no fígado, podem ser necessárias. Recentemente, a aprovação pelo FDA de uma droga para o tratamento da esteatose hepática metabólica em estágios avançados representa um avanço significativo no manejo dessa condição.

É crucial que indivíduos em risco ou diagnosticados com esteatose hepática compreendam a importância de seguir as recomendações médicas, incluindo a realização de exames de acompanhamento regulares e a adesão a um plano de tratamento personalizado.

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