Goiás registra baixa na cobertura vacinal contra poliomielite

O Estado ficou com apenas 79,42% da população imunizada após a campanha nacional em 2024

Postado em: 20-06-2024 às 07h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás registra baixa na cobertura vacinal contra poliomielite
Crianças estão sendo imunizadas pela vacina oral contra poliomielite (VOP) em Goiânia | Foto: Divulgação/SMS-GO

Em março de 2024 morreu Paul Alexander aos 78 anos de idade em Dallas nos Estados Unidos. Paul era um das últimas vítimas sobreviventes da doença poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, antes do período da cobertura vacinal da doença. Ele, assim como muitos outros sobreviventes, foi submetido a vida confinada em uma máquina de pressão negativa quando tinha apenas seis anos em 1952. Todo o aparato mecânico mantinha o homem vivo uma vez que a doença havia paralisado os músculos do peito, impedindo que ele pudesse respirar por conta própria.

Mas atualmente tal mecanismo pode não ser necessário após o uso universal da vacina da doença que imuniza os jovens desde cedo. No Brasil, a doença foi considerada como erradicada apenas em 1994 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) depois de anos de esforços para garantir uma cobertura vacinal extensa da população. Atualmente, é requerido pelo Ministério da Saúde que cada estado tenha um alcance da vacina de 95% das crianças para que não ocorra riscos de uma nova contaminação. Contudo, a cobertura vacinal da doença em 2024 pode registrar o oitavo ano seguido que o País não alcança a meta da vacina pela não adesão de parte da população. 

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), o Estado tem registrado que apenas 79,42% das crianças com menos de cinco anos foram vacinadas com a vacina oral da poliomielite (VOP). Uma melhora do levantado em 2023 com 78,92% do alcance, mas ainda longe da meta do governo. Em Goiânia, a diferença foi ainda maior com a aderência de apenas 17.780 crianças da Capital, representando um alcance de 26,59% do total de um público estimado de 63.594 crianças.

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Para a Gerente de Imunização da SES-GO, Joice Dorneles, ao jornal O HOJE, essa baixa procura na imunização pode representar um risco de um possível retorno da doença ao território brasileiro. De acordo com ela, países como o Paquistão e o Afeganistão estão passando por momentos turbulentos de saúde pública com registro poliomielite entre a população. Para a especialista, isto pode ser preocupante devido ao fato do Brasil ter voltado a países com risco de possibilidade de retorno de casos do vírus na população pela OMS.

De acordo com ela, é necessário uma maior atenção dos pais e responsáveis a saúde de crianças e adolescentes não imunizados que podem não estar desprotegidos. Como diz, a campanha de vacinação mais recente da poliomielite que ocorreu se encerrou nesta sexta-feira passada (14) teve uma busca de apenas 4% da população não vacinada em Goiás. No Brasil, este percentual também não foi muito diferente com apenas 5% de procura, uma situação que a saúde pública nacional enfrenta.

Para ela, essa baixa procura está ligada com a falta do contato das pessoas com a doença. “Hoje em dia os pais não veem mais tanto uma criança ou adulto que sofre com a paralisia pela doença. Por causa disso podem acreditar que está totalmente erradicada e que não precisa vacinar o que isso não pode acontecer”, ainda explica como o movimento antivacina pode também contribuir para essa recusa de indivíduos em vacinar seus filhos.

Por causa disso conta como tem estreitado relações com outras pastas governamentais e de municípios para que consigam recuperar os índices de imunização anteriores. A educação por esse lado tem sido um aliado para a saúde no combate da poliomielite por fornecer um espaço onde a informação e a execução da imunização podem andar juntos nas escolas públicas. 

Por outro lado, começaram os trabalhos de análises do público não alcançado pela campanha. Desde esta segunda-feira (17) ao dia 31 de julho irão separar as crianças que não foram imunizadas para que os pais possam dar encaminhamento à proteção delas e regularizar as carteiras de vacinação. Um método similar ao usado pelas escolas ao matricular crianças não vacinadas com alguma imunização. 

Além disso, a equipe tem trabalhado estratégias de adaptações para as novas modernas para dialogar com as mudanças sociais. “Focamos muito nas rotinas dos pais que estão trabalhando mais e têm menos tempo para levar os filhos para a vacinação. Por causa disso temos mais profissionais capacitados em diferentes horários para atender as demandas”.

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