Casos de coqueluche aumentam e saúde intensifica a vacinação

“A imunização é a nossa principal ferramenta para controlar a disseminação da doença e proteger a população vulnerável”, diz Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO

Postado em: 25-06-2024 às 07h00
Por: Ronilma Pinheiro
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A cobertura vacinal da pentavalente é considerada baixa, com índice de 76,12% em 2022 e 78,19% no ano passado | Foto: Divulgação/SES-GO

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) está em alerta devido ao aumento de casos de coqueluche, especialmente entre crianças menores de quatro anos. Flúvia Amorim, gerente de vigilância sanitária da SES-GO, destacou a necessidade urgente de intensificação da vacinação como medida preventiva.

O alerta foi motivado pelo crescente número de casos não apenas no Brasil, mas também em países como Estados Unidos, países da Europa e também da Ásia, conforme alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em São Paulo, os surtos têm sido particularmente preocupantes, o que levou o Ministério da Saúde a recomendar a administração da vacina DTpa não apenas para crianças, mas também para profissionais da educação que trabalham diretamente com elas.

“Estamos enfrentando uma situação delicada com os surtos de coqueluche, especialmente entre as crianças menores de quatro anos”, afirma Amorim ao jornal O HOJE. “A vacinação é a nossa principal ferramenta para controlar a disseminação da doença e proteger a população mais vulnerável.”

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De acordo com a superintendente, a vacinação contra a infecção é feita primeiro com a pentavalente. O imunizante tem esquema vacinal composto por três doses que são aplicadas aos dois, quatro e seis meses de vida. As doses de reforço são feitas com a vacina DTpa aos 15 meses e aos quatro anos de idade.

Somente após completar o esquema vacinal com todas as doses, a criança é considerada efetivamente protegida contra a coqueluche. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza ainda a DTpa para a vacinação de gestantes, puérperas e de profissionais da área da saúde contra a enfermidade. 

Em Goiás, as coberturas vacinais têm sido motivo de preocupação. Embora a cobertura geral esteja em torno de 78%, quando consideramos os reforços necessários, como as doses aos quatro anos de idade, essa taxa cai para aproximadamente 68%.

“É fundamental que os pais estejam atentos e mantenham o cartão de vacinação de seus filhos atualizado”, enfatiza Amorim. “Essa é a melhor forma de garantir a proteção contra a coqueluche”, reitera. A cobertura vacinal da pentavalente é considerada baixa, com índice de 76,12% em 2022 e 78,19% no ano passado. O preconizado pelo MS é cobertura vacinal acima de 90%. 

A coqueluche, conhecida pela tosse persistente e intensa que pode levar à asfixia, é altamente contagiosa e transmitida por meio de gotículas de saliva. Crianças não vacinadas correm maior risco de desenvolver complicações graves, como pneumonias e até mesmo óbito.

“É uma doença que pode ser prevenida com vacinação adequada”, ressalta Amorim. “Embora tenhamos registrado apenas um caso em Goiás este ano, é essencial mantermos os esforços de vacinação para evitar novos surtos”, afirma Flúvia, ao comentar que em 2023 não houve registros de coqueluche no estado.

Sobre o caso diagnosticado em 2024, Amorim destacou que a criança teve uma boa recuperação, mas reforçou a importância da vacinação precoce. “A coqueluche pode ser fatal se não for tratada adequadamente, mas é totalmente evitável por meio da vacinação”, alerta.

A SES-GO continua monitorando de perto a situação e intensificando as campanhas de conscientização e vacinação em todo o estado. “Estamos trabalhando para garantir que todos os goianos tenham acesso às vacinas necessárias para proteger suas crianças e suas famílias”, destaca a superintendente.

Alerta internacional aciona autoridades de saúde 

A coqueluche, caracterizada por sintomas como tosse seca, febre e cansaço, pode evoluir para outras complicações, como pneumonia, desidratação e paradas respiratórias. No Brasil, o último pico da doença ocorreu em 2014. No entanto, desde 2016 que as coberturas vacinais vêm caindo de forma expressiva e isso tem preocupado as autoridades de saúde que alertam para a necessidade de manter a imunização em dia. 

“Para quem não se lembra, a coqueluche era chamada de tosse comprida, mas, graças à vacinação, às altas coberturas que nós tínhamos, muitos países não conhecem essa doença mais. Contudo, ela está voltando e precisamos redobrar os cuidados, já que, nas formas mais graves, ela pode, inclusive, levar à morte”, alerta Flúvia Amorim. 

“Se a gente não melhorar essa cobertura vacinal que temos hoje, infelizmente, nós poderemos ter casos de surto aqui no estado também. É muito importante que a criança tenha o seu esquema completo para ela ser considerada protegida. Na dúvida, leve seu filho e o cartão de vacinação num posto de saúde mais próximo”, reforça. 

A União Europeia divulgou em maio deste ano, o Boletim Epidemiológico que mostrou o aumento da doença em pelo menos 17 países, com mais 32.037 casos notificados de coqueluche entre 1 de janeiro e 31 de março de 2024. Além disso, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China (CCDC) informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos da doença.

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