Especialistas relatam o que está por trás dos casos de violência no trânsito
Vítima de agressão por briga no trânsito teve de ser internada após espancamento em praça pública
Por: João Victor Reynol de Andrade
Na noite de quarta-feira (26), um homem, identificado apenas como João, foi vítima de uma tentativa de homicídio em uma praça movimentada na região oeste de Aparecida de Goiânia. Ao lado dele, uma mulher mais jovem mas não identificada tentava impedir um outro homem de espancar a vítima com um pedaço de madeira na cabeça. As agressões só pararam depois de segundos demais quando cinco homens confrontaram o agressor.
Naquela noite, João foi encaminhado a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com um possível traumatismo craniano ao qual não vai se recuperar tão facilmente. O autor do espancamento foi encaminhado a central de flagrantes para depor diante das autoridades. Por outro lado, o grande motivo que tenha levado essa atitude bárbara foi uma briga de trânsito por causa da preferência de uma rotatória na região. E esse foi apenas o segundo caso de agressão no trânsito em Goiás que chocou o Estado.
Em Ouro Verde de Goiás, um motorista espancou um idoso de 70 anos durante um desentendimento e atingiu a vítima com vários golpes de capacete. A agressão foi registrada por câmeras de monitoramento. Comportamentos como esses parecem estar mais comuns na atualidade, para o especialista de trânsito de trânsito, Marcos Rothen, ao jornal O HOJE, a falta de fiscalização no trânsito é um fator que colabora com o aumento destes casos. “São muitos exemplos de erros pela falta de fiscalização que vão somando e irritando as pessoas. A falta de civilidade de muitos motoristas causa muitos efeitos nos demais, por exemplo, susto, medo, situações de risco. E com tudo isso as pessoas vão ficando muito tensas no trânsito”
Casos como estes podem deixar todo os motoristas suscetíveis a comportamentos explosivos. Ao se deparar com uma situação assim, o especialista recomenda cautela para não instigar ainda mais um caso que pode ficar violento. “É preciso que quando estamos envolvidos numa situação dessas nós acalmarmos para deixar a raiva passar. Às vezes a outra pessoa também não fez algo por mal, talvez seja uma falha da sinalização, ou até mesmo a outra pessoa está com algum problema.”
Para ele, a única solução de futuros ataques originados por brigas no trânsito é com a educação do trânsito alinhada com uma fiscalização que coiba erros. Para isso, sinaliza que é necessário uma mudança de atitudes das pessoas a fim de alcançarem a empatia e a paz nas ruas goianas. “Respeitar as regras e ser gentil no trânsito já é um bom começo. Exemplos como: dar oportunidade para os carros que saem das garagens e parar no sinal amarelo”, afirma.
Já para a psicóloga especialista em Psicologia do Tráfego, Ana Flávia Vieira, que também presidenta do Conselho Regional de Psicologia, falar como participar em discussões por brigas no trânsito é algo arriscado porque nunca se sabe a estabilidade emocional do condutor. Explica que a agressividade no trânsito é um fenômeno complexo que envolve múltiplos fatores, dentre os quais pode-se destacar o estresse, a impulsividade e o uso de substâncias, como álcool e drogas, que exacerbam comportamentos agressivos.
Além disso, conta como a rotina do próprio trânsito pode desestabilizar o emocional dos motoristas em certos períodos do dia. Inclusive, conta como o estresse gerado dentro de um veículo pelo condutor é relacionado com outros fatores de sua rotina.“Há uma relação direta entre uma vida estressante, a rotina agitada das cidades e a violência no trânsito. Essa vida atribulada pode levar as pessoas a agirem de maneira mais impulsiva, irritada e impaciente, resultando em comportamentos agressivos no trânsito”, destacou.
Por causa disso, enfatiza a necessidade urgente de pessoas que acumulam ou sentem muito estresse de procurarem ajuda para um profissional de saúde mental. Como diz, os psicólogos conseguem passar planos e mecanismos de controle de estresse para aqueles que procuram. “É muito importante que o motorista entenda que o trânsito é uma extensão de sua vida, assim o acompanhamento psicológico, ao possibilitar que essa pessoa lide melhor com sua ansiedade e agressividade, contribuirá na melhoria da qualidade de vida como um todo e não somente no trânsito”.
