Comprar fiado pode gerar possibilidade de receita para pequenos comerciantes

Comerciantes apostam na confiança para segurar cliente e dar a eles a oportunidade de manter o crédito no azul

Postado em: 16-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Comerciantes apostam na confiança para segurar cliente e dar a eles a oportunidade de manter o crédito no azul

Thiago Costa 

Prática antiga que havia perdido força por conta da popularização dos cartões de créditos, comprar no fiado ressurge e mostra que confiar no cliente pode gerar uma possibilidade de receita para pequenos comerciantes. O aumento de 2,8% em 2018 nas consultas de Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs) reflete este cenário que mostra que a velha caderneta ainda está ativa. 

Essa alta nas consultas de CPFs é o indicador da intenção de compras a prazo por parte do consumidor e abrange principalmente os segmentos de alimentação/bebidas, lojas de roupas, calçados e acessórios, móveis e eletrodomésticos.  “A melhora dos níveis de confiança e o clima de otimismo para uma retomada mais forte da economia ajudaram a impulsionar a atividade varejista”, disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

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Maykon Súlivan tem uma distribuidora de bebidas no setor Jardim América, em Goiânia. De acordo com o comerciante, 30% das suas vendas são no crediário. Com a empresa instalada no local há aproximadamente dois anos, Maykon decidiu vender a prazo para manter a clientela fidelizada. De acordo com ele, quando vende os produtos no ‘fiado’, diferente das outras empresas que só vendem à vista, o crediário se torna uma tática para segurar o freguês, porque a venda a prazo na base da confiança não é oferecida em qualquer estabelecimento.

Para o comerciante do ramo de bebidas, o maior motivo para essa modalidade de vendas, principalmente para uma distribuidora, é que no final do mês o dinheiro vem em maior quantidade, possibilitando que ele tenha uma noção de quanto o comércio gera de vendas.

Ele explica que não são todos os clientes que conseguem comprar a prazo, mas apenas um grupo seleto de fregueses fieis que têm uma relação de confiança com o proprietário. “Todos os dias meus clientes fixos, que têm notinha na casa, compram de mim, principalmente quando chegam do trabalho e querem tomar aquela cerveja gelada, mas ainda não chegou o dia de receberem seus salários. Mas comigo eles têm essa confiança de poder pagar somente quando recebem”, conta o proprietário da distribuidora. 

Se alguém pedir a abertura de um crediário novo, Maykon explica que é necessário que esse cliente primeiro crie uma fidelidade no comércio. A fidelidade cresce quando o cliente compra apenas na empresa e sempre aparece com uma maior frequência. Ele garante que o sistema tem dado certo e que nenhum cliente com a possibilidade de compra no crediário deu prejuízo ao comerciante, mas que se algum dia chegar a acontecer, por conta da amizade que a empresa cria com seus fregueses, ele garante que buscará dividir o débito para que não perca a amizade nem o freguês. 

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A empresa se tornou para os clientes e para o empresário um lugar de criação de vínculos. Como explica o proprietário da distribuidora, cada um que frequenta o local diariamente, esses que compram na notinha fazem a diferença na vida de Maykon. Ele garante que se caso algum cliente parasse de frequentar a empresa ele seria o primeiro a procurar essa pessoa para saber o que aconteceu, principalmente se esse cliente tiver alguma pendência em aberto com a empresa. 

“Para manter uma empresa de pé hoje em dia, em momentos de crise, é necessário que o comerciante crie mecanismos que faça o cliente estar sempre lado a lado com a empresa. Se isso não acontecer, a empresa não consegue sequer pagar o aluguel, a água e a energia, porque a concorrência é muito grande”, pondera Maykon. (Com informações Agência Brasil) 

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