Incêndios em indústrias preocupam bombeiros em Goiás

Goiás registrou 13 incêndios em indústrias no primeiro semestre de 2024, sinalizando uma tendência preocupante para a segurança industrial no estado apesar do número ser menor do que nos dois últimos anos. Durante todo o ano de 2022, foram registrados 34 incidentes desse tipo, número que reduziu para 27 em 2023.

A reportagem do jornal O Hoje fez um compilado com os últimos incidentes. Na tarde de terça-feira, 2 de julho, os bombeiros de Goianira foram acionados para conter um incêndio de grandes proporções em uma indústria local. A ocorrência, marcada por múltiplas explosões, teve como foco principal um conjunto de carretas e um tanque contendo 17 mil litros de Tolueno – substância altamente inflamável.

As equipes realizaram um combate direto às chamas e também implementaram resfriamento preventivo em outros quatro tanques com o mesmo produto, todos com potencial de explosão. A operação contou com o apoio significativo de viaturas e bombeiros de Goiânia, além de cinco caminhões pipa da Prefeitura de Goianira.

Desde o início do combate até a fase de rescaldo, aproximadamente 250 mil litros de água e 4 galões de Líquido Gerador de Espuma (LGE)  foram empregados. Com os esforços foram preservados cerca de 51 mil litros de Tolueno, enquanto aproximadamente 47 mil litros foram consumidos pelo fogo na carreta e no tanque afetado.

Não houve feridos, apenas danos materiais. As autoridades locais permanecem vigilantes, monitorando a área para garantir a segurança e a estabilidade da situação. O caso agora é investigado, com o objetivo de evitar ocorrências similares no futuro e reforçar as medidas de segurança na região industrial do município.

No último domingo, 30 de junho, o 5º Batalhão Bombeiro Militar foi acionado para um incêndio em uma fábrica ou depósito de pneus triturados no Distrito Industrial de Luziânia. O fogo, apesar de apresentar grande carga inflamável, foi limitado ao local afetado, não representando risco às propriedades adjacentes. O combate contou com apoio dos quarteis de Valparaíso de Goiás e do CBMDF (Santa Maria).

No dia 23 de junho, os Bombeiros Militares de Anápolis foram chamados para combater um incêndio de grandes proporções na Ecolog Brasil, empresa de reciclagem de pneus localizada no Jardim Alvorada. As chamas, que começaram por volta das 3h, ainda estavam sendo combatidas horas depois, envolvendo cerca de 30 militares e consumindo aproximadamente 120 mil litros de água. Não houve relatos de vítimas.

No dia 13 de junho, durante uma a noite de quinta-feira, um incêndio em uma garagem de ônibus na Avenida Rezende, em Goiânia, mobilizou o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO). As equipes responderam rapidamente ao chamado para evitar a propagação das chamas para os imóveis vizinhos e conseguiram controlar o fogo, que consumiu aproximadamente 8 ônibus. Felizmente, não houve vítimas durante o incidente, mas a causa do incêndio é investigada pelas autoridades.

Em 19 de maio, em uma tarde de domingo, equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para conter um incêndio na casa de bombas de uma distribuidora de combustível no polo petroquímico de Senador Canedo. Na ocasião, foram utilizadas técnicas avançadas de combate a incêndios urbanos e espuma especializada. Os agentes conseguiram extinguir o fogo, minimizando danos maiores à propriedade e à comunidade circundante.

O incidente resultou em quatro vítimas do sexo masculina. Três delas sofreram queimaduras e foram prontamente atendidas pelas equipes de resgate no local, enquanto uma quarta vítima, identificada como Jonas Fernandes da Silva, morreu ainda no local do incidente.

Bombeiro orienta quais procedimentos precisam ser adotados

Em entrevista, Weber Rone Barbosa Cintra, capitão do Corpo de Bombeiros de Goiás, discorreu detalhadamente sobre os protocolos e precauções essenciais a serem adotados em situações de incêndio em indústrias e fábricas, ressaltando a importância da preparação e da resposta rápida das equipes envolvidas.

Cintra enfatizou que, diante de um incêndio em instalações industriais, a prioridade absoluta é a segurança das pessoas. “A primeira ação a ser tomada é evacuar todas as pessoas da edificação e das áreas próximas ao incêndio”, explica.

Para lidar com essas situações, indústrias de porte maior devem contar com uma brigada de incêndio capacitada. Com treinamentos regulares, equipamentos de proteção individual adequados e familiaridade com os procedimentos de combate ao fogo. Segundo o capitão, esses colaboradores são fundamentais para iniciar a resposta imediata ao incidente, antes da chegada das equipes de socorro.

“Essa brigada é essencial para dar a primeira resposta ao princípio de incêndio, confinando-o e minimizando seus efeitos até que os bombeiros cheguem”, destaca Weber. Ele salientou também que todas as indústrias são obrigadas por lei a possuir um projeto de combate a incêndio, o qual deve ser aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Além disso, passam por vistorias periódicas para garantir que todos os sistemas de prevenção e combate a incêndio estejam operacionais e em conformidade com as normas vigentes.

“A inspeção anual pelo Corpo de Bombeiros é crucial para verificar se os sistemas de alarme, iluminação de emergência, extintores e demais equipamentos estão funcionando adequadamente”, afirma Cintra.

O capitão ressaltou que, devido à natureza dos produtos utilizados na produção industrial, muitos dos quais são inflamáveis, os incêndios nessas instalações podem se propagar rapidamente e atingir grandes proporções. Portanto, a preparação e a prontidão para lidar com emergências são essenciais para mitigar riscos e garantir a segurança de todos os envolvidos.

“É imprescindível que as indústrias tenham um plano de contingência bem estruturado, incluindo a capacitação contínua dos funcionários e a realização de simulados de incêndio”, acrescenta o capitão. Ele reforçou ainda a importância de manter canais de comunicação eficazes com o Corpo de Bombeiros, acionando-os imediatamente ao detectar qualquer sinal de incêndio por meio do telefone de emergência 193.

Por fim, Cintra enfatizou que a colaboração entre as indústrias e os órgãos de segurança, como o Corpo de Bombeiros, é fundamental para garantir uma resposta coordenada e eficiente em situações de emergência. “A segurança é responsabilidade de todos, e a prevenção é o melhor caminho para evitar tragédias”, conclui o capitão.