Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Policiais têm preparação de elite em curso

São quatro módulos que vão separar quem vai integrar ou não o BOPE

Postado em: 29-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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São quatro módulos que vão separar quem vai integrar ou não o BOPE

Thiago Costa 

A metade dos oficiais que se voluntariou para entrar no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) neste ano desiste por conta da grande pressão que o curso exerce nos militares que farão parte do Batalhão. Embora seja almejado por muitos, poucos conseguem. As exigências para os militares são extremas e fazem com que apenas um a cada três oficiais, em média, entre para o Grupo de Operações Especiais. O Batalhão também é responsável pelos Snipers de Goiás – atiradores de precisão.

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O 11° Curso de Operações Especiais (COesp) para novos integrantes do BOPE começou no dia 17 de janeiro deste ano e tem previsão de duração de no mínimo 16 semanas, que pode chegar a 22. Para entrar no BOPE deve-se primeiro ser aprovado em concurso público da Polícia Militar (PM) e passar pelo curso de formação. Compondo a corporação, é necessário o candidato se voluntariar para a um novo curso para as operações especiais.

O curso atual começou com 60 integrantes e atualmente soma apenas 34 participantes. Concluídas todas as etapas e a formação, os formados podem, no dia seguinte, atuar no BOPE. De acordo com o coordenador do curso, Tenente Míssel, em outras edições foi necessário levar os candidatos para outros estados para a aplicação de conteúdos específicos. Neste ano a previsão de duração é menor, já que pretende-se trazer esses conteúdos para o Estado de Goiás, afim de evitar perda de tempo nas estradas, que pode ser aproveitado de maneira mais intensa no local onde todos os candidatos estão separados. 

Como conta o coordenador, as atividades especiais que os integrantes do BOPE são preparados para atuar são atividades não comuns que a estrutura regular da PM não permite esses policiais de agirem. “Onde houver um problema que não existir recursos convencionais para resolvê-lo, temos a atividade de operações especiais que contempla isso”, acrescentou Míssel. 

O Tenente ainda exemplifica que os trabalhos desses agentes são em possíveis ações criminosas que envolvem reféns, utilização de explosivos, materiais químicos e radiológicos, bacteriológico e biológico. O batalhão trabalha, inclusive, contra o terrorismo. O coordenador explica que as ações do BOPE são em todas as questões que fogem da estrutura rotineira do serviço militar, já que consegue prover algum tipo de resposta, justamente por conta desse preparo intensivo que cada integrante recebe durante o curso. 

Como explica Míssel, são quatro módulos que vão separar quem permanece ou não no curso de formação. Na placa de boas-vindas do curso está xilografado “Nunca serão”, escritas que fazem menção às dificuldades que os candidatos enfrentarão durante as próximas semanas que estiverem no curso. O preparatório tem quatro fases essenciais para aperfeiçoar cada um que pretenda, em algumas semanas, pertencer ao grupo seleto de integrantes do BOPE.

Fase Rústica 

De acordo com o coordenador do curso para formação do BOPE, na primeira fase do preparatório todos os voluntários são retirados do convívio social para experimentar novas experiências e passar por um período de stress intenso, advindos do excesso de cansaço, além da privação de alimento e de sono, de maneira que, com acompanhamento médico em todas as atividades esse indivíduo saia da sua zona de conforto para estar bem preparado para situações que possam passar durante os trabalhos desempenhados após sua formação. Este módulo tem duração de três semanas. 

Fase policial 

Nesta fase o voluntário a ser um integrante do BOPE terá acesso e conhecimento em todas as atividades especializadas da PM. Visitas técnicas e instruções serão apresentadas a cada um dentro das unidades do Batalhão de Choque, Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (ROTAM), Batalhão do GIRO, Comando de Operações de Divisa, Regimento de Polícia Montada e Grupamento Aéreo do Estado de Goiás.

Ainda nesta fase os policiais vivem as experiências de cada um desses batalhões. Este módulo tem duração de duas semanas. “Passando por essa etapa, os voluntários vão ter a vivência policial, mas ainda não voltada para a área de operações especiais. Este momento é voltado para o conhecimento de todas as atividades especializadas da polícia. 

Fase técnica 

Após passadas as duas primeiras fases do curso, quando muitos já retornaram às suas casas e não mais estão entre os que sairão formados, durante essa fase, que é a mais ampla, os que continuam no curso verão tudo que pertence às Operações Especiais. O módulo tem instrução de mergulho, tiro convencional e de precisão, páraquedismo, combate de corpo a corpo, contraterrorismo, direção ofensiva, direção defensiva, segurança dignatários – autoridades vips, como o cargo de presidente ou governadores, por exemplo – operações de altura e resgate. “São fases que nenhuma outra unidade tem condições de atuar”, ressalta o coordenador. 

Fase de operações

Míssel acredita que como este curso iniciou com 60 voluntários, é provável que apenas 20 deles cheguem à fase de operações. Todos os conteúdos ministrados durante as fases um, dois e três são impostos aos integrantes do curso, atribuindo a cada um carga grande de stress para que eles sejam capazes de resolver problemas em um determinado tempo. 

Essas tarefas impostas necessitam que sejam utilizados recursos e planejamento especializado para que haja condições de por em prática todos os conteúdos ministrados durante os meses anteriores. A última fase tem duração de duas a três semanas 

Segundo o Tenente Míssel, não é apenas a desistência que elimina os voluntários. Cada fase é primordial para aprovar ou não esses militares, pois a nota de corte é de 6,5 que, abaixo disso, elimina o candidato automaticamente. “Neste curso temos cinco reincidentes que estão tentando novamente. São três goianos e dois de outros estados. 

Míssel explica que os integrantes de outros estados optam por vir a Goiás fazer o curso porque esse preparatório não acontece todos os anos, que pode ter uma janela de até quatro anos, dependendo de cada estado. “Em Goiás o último curso aconteceu em 2015 e só voltou agora em 2019 e está em sua 11° edição,” finaliza o coordenador.  

BOPE atua diretamente em operações que envolvem explosivos 

 De acordo com o coordenador do 11° Curso de Operações Especiais (COesp), Tenente Míssel, os trabalhos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) são em possíveis ações criminosas que envolvem reféns, utilização de explosivos, materiais químicos e radiológicos, bacteriológico e biológico. O batalhão trabalha, inclusive, contra o terrorismo. 

Segundo o coordenador, as ações do BOPE são em todas as questões que fogem da estrutura rotineira do serviço militar, já que o batalhão consegue prover algum tipo de resposta, justamente por conta desse preparo intensivo que cada integrante recebe durante o curso. 

O Tenente explica que a função básica do Batalhão são ocorrências em situações críticas, como um sequestrador que toma um refém. Segundo Míssel, o Batalhão é altamente qualificado física e emocionalmente para agir em situações que exijam do policia total preparo para tomar boas decisões em situações de extremo risco. O coordenador do curso também explica que o BOPE realiza buscas de criminosos em locais mais dificultosos, o que a polícia comum pode ter algumas restrições para executar esse tipo de ação. 

Segundo Míssel, uma das ocorrências recentes que o BOPE foi acionado foi para conter um criminoso que assassinou uma pessoa e alvejou outras duas na Vila Coronel Cosme, em Goiânia. Como conta o Tenente, após o confronto, a equipe realizou resposta imediata ao criminoso que não se rendeu, resultando em sua morte. 

Míssel destaca que ações que o BOPE foi acionado têm envolvimento com artefatos explosivos deixados em locais estratégicos. O que segundo ele, tem acontecido com maior frequência em Goiânia, em relação aos últimos anos. Ele explica que em 2018 foi registrada uma ocorrência de um artefato colocado em frente a casa do pai de um jornalista esportivo  de Goiânia. A remoção dos explosivos aconteceu com total precisão e a explosão dos artefatos foram feitos no local, sem nenhuma destruição de patrimônio ou comprometimento de integridade física de terceiros. 

Homenagem 

Em 2017 o BOPE de Goiânia recebeu da Câmera Municipal homenagem por iniciativa do vereador Sargento Novadir (PTN). Na oportunidade, o parlamentar ressaltou os relevantes serviços prestados pela unidade especializada da Polícia Militar à segurança do Estado e do município. “Trata-se de uma homenagem mais do que justa. Esses guerreiros não medem esforços para defender o cidadão de bem, mesmo quando estão em horário de folga. Colocam a própria vida em risco para combater o bom combate; para proteger a sociedade”, justificou Novandir.

Na mesma direção, o comandante de Missões Especiais (CME), coronel Heber de Sousa Lima, frisou que o BOPE tem uma das equipes mais bem preparadas do país, atuando em situações críticas como roubos, sequestros, resgate de reféns e ocorrências envolvendo artefatos explosivos, dentre outras modalidades criminosas. “Em Goiás, bandido não faz carreira e nem nome. Nada intimida essa tropa”, assegurou. 

 

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