Parentes de Cachoeira atuavam como laranjas

Segundo a denúncia do MPF, Cachoeira utilizava os familiares para registrar imóveis e bens provenientes da renda com jogos de azar

Postado em: 29-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Parentes de Cachoeira atuavam como laranjas
Segundo a denúncia do MPF, Cachoeira utilizava os familiares para registrar imóveis e bens provenientes da renda com jogos de azar

Higor Santana*

O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, novamente virou réu após denúncia feita desta vez pelo Ministério Público Federal (MPF) em dois processos que apuram a lavagem de mais de R$ 37 milhões. Além do contraventor, a Justiça Federal também tornou réu a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio de Souza, o irmão dela Adriano Aprígio de Souza, e o contador Geovani Pereira da Silva, que de acordo com o MPF, era responsável pela gestão financeira de uma organização criminosa chefiada por Carlinhos Cachoeira, na exploração de jogos de azar.

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Conforme o MPF, entre 2008 a 2011 Cachoeira teria movimentado mais de R$ 13,8 milhões por meio do contador. A denúncia contra Cachoeira, Andréia, Adriano e Geovani foi aceita na última quinta-feira (24) pelo juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara Federal de Goiânia. O magistrado exigiu resposta da defesa dos três e decretou o embargo de bens relacionados na denúncia apresentada pelo MPF. De acordo com a denúncia do MPF, Cachoeira utilizava os familiares como laranjas para registrar imóveis e bens provenientes da renda com jogos de azar.

O MP ainda está acusando Carlinhos por lavagem de dinheiro, referente à contravenção penal do jogo de azar, que de acordo com a defesa de Cachoeira não seria possível, já que até 2013 esse crime estava ligado a crimes antecedentes. Condenado por fraudes em loteria, Cachoeira cumpre pena em regime semiaberto

Segundo as investigações, para transformar dinheiro ilegal em rendas aparentemente lícitas, Cachoeira constituiu ao menos seis empresas no nome de terceiros. Estas pessoas físicas eram utilizadas, de acordo com o juiz, para movimentar dinheiro da exploração de máquinas caça-níqueis.

Denúncias

Na primeira denúncia, o MPF acusa o contraventor e seu então contador Geovani responsável pela gestão financeira da organização criminosa que explorava jogos de azar no Estado, dos crimes de lavagem de dinheiro e de sonegação fiscal. Na segunda denúncia, além de Cachoeira, foram acusados o ex-cunhado Adriano de Souza e a ex-mulher Andréa de Souza, por lavagem de dinheiro, por meio da ocultação de valores provenientes da exploração ilegal de jogos de azar e crimes contra a Administração Pública.

No documento, o juiz considera que a ex-mulher e o ex-cunhado de Cachoeira registravam bens em seus nomes como “ocultação e branqueamento” dos mesmos. Foram listados pelo MPF pelo menos 58 imóveis no nome dos dois, totalizando quase R$ 24 milhões.

Ambos os processos são recorrentes da Operação Monte Carlo, deflagrada em 2012 para apurar a exploração de jogos ilegais e o envolvimento com agentes públicos. A Operação Monte Carlo foi deflagrada em 2012 e prendeu Cachoeira, apontado pelas investigações como chefe da organização criminosa. Atualmente, ele cumpre pena em regime semiaberto por fraudes na Lotérica Carioca e usa tornozeleira eletrônica.  (Higor Santana é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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