Informação é a melhor saída para evitar uma gestação indesejada

A meta do governo é reduzir mais 1% a proporção de grávidas adolescentes, em 2019

Postado em: 30-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Informação é a melhor saída para evitar uma gestação indesejada
A meta do governo é reduzir mais 1% a proporção de grávidas adolescentes, em 2019

Thiago Costa 

De acordo com o Sistema de Informação de Nascimento (SINASC), 2015 registrou que 17.781 das mães em Goiás tinham entre 10 e 19 anos de idade. Em 2018 o número de grávidas jovens caiu, o total foi de 13.646. Para especialista, a orientação no meio familiar e escolar é decisiva para diminuir esses índices. A meta da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) é reduzir mais 1% a proporção de grávidas adolescentes, em 2019.

Para alcançar essa meta a Secretaria de Saúde busca a qualificação da atenção em saúde à população adolescente com ações que visem à implantação da Política Estadual de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes. Esta semana é lembrada como a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência que tem o objetivo de orientar, de forma educativa e preventiva, e contribuir para que a gravidez nessas idades diminua. 

Continua após a publicidade

Embora o percentual de meninas grávidas no Estado tenha baixado, a região de Goiás que mais registrou casos de gravidez de meninas pertencentes à faixa etária, ente 10 a 19 anos, foi a nordeste do Estado, com 20%. Essa região registram o dobro de percentual em relação às outras localidades de Goiás.

Como explica a coordenadora de Saúde do Adolescente e Pessoas em  Situação de Violência da SES, Ana Maria Passos Soares, a falta de orientação sexual na família e na escola resulta em adolescentes desinformados, provocando comportamentos de risco, que podem levar à gravidez não intencional, comprometendo os projetos de vida do jovem e gerando consequências negativas para a saúde tanto da mãe quanto do bebê. “Evasão escolar, mortalidade materna, nascimento prematuro, aborto natural e ruptura do colo de útero são alguns dos riscos da gravidez nessa fase da vida”, enumera Ana Maria.

Bruna Sthéfany Silva, de 22 anos, é mãe da Maria Clara, de 6 anos. Em 2011, quando tinha apenas 14 anos, Bruna engravidou. Pela falta de experiência, ela não percebeu que estava grávida e, mesmo com enjôos diários, acreditava se tratar de alguma ‘doença’. Bruna explica que chegou a ir ao hospital com a mãe e o médico logo suspeitou da gravidez, mas, por medo, ela negou sentir as dores que o médico indagou naquele dia. 

Bruna foi diagnosticada com gastrite e o exame de sangue deu negativo para gravidez, oportunidade que Bruna teve coragem de informar à mãe que havia perdido a virgindade. As duas foram imediatamente para o ginecologista e, embora com o exame de sangue negativo, o médico solicitou um ultrassom. Como conta a jovem, à época, assim que o aparelho de ultrassonografia foi colocado em sua barriga, tanto a mãe quanto ela perceberam que os próximos meses seriam de preparação para o filho que viria ao mundo. Bruna já estava grávida de dois meses. 

Família

Como explica Bruna, sua gravidez teve altos e baixos, principalmente dentro de casa. Por ser mãe muito jovem, o irmão mais velho não teve uma boa aceitação com a história e chegou a sair de casa após discussões familiares de quem permaneceria no lar, ou ele ou Bruna, que em sete meses daria a luz. Ela conta com o passar do tempo todos os familiares se prepararam para a chegada daquele bebê e que a ajuda da mãe foi essencial para essa aceitação familiar e o pai do bebê, não fugiu das suas responsabilidades. 

Estudos

A adolescente pensou em parar de estudar e contou esse desejo á mãe. Ela explicou que um dia após descobrir a gravidez todos os colegas de colégio já sabiam e a julgavam. Bruna conta que enfrentou muitos desafios enquanto permaneceu no colégio, entre eles o principal era o preconceito das colegas. 

“Graças a Deus minha mãe me apoiou desde o início, mesmo ela tendo ficado nervosa, na época. Ela me apoiou muito e com dois meses após a chegada da Maria Clara eu voltei a estudar. Eu só parei de frequentar a escola para ter Maria Clara. Optei por estudar no período vespertino porque na turma havia apenas nove estudantes, o que me daria maior conforto. Eu sempre levava Maria Clara para a aula comigo e ela era o xodó de todos do colégio. Todos a pegavam e se não fosse a minha mãe para me orientar, não sei se teria continuado os estudos, porque minha vontade era de parar mesmo” 

Bruna conta que teve muito medo e insegurança, mesmo com o apoio da mãe. Ela que atualmente está prestes a se formar no curso de Direito explica que mesmo após o nascimento da filha seus sentimentos ficaram controversos. “Agora a insegurança que tenho é saber se vou conseguir fazer tudo para minha filha, ser uma boa mãe, educar. Hoje ela é tudo para mim e para o pai dela. Tudo que não tive tenho vontade de fazer pela minha filha. Tento ser uma pessoa melhor por conta dela”, ressalta. 

 

Programa Meninas de Luz auxilia jovens gestantes carentes 

O percentual de adolescentes de 10 a 19 anos grávidas em Goiás diminuiu, porém, ainda há preocupação em relação a este assunto. Alguns programas auxiliam na preparação dessas futuras mamães que necessitem de auxílio para entender como são as vivências que elas experimentarão em poucos meses.

O programa Meninas de Luz, desenvolvido pelo Centro Social Dona Gercina Borges, unidade da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), oferece vagas nos períodos matutino e vespertino, para o atendimento gratuito de gestantes. A atividade é voltada para adolescentes e jovens de até 21 anos. Para participar basta ir à unidade, no Setor Campinas, e apresentar documentos pessoais (Carteira de Identidade e CPF), Cartão da Gestante ou exame de ultrassonografia, comprovante de endereço e uma foto 3×4. As inscrições podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30.

De acordo com a organização do curso, uma equipe multidisciplinar trabalha temas relacionados à educação sexual, saúde, cuidados com o bebê, planejamento familiar e direitos do cidadão, além de atendimento psicológico e odontológico. Antes do parto, as gestantes ganham um kit de enxoval para bebê.

As jovens participam de passeios, ensaios fotográficos e oficinas de beleza, atividades que contribuem para elevar a autoestima das futuras mamães. O programa oferece aulas de artesanato, como forma de aumentar a renda familiar e desenvolver a criatividade. Após o nascimento da criança, a jovem mãe continua recebendo orientação e apoio por um ano.

Comportamento sexual

De acordo com a coordenadora de Saúde do Adolescente e Pessoas em  Situação de Violência da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Ana Maria Passos Soares, fatores culturais, ambientais e sexuais relacionados ao adolescente influenciam diretamente a forma como ele lidará com seu comportamento sexual. “Entendemos o comportamento sexual do adolescente por meio do ambiente em que vive; suas atitudes são também determinadas pelos modelos existentes em suas vivências”, avalia a coordenadora.

A atenção à saúde do adolescente deve ser integral, com prioridade à prevenção e intersetorialidade, em parcerias com a educação, cultura, esporte lazer e demais setores envolvidos com esse grupo etário. “Quanto mais cedo o adolescente entrar na puberdade, mais cedo acontecerá seu amadurecimento biológico, o que não necessariamente coincide com o desenvolvimento emocional e cognitivo; e isso constitui, portanto, fator de risco para uma iniciação sexual prematura e suas negativas consequências como a gravidez não planejada”, afirma.

 

Veja Também