Contrário ao padrão nacional, Goiás apresentou queda de furtos de energia

O furto de energia elétrica, conhecido como “gato”, atingiu o recorde nacional em 2023 com mais de 39 terawatts por hora (TW/h) e com uma média de 4.655 megawatts por hora (MW/h) furtados e superou a produção média de usinas hidrelétricas nacionais, de acordo com dados da Agência Nacional Energia Elétrica (Aneel). Como exemplo, este índice superou a produção e as médias da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que produz cerca de 32 TW/h com uma média de 4.418 MW/h. 

Em comparação com dados de energia geradas em usinas, mais de 16 milhões de famílias brasileiras poderiam ser abastecidas somente com essa quantidade furtada. Além disso, o prejuízo de R$ 6 bilhões em energia perdida foi repassado para os consumidores seguindo o modelo de tarifa nacional da Aneel. 

Apesar destes dados refletirem um aumento a nível nacional, em Goiás ocorreu o contrário com uma diminuição da perda de energia por uso irregular. De acordo com o Gerente de Serviços Técnicos e Comerciais da Equatorial Goiás, Pabllo Barbosa, para o jornal O HOJE, desde o ano passado a concessionária conta com 180 equipes fiscalizatórias por todo o Estado que combateram com sucesso o crescimento do furto de energia. “O tamanho da nossa equipe fiscalizatória é proporcional ao volume furtado para diminuir a incidência de uso irregular.”

Sobre isso, em Goiás o ano de 2023 fechou com 12% da energia perdida por uso irregular, já o volume de energia perdida foi de 628 GW/h. No primeiro trimestre de 2024, o Estado fechou com 11,7% de perdas. Ambos estes percentuais estão dentro da meta estabelecida de 12,3% de perda pela Aneel para combater o uso irregular de energia. 

Segundo ele, isso se deu por um aumento nas equipes de fiscalização do Estado que investigam e flagram casos de “gatos” nas residências, comércios e até em indústrias. Ao todo, mais de 70 mil consumidores dos mais de 200 mil faziam uso irregular da energia elétrica. Os municípios aos quais mais tinham incidência dos casos são: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Águas Lindas e Valparaíso. Recentemente, a concessionária flagrou e autuou em mais de R$ 1 milhão um desvio de energia elétrica em uma empresa recicladora no município de Águas Lindas.

As autuações, chamadas de cobranças de consumo não registrado, se baseiam na quantidade de energia furtada da rede, no período que o uso irregular foi usado e na capacidade de carga usada pelo consumidor. Em relação ao caso mencionado anteriormente, foram mais de 6 anos de uso irregular pela empresa recicladora. Em todos os outros casos de furto, o valor referido à perda de energia goiana é repassado para os consumidores na forma de aumento na tarifa da conta de energia definido pela Aneel.

Por causa disso, o especialista reforça o pedido de colaboração com a população para denunciar possíveis casos de furto elétrico. Segundo ele, essas operações ilegais podem prejudicar a distribuição para residências ao redor do local que podem gerar interrupções, oscilações e sobrecargas. Além disso, há um aumento na chance de acidentes que podem acontecer com a fiação que não está mais protegida. “Fios que vão da rede direto para o imóvel, caixas padrão sem o medidor de energia e desperdício de energia [podem ser sinais de uso irregular da energia elétrica].”

Apesar disso tudo, afirma que não há especificidade de região ou classe quanto a energia furtada e pode ocorrer em todos os níveis sociais. “Temos todos os tipos de casos, desde furto para casas mais simples a condomínios de luxo que usam de forma irregular a indústrias e comércios”. O número telefônico para denúncias é no 0800-062-0196, e lembra que todas as denúncias são anônimas.

A Equatorial ainda lembra que o furto de energia é um crime e faz parte do Art. 155 do Código Penal Brasileiro sobre furtos e roubos. A Equatorial Goiás ainda pode acionar a Polícia Civil de Goiás (PCGO) caso haja reincidência de furto como já ocorreu com a prisão de 81 pessoas pelo furto da rede elétrica. Inclusive, este número é de 80% do total das pessoas que foram detidas pelo mesmo crime em 2023 com 100 pedidos de prisão em flagrante.