Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Demanda do transporte público de Goiânia caiu 43% nos últimos 10 anos

Transporte coletivo da Região Metropolitana perdeu 43% dos usuários nos últimos 10 anos. Valor da passagem deve subir ainda este mês

Postado em: 01-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Transporte coletivo da Região Metropolitana perdeu 43% dos usuários nos últimos 10 anos. Valor da passagem deve subir ainda este mês

Thiago Costa 

A demanda do transporte público de Goiânia caiu 43% nos últimos 10 anos, de acordo com uma pesquisa de satisfação realizada pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). Os usuários relataram aos pesquisadores que os principais problemas enfrentados para quem depende desse tipo de transporte são insegurança, péssimas condições dos ônibus e a baixa frequência de atendimento das linhas. 

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Em entrevista a imprensa local, o engenheiro civil e diretor técnico da CMTC, Benjamin Kennedy, explicou que a diminuição de usuários do transporte público não é apenas pela má qualidade dos serviços prestados. “Hoje a necessidade mudou. Não só dos usuários, mas da população de modo geral. Desde 2005 nós praticamente dobramos a nossa frota de automóveis e triplicamos a frota de motocicletas nas ruas de Goiânia. Então nossa população estava ansiosa em poder ter um bem e esse bem seria o veículo individual”, explica Benjamin.

O diretor técnico do órgão também ressalta que o governo acaba se esquecendo de priorizar o transporte coletivo, que fez esse meio de locomoção ‘parar no tempo’ enquanto as necessidades da população não foi atendida. 

Sobre o estudo, Benjamin negou que os dados que servirão para as análises de aumento do valor da passagem nos ônibus já esteja pronto. “Em relação ao aumento, apensar do presidente falar que ele está fechado, ainda não está. Está em andamento esse processo para verificar qual será esse novo valor”, informa o diretor técnico.

Benjamin ainda informou que não há a possibilidade de informar valores de aumento, mas na primeira quinzena de fevereiro, após a CMTC finalizar os estudos, os dados irão para a Agência Goiana de Regulação (AGR) e para a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC). Benjamin explicou que a Companhia aguarda que até o final de 2019 a prefeitura de Goiânia deva concluir projetos para instalar mais corredores preferenciais, que a CMTC pretende, após a instalação desses corredores, aumentar a oferta de viagens. 

Adeus ônibus 

O publicitário Lucas Lopes de Amorim reside em Trindade, na Região Metropolitana e trabalha no setor Sul, em Goiânia. Ele explica que o principal motivo pelos quais sentiu a necessidade de comprar uma moto foi para sair da péssima qualidade de vida que passava enquanto usava o transporte público de Goiânia. “Todos os dias, como eu moro em outro município, precisar dos ônibus me demandava muito tempo e eu passava por várias situações de risco”, conta.

Lucas afirma que nos últimos cinco anos o transporte público piorou muito. Segundo o publicitário, a falta de manutenção e a falta de veículos é um grave determinante para continuar como usuário desse tipo de transporte, mas que os usuários toleram pela falta de alternativa. Lucas explica que ele é um desses exemplos de pessoas que toleravam a situação por conta da precisão.

De acordo com Lucas, era comum ocasiões que o submetesse a condições stress. Durante suas idas e voltas do trabalho aconteceram inúmeras situações ruins. Lucas conta que, além da péssima qualidade física dos ônibus que enfrentava diariamente, esses veículos estragavam com frequencia, antes mesmo de chegarem aos terminais, o que o prejudicava bastante até no ambiente de trabalho, com recorrentes atrasos. 

Agora Lucas não depende mais de ficar horas dentro nos ônibus lotados. O publicitário conta que o trajeto que antes necessitava de aproximadamente 01h30 de casa para o trabalho, atualmente é concluído em uma média de 40 minutos. 

Assaltos 

O publicitário ressalta também a criminalidade como determinante para abandonar o transporte público de Goiânia. Ele explica que era comum ver criminosos fazerem arrastões dentro dos ônibus. “Tinha muito arrastão e foi neste momento que eu percebi que não dava mais. Sempre ouvia dizer que alguém havia levado facada ou tinha acontecido coisas ruins com as pessoas e por eu já ter passado por isso e todos os dias ter que usar o transporte público, pensei que em algum momento algo mais grave poderia me acontecer”, justifica Lucas.  

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