Como a cirurgia robótica está transformando a medicina moderna

Em Goiânia, o Hospital Israelita Albert Einstein atingiu a marca de mil cirurgias robóticas realizadas desde sua implementação em 2022

Postado em: 23-07-2024 às 07h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O grande diferencial da cirurgia robótica reside na combinação entre a precisão mecânica do robô e a experiência do cirurgião | Foto: Reprodução/Albert Einstein

A cirurgia robótica representa uma nova era na medicina, combinando tecnologia de ponta com a habilidade humana para proporcionar procedimentos mais precisos e menos invasivos. A afirmação é do médico cirurgião e chefe de equipe cirúrgica do Hospital Israelita Albert Einstein, Leonardo Emílio, que discutiu os avanços significativos desse tipo de procedimento, como uma evolução dos tratamentos cirúrgicos tradicionais, durante entrevista ao jornal O HOJE.

Antes da era da cirurgia robótica, a maioria das intervenções cirúrgicas envolvia incisões consideráveis no abdômen, proporcionando acesso direto aos órgãos internos. A introdução da cirurgia endoscópica na década de 1980 já representava um avanço significativo, permitindo que os cirurgiões realizassem procedimentos com cortes muito menores.

“A cirurgia endoscópica, ou videolaparoscópica, revolucionou a maneira como abordamos a cirurgia”, explica Emílio. “Ela trouxe a capacidade de realizar operações complexas através de pequenas incisões, o que reduziu significativamente o tempo de recuperação e os riscos associados.”

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No entanto, esses avanços vieram com desafios próprios. “A visão em duas dimensões e o uso de pinças longas limitam nossa capacidade de profundidade e precisão tátil”, destacou Emílio. Foi nesse contexto que a cirurgia robótica surgiu como uma solução promissora. “O robô cirúrgico permite que os cirurgiões realizem movimentos precisos dentro do corpo humano, replicando com fidelidade os movimentos das mãos humanas através de pinças miniaturizadas controladas por um console ergonômico”, detalha o especialista.

O grande diferencial da cirurgia robótica reside na combinação entre a precisão mecânica do robô e a experiência do cirurgião. “O cirurgião permanece no controle absoluto de todo o procedimento”, enfatiza o cirurgião. “É ele quem determina onde fazer incisões, realizar hemostasia, suturas precisas e outras manobras cirúrgicas críticas.”

O médico detalha que na cirurgia robótica, o cirurgião manipula braços robóticos a partir de um console de controle – joysticks, visualizando o campo cirúrgico em alta definição e em 3D. O método minimamente invasivo resulta em cortes menores, reduzindo o tempo de recuperação, o risco de infecções e a dor pós-operatória.

Esta colaboração entre a tecnologia avançada e a habilidade humana permite operações com uma precisão sem precedentes, resultando em menor trauma para os pacientes, menos tempo de recuperação e resultados clínicos superiores.

Além dos benefícios para os pacientes, a cirurgia robótica também oferece vantagens significativas para os cirurgiões. “O conforto ergonômico é um aspecto crucial”, disse Emílio. “Sentados confortavelmente no console [estrutura onde o médico fica sentado enquanto realiza a cirurgia], os cirurgiões têm uma visão tridimensional ampliada do campo cirúrgico, o que não apenas melhora a precisão, mas também reduz a fadiga durante procedimentos longos e complexos.”

No entanto, o uso da cirurgia robótica requer uma curva de aprendizado significativa. “Para operar o robô cirúrgico, os médicos devem passar por um treinamento extensivo e especializado”, explica Emílio. “É essencial que os cirurgiões já tenham experiência substancial em procedimentos convencionais antes de começarem a utilizar essa tecnologia avançada.” A habilidade do cirurgião em tomar decisões rápidas e precisas continua sendo fundamental, mesmo com o suporte do robô.

O médico cirurgião destaca que a cirurgia robótica representa um avanço impressionante na capacidade da medicina moderna de fornecer cuidados cirúrgicos avançados e personalizados. Combinando precisão mecânica com a perícia humana, essa tecnologia não só está transformando o campo da cirurgia, mas também está elevando os padrões de segurança, eficiência e resultados para pacientes em todo o mundo.

Goiânia atinge marca histórica de mil cirurgias robóticas 

Em Goiânia, o Einstein atingiu a marca de mil cirurgias robóticas realizadas, desde sua implementação em 2022. A tecnologia que já estava disponível no Brasil desde 2008, foi introduzida em Goiânia com a inauguração do Hospital Israelita Albert Einstein. A quantidade de procedimentos realizados desde então superou as expectativas.

Para o diretor médico da Rede Cirúrgica Einstein, Sérgio Araújo, o crescimento da cirurgia robótica em Goiânia foi significativo, sendo pioneiro no Estado. “A mesma qualidade e segurança das cirurgias realizadas no Einstein São Paulo foi levada a Goiânia, com apoio para que todos os cirurgiões fossem treinados por colegas experientes da unidade paulista”, explica Araújo.

A cirurgia robótica na unidade de saúde tem se destacado no tratamento de doenças da próstata, além de procedimentos no aparelho digestivo, ginecológicos e torácicos.

“A cirurgia robótica está associada à redução do tempo de internação, maior preservação da função sexual e urinária, menos complicações, menores taxas de infecção e um retorno mais rápido às atividades diárias, proporcionando mais qualidade de vida aos pacientes”, afirma o diretor.

O diretor médico do Einstein Goiânia, Felipe Piza, acrescenta que a tecnologia veio para ficar. “Temos excelentes médicos em Goiânia já capacitados na plataforma de cirurgia robótica e, em parceria com a rede cirúrgica do Einstein São Paulo, chancelamos cirurgiões robóticos proctors, que são mentores locais para nossos cirurgiões quando ainda estão em formação”, destaca.

O desafio agora, segundo Piza, é ampliar ainda mais o acesso para outras especialidades cirúrgicas. “Demonstrando que é um tratamento padrão ouro em muitos casos, garantindo maior precisão, segurança e retorno precoce às atividades, beneficiando a saúde e bem-estar dos pacientes”, finaliza.

O Hospital Israelita Albert Einstein é pioneiro em cirurgia robótica no país, realizando o primeiro procedimento em 2008. Desde então, a organização ampliou o número de profissionais aptos a utilizar a tecnologia.

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