Crea envia à Prefeitura de Goiânia um ofício alertando diagnóstico da Marginal

Ofício enviado ao prefeito pede que canal construído há 35 anos passe por diagnóstico para detectar problemas

Postado em: 02-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ofício enviado ao prefeito pede que canal construído há 35 anos passe por diagnóstico para detectar problemas

Isabela Martins*

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea) enviou à prefeitura de Goiânia um oficio alertando sobre a necessidade de realização de um diagnóstico na bacia do Córrego Botafogo. A prefeitura ainda não acatou a decisão de executar o estudo. O canal foi construído há 35 anos e, segundo o Crea, possui uma tecnologia que não se usa mais. A resistência do concreto usado na obra também seria bem diferente da utilizada atualmente, além de ter passado por poucas manutenções. 

Segundo o presidente do Crea, Francisco Almeida, só esse levantamento poderá apontar quais serviços poderão ser executados para dar mais segurança pelos próximos 20 ou 30 anos para o canal.“Muitas vezes as infiltrações passam embaixo do córrego. Dentro do canal tem muita água de esgoto, que são altamente corrosivas e podem penetrar em sua estrutura causando erosões. Tudo isso precisa ser avaliado por meio de uma radiografia”, explicou Francisco. Ainda segundo o presidente, durante a realização do diagnóstico e execução de possíveis problemas não será necessário a interdição da Marginal.

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Licitação cancelada 

O Conselho lembra que a prefeitura já tinha licitado esse estudo e agora decidiu que não quer assinar o contrato. “Vimos à declaração do titular da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Dolzonan Matos, e ficamos assustados porque não foi esse o combinado com o MP [Ministério Público] e solicitado ao prefeito, pelo Crea. Eles cumpriram todas as regras, licitaram o projeto e simplesmente recuaram”. 

A prefeitura diz que a obra está pronta, mas segundo o órgão, só foram feitos reparos.  “Esses curativos eram necessários, mas não matou o mal pela raiz. Não adianta fazer uma obturação sem tratar o canal. O estudo é necessário para evitar acidentes e prejuízos”. 

No documento enviado ao prefeito foi feito o pedido para que se faça o levantamento da estrutura do canal. “Por isso entregamos uma carta ao prefeito solicitando que o contrato seja assinado. E que se faça o levantamento hidrológico da bacia e da estrutura para chegarmos à solução mais adequada para manter o canal que está localizado em um espaço que recebe mais de 100 mil carros diariamente. Não podemos negligenciar uma artéria de Goiânia”, afirmou o presidente do Crea.

Avaliação da estrutura 

De acordo com Francisco, especialistas enviaram comunicado ao MP e ao prefeito falando sobre a avaliação necessária. “Os especialistas do Crea já tinham comunicado ao MP e ao prefeito a necessidade de se fazer um diagnóstico hídrico e avaliação da estrutura do canal para saber como ele está funcionando, como está sua estrutura de concreto e se está em condições de aguentar a quantidade de água que é jogada na Marginal”.

O presidente do Crea ainda não obteve resposta sobre o ofício e irá levar uma cópia do documento ao Ministério Público. “O Crea não quer criticar ninguém. Apenas colaboramos com o desenvolvimento sustentável da cidade. Nossa opinião é totalmente técnica”.

17 pontos

No ofício, o Crea afirma que as intervenções realizadas em 17 pontos do canal que apresentavam problemas não são ações de planejamento de médio a longo prazo, uma vez que foram executadas sem qualquer estudo ou serviço relativo ao aumento da área de vazão do canal e temas correlatos. Outro fator é que atualmente, recebe um volume de água acima da capacidade que foi projetado.

O presidente do Conselho afirma ainda que tem manifestado preocupação quanto ao potencial gerador de problemas graves ao longo do canal há anos em diversas ocasiões. “É essencial que seja elaborado conjuntamente com os trabalhos de diagnóstico do sistema de macrodrenagem do Córrego Botafogo, estudos hidrológicos de todas as suas bacias de contribuição”. 

A prefeitura não se manifestou sobre esse assunto até o fechamento desta edição. (Isabela Martins é estagiaria do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Cristhyan) 

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