Cresce procura por defesa pessoal entre os anos de 2006 e 2017 no Brasil

Objetivo desse tipo de treinamento é ensinar estratégias de sobrevivência em situações de violência

Postado em: 02-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Objetivo desse tipo de treinamento é ensinar estratégias de sobrevivência em situações de violência

Higor Santana*

De acordo com uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, elaborada pelo Ministério da Saúde, entre os anos de 2006 e 2017, cresceu a procura pelas modalidades de luta no país. Artes marciais como o Judô, Karatê, Kung Fu e modalidades de defesa pessoal como o Krav Maga e Muay Thay aumentaram 109%.

Desenvolvido na década de 1940, por Imi Lichtenfeld, o Krav Maga é a modalidade que permite a qualquer pessoa, independentemente do sexo, idade ou força física, se defender de agressões vindas de uma ou mais pessoas, armadas ou não. Atraindo ainda mais quem se interessa por esse tipo de luta.

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Sandro Abelardo é instrutor de Krav Maga em Goiânia. E de acordo com ele, para quem busca se defender com agilidade e facilidade, a luta é a modalidade mais indicada. “Muito prática e muito fácil de aprender. Trabalha muito com torções, quebramentos e golpes baixos, 90% são golpes baixos. Se tiver, por exemplo, que se defender de mais de uma pessoa, você leva vantagem. A gente tem que bater com, no máximo, dois golpes para ter vantagem contra uma agressão onde muitas pessoas partem de uma vez. Tem que finalizar rápido”, orienta o instrutor.

Quando o assunto é defesa pessoal, o primeiro questionamento é se a reação pode ser um fator de agravamento da violência. Segundo o Grão Mestre Kobi Lichtenstein, responsável por introduzir o Krav Maga no Brasil, tudo o que fazemos é uma reação, e a questão está no controle dessas reações. De acordo com o mestre, quando nos deparamos com uma agressão, muitos de nós podemos nos desesperar, chorar ou agir impulsivamente. O treinamento adequado de Krav Maga pode nos dar a possibilidade de controlar nossas reações e de agirmos dentro de nossa área de segurança.

Para Halan Lima, de 40 anos, a modalidade de luta é fundamental para um bom condicionamento físico. “Treino artes marciais desde os 14 anos de idade. Vi um aluno praticando Krav Maga e me interessei. Sinto que me proporciona mais atenção e no meu caso, saúde, para não ficar sedentário. Manter a saúde e o corpo bem é fundamental”, disse.

Com respostas simples, rápidas e objetivas para situações de violência do dia a dia, o Krav Maga é mundialmente reconhecido como defesa pessoal e não como arte marcial. Por isso, não há competições no Krav Maga e o objetivo é somente voltar vivo para casa.

Cuidados

Apesar de ser uma boa arma na defesa pessoal, essa modalidade de luta pode ser perigosa quando utilizada de forma incorreta. É o que explica o também instrutor de defesa pessoal e agente de segurança privada, Nilton Teixeira. “Algumas pessoas acabam marginalizando o Krav Maga, mas não sabem que todo aluno já tem orientação do que é lesão corporal. Quem usa o Krav Maga como defesa pessoal, é constatado que usou para se defender. Mas se ele se mete em uma briga e qualifica uma briga com o Krav Maga, será processado como lesão corporal qualificada. Porque ele tem o conhecimento e preparo na modalidade”, afirma.

Nível de atividade

O nível de atividade física dos adultos pode ser avaliado em quatro domínios: no tempo livre, na atividade ocupacional, no deslocamento e no âmbito das atividades domésticas. São considerados ativos, os adultos que praticam atividades físicas por pelo menos 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana, ou pelo menos 75 minutos semanais de atividade física, de intensidade vigorosa. 

Caminhada, caminhada em esteira, musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais ou luta, ciclismo, voleibol e dança foram classificados como práticas de intensidade moderada. Já corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica, futebol, basquetebol e tênis compõem o grupo de práticas de intensidade vigorosa.

Segundo o instrutor Sandro, lutas com enfoque em defesa pessoal contribuem para que quem pratique, se exercite diariamente dentro de seus limites. “Emocionalmente, o Krav Maga forma pessoas mais seguras. Para se enfrentar situações de risco é preciso capacidade mental, e isso é adquirido por meio de práticas orientadas pelo instrutor”, afirma. 

Praticantes de lutas afirmam que benefícios extrapolam os treinos  

A prática também influencia no comportamento. Atenção, disciplina, seriedade, saber diferenciar o certo do errado e usar o autocontrole são aspectos presentes nessas modalidades. O resultado de tudo extrapola os treinamentos e se reflete na qualidade de vida das pessoas. Hoje, homens e mulheres, civis e militares, adotam a prática de defesa pessoal no mundo inteiro por segurança.

Como é o caso do advogado Flávio Miranda. O rapaz de 33 anos treina há cerca de sete meses, e conta que passou por uma situação que o motivou a procurar uma modalidade de defesa pessoal. “Eu comecei querendo fazer boxe, mais encontrei com o instrutor Sandro. Foi aí que fiz a primeira aula e não parei mais. Já tive problemas de violência há cerca de oito anos. Estava no interior com meu pai, quando por algum motivo alguém arrumou uma confusão com meu pai e fui tentar defende-lo. Foi quando vieram cerca de cinco ou seis pessoas e começaram a me agredir bastante, tive até de ser levado para um hospital. Com o preparo que adquiri, sei que hoje seria diferente se acontecesse”, relatou.

Corpo saudável

Segundo a pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, há uma predominância do hábito de praticar algum tipo de luta entre homens e pessoas nas faixas etárias de 18 a 24 anos com 49,1% e 25 a 34 anos com 44,2%. Outra relação evidenciada pelo ministério é o grau de escolaridade dos desportistas, considerando que 47% dos brasileiros que praticam atividade física já têm completos 12 anos ou mais de educação formal.

Ranking 

As capitais brasileiras onde menos se pratica atividade física, conforme a pesquisa, são São Paulo (29,9%), João Pessoa (34,45) e Recife (35,2%). Brasília, considerada na pesquisa como Distrito Federal por englobar as cidades vizinhas (49,6%), Palmas (45,9%) e Macapá (45,5%), por outro lado, apresentam os melhores índices.

A quantidade de atletas corredores aumentou 194% no país. Ao mesmo tempo o futebol, esporte mais praticado no Brasil, vem perdendo espaço nas capitais brasileiras. Durante o intervalo analisado, o total de praticantes da categoria desportiva caiu quase pela metade (43,5%).

Segundo o Ministério da Saúde, a caminhada é o exercício físico mais comum, sendo praticado por 33,6% da população. Na sequência, aparecem a musculação (17,7%), o futebol (11,7%) e as lutas e artes marciais (2,3%). (Higor Santana é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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