PIB agradece, mas a natureza sofre: os desafios do agronegócio no Brasil

Consultor especializado em agronegócio comenta a relação entre a produção agrícola e práticas sustentáveis para preservação do meio ambiente

Postado em: 25-07-2024 às 05h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O agronegócio responde por mais de um quarto do PIB do País, o que representa 27% do total | Foto: Divulgação/Sou Agro

Não é novidade que o setor do agronegócio apresenta uma contribuição expressiva para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Dados da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, mostram que o agronegócio responde por cerca de 20% dos empregos formais e por mais de um quarto do PIB do País, o que representa 27% do total. Só para se ter uma ideia, o setor somou R$ 403,3 bilhões em 2020.

Porém, apesar de toda esta contribuição com a economia, há um alerta por parte de especialistas em biodiversidade, sobre as inúmeras consequências negativas decorrentes dessas atividades, como a contaminação da água por causa em decorrência do uso de insumos, o que pode contribuir para a escassez hídrica.

Assim, é preciso refletir que o agronegócio brasileiro se posiciona não apenas como um dos pilares fundamentais da economia do país, mas também como um protagonista crucial na busca por práticas sustentáveis e na mitigação dos impactos ambientais, especialmente no que diz respeito à emissão de gases do efeito estufa.

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Ênio Fernandes, consultor especializado em Agronegócio, compartilha insights valiosos sobre como o setor agrícola está não só respondendo aos desafios ambientais, mas também liderando inovações que podem servir de exemplo para o mundo.

Fernandes destaca que o Brasil, com sua vasta extensão de terras dedicadas à agricultura, tem um papel crucial na captura de carbono e na produção sustentável de alimentos. “O agro brasileiro não se limita a atender a demanda global por alimentos, mas também contribui significativamente para a mitigação das mudanças climáticas”, afirma.

O especialista aponta para práticas como o plantio direto, que não só reduzem o consumo de combustíveis fósseis ao minimizar a necessidade de aração do solo, mas também promovem a sequestração de carbono através da preservação da matéria orgânica.

Além das práticas de manejo sustentável, Fernandes ressalta o potencial dos biocombustíveis como uma peça chave no futuro energético do Brasil. “Estamos testemunhando um aumento na utilização de biodiesel e etanol, não apenas como alternativas mais limpas aos combustíveis fósseis, mas também como meios eficazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte”, explica. 

Ele menciona o crescente mercado de Safe Aviation Fuel (SAF), destacando o papel do país na produção de biocombustíveis para aviação, uma área que está se expandindo globalmente.

Goiás, um dos principais estados agrícolas do Brasil, desempenha um papel crucial nesse contexto. “Com regiões de altíssima tecnologia agrícola como Rio Verde e Jataí, Goiás não só lidera na produção de grãos como soja e milho, mas também na pecuária e na produção de biocombustíveis derivados de culturas como a cana-de-açúcar”, destaca Fernandes. 

Ênio enfatiza que o estado está posicionado estrategicamente no coração do país, o que facilita a distribuição de biocombustíveis para diferentes regiões do Brasil e até mesmo para o exterior.

“A relação entre agronegócio e meio ambiente nunca foi tão evidente quanto agora”, observa Fernandes. Ele destaca que a sustentabilidade se tornou uma prioridade indiscutível para os produtores brasileiros, não apenas por razões ambientais, mas também porque práticas sustentáveis muitas vezes se traduzem em maior eficiência e rentabilidade a longo prazo.

“Os agricultores estão cada vez mais conscientes de que investir em práticas que respeitem o meio ambiente não é apenas a coisa certa a se fazer, mas também uma decisão inteligente do ponto de vista econômico”, afirma.

Olhando para o futuro, Fernandes acredita que o Brasil está bem posicionado para continuar liderando iniciativas globais de sustentabilidade no agronegócio. “Com inovações tecnológicas contínuas e um compromisso renovado com a sustentabilidade, podemos não apenas atender à crescente demanda por alimentos e energia, mas também ajudar a moldar um futuro onde a agricultura e o meio ambiente coexistem de maneira harmoniosa”, salienta.

Fernandes ressalta que o agronegócio brasileiro não só está na vanguarda da produção agrícola mundial, mas também está liderando a transição para um modelo mais sustentável e resiliente, demonstrando que é possível conciliar crescimento econômico com responsabilidade ambiental.

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