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domingo, 24 de novembro de 2024
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Operação

Do sequestro à falsa gravidez: caso da médica que raptou recém-nascida

Inspetor da Polícia Rodoviária Federal de Goiás, Jander Costa deu detalhes de como a mulher foi presa

Postado em 26 de julho de 2024 por Ronilma Pinheiro
Claudia Soares Alves

O Inspetor da Polícia Rodoviária Federal de Goiás, Jander Costa, deu detalhes de como a operação de resgate da recém-nascida que foi sequestrada por uma médica goiana em Uberlândia, foi conduzida. “Recebemos informações cruciais de uma testemunha, que é parente de um dos médicos do hospital. Essa testemunha, por sua vez, é ligada a um dos nossos policiais rodoviários. Com base nessas informações, nossa inteligência conseguiu localizar o veículo descrito, identificado na BR-365 e posteriormente na BR-153, no sul de Goiás”, explica.

O rastreamento detalhado permitiu à polícia identificar o endereço da suspeita. “Compartilhamos essas informações com a polícia civil, que realizou uma busca no local. Encontraram a criança em bom estado de saúde, a qual foi imediatamente levada para uma unidade hospitalar. A médica foi presa no local”, acrescenta o inspetor.

Claudia Soares Alves, de 42 anos, tentou justificar seus atos alegando ter ingerido medicamentos na noite anterior, o que teria desencadeado um surto e a levado a cometer o sequestro. No entanto, as autoridades contestam essa versão. “Encontramos diversos objetos para recém-nascidos tanto na residência quanto no carro dela, como banheira, fraldas e roupas infantis. Isso nos leva a crer que o sequestro foi premeditado, possivelmente para uma adoção irregular e ilegal”, detalha Jander Costa.

O desfecho do incidente foi rápido e feliz para a família da criança, que já foi reintegrada aos seus pais. A polícia reforça a importância da confiança da população nos serviços de segurança pública e continua investigando o caso para esclarecer todos os detalhes do ocorrido.

O caso coloca em destaque a necessidade de vigilância constante e ação rápida por parte das autoridades para proteger a integridade das crianças e garantir a segurança nas instituições de saúde. A atuação coordenada entre a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Civil exemplifica a importância da colaboração entre diferentes órgãos para o sucesso de operações complexas como essa, segundo o inspetor.

Outra alegação da suspeita para tentar amenizar as consequências judiciais de seus atos é que está grávida e por isso precisou parar de tomar os medicamentos indicados por seu médico. A informação foi divulgada para a imprensa pelo advogado de defesa da suspeita. A Polícia Civil, no entanto, nega essa afirmação e destaca que a mulher passou por exame de corpo de delito no Hospital Municipal Modesto de Carvalho e que durante o procedimento, os médicos descartaram a gravidez.

O caso mobilizou intensamente as autoridades locais, resultando na prisão de Claudia após 12 horas de buscas na manhã seguinte, em Itumbiara, cidade que fica a 208 km de Goiânia. O sequestro ocorreu quando Claudia, agindo sob circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas, conseguiu acesso à maternidade do hospital e, se passando por uma pediatra, levou consigo a bebê. 

As buscas pela criança e pela sequestradora mobilizaram a polícia local e também as autoridades goianas, causando apreensão na comunidade médica e na população de Uberlândia. Após um esforço conjunto das forças de segurança, Cláudia foi localizada quando tentava fugir após deixar a recém-nascida sob os cuidados de uma funcionária em sua própria clínica.  Apesar de ter declarado à polícia, que agiu por impulso durante um surto, durante o interrogatório oficial, a suspeita ficou em silêncio.

Quem é Claudia Soares Alves

Claudia Soares Alves, formada em neurologia, se passou por médica pediatra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), em Minas Gerais, para sequestrar a recém-nascida na última terça-feira (23).

A mulher é uma profissional reconhecida no meio acadêmico, com uma trajetória marcada por conquistas significativas. Ela é conhecida por seu trabalho como professora na Universidade Estadual de Goiás e recentemente foi aprovada como docente na Universidade Federal de Uberlândia, especificamente no curso de Medicina.

Sua formação em medicina pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em novembro de 2004 foi seguida por uma especialização em clínica médica na Universidade Federal de Uberlândia, concluída em janeiro de 2007. Posteriormente, obteve o título de neurologista, consolidando-se como uma especialista na área.

Além de sua atuação como professora e médica, Cláudia está envolvida em atividades acadêmicas de pós-graduação. Atualmente, é aluna de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás, com foco em Neurologia e doenças desmielinizantes, conforme informações disponíveis em seu site profissional.

Desvendando o surto psicótico: o que é e como lidar com essa condição

O surto psicótico, um estado marcado por alucinações e delírios, representa um desafio significativo tanto para os indivíduos que o experimentam quanto para suas redes de apoio. A psiquiatra Ana Carolina Lopes Campos detalha esta condição complexa, destacando seus sintomas, causas e estratégias de manejo.

Segundo ela, alucinações são percepções sensoriais que ocorrem na ausência de estímulo externo real, podendo incluir visões, sons, cheiros, sabores e sensações táteis que não têm base na realidade. Por outro lado, os delírios são crenças firmemente mantidas, mesmo quando são claramente falsas ou improváveis para outros. Essas manifestações podem variar em intensidade e conteúdo, mas são caracterizadas por sua natureza irrefutável para a pessoa afetada.

“É fundamental entender que um surto psicótico pode ocorrer em qualquer fase da vida de um indivíduo, influenciado por diversos fatores”, pontua. Predisposições genéticas desempenham um papel importante, assim como eventos estressantes na vida do paciente e o uso de substâncias psicoativas, como drogas ilícitas e álcool. “Esses elementos podem desencadear um episódio único e transitório, que pode ser tratado eficazmente com intervenções apropriadas, ou indicar o início de uma doença psiquiátrica crônica, como a esquizofrenia”, detalha.

Quando uma pessoa está passando por um surto psicótico, é crucial abordar a situação com empatia e cautela. Tentativas de confrontar a realidade percebida pela pessoa são geralmente ineficazes e podem até mesmo intensificar a crise.

Ana Carolina enfatiza a importância de encaminhar o indivíduo para atendimento especializado, onde profissionais treinados podem fornecer suporte e intervenção adequados. Em casos de comportamento agressivo ou autodestrutivo, chamar ajuda emergencial, como o Samu ou os bombeiros, é recomendado para garantir a segurança de todos os envolvidos.

Após o tratamento adequado, que pode incluir terapia medicamentosa e psicoterapia, muitos pacientes experimentam uma remissão significativa dos sintomas psicóticos. O suporte contínuo da família e dos amigos desempenha um papel crucial no processo de recuperação, ajudando o indivíduo a reconstruir seu senso de realidade e estabilidade emocional.

Para prevenir surtos psicóticos transitórios, é aconselhável adotar um estilo de vida saudável, que inclua a abstinência de substâncias psicoativas, prática regular de atividades físicas e o cultivo de uma rede de apoio social forte. Alterações no padrão de pensamento, como um aumento súbito do pessimismo ou uma diminuição drástica na energia e interesse por atividades cotidianas, podem ser indicativos precoces de estresse psicológico que requer atenção profissional.

“É importante ressaltar que, embora pessoas em surto psicótico possam manifestar comportamentos intensos e até mesmo confusos, a ideia premeditada e cruel de cometer um crime não está alinhada com transtornos mentais”, afirma a especialista. Ela salienta que a compreensão cuidadosa e o apoio são essenciais para ajudar indivíduos afetados a recuperar o controle sobre suas vidas e enfrentar desafios futuros com resiliência.

A psiquiatra destaca que o surto psicótico representa uma fase delicada e desafiadora para quem vivencia e para aqueles que estão ao seu redor, mas com intervenções adequadas e suporte contínuo, é possível promover uma recuperação significativa e ajudar os pacientes a retomarem uma vida plena e satisfatória.

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