Por falta de cuidados, Praça Cívica sofre com problemas de infraestrutura

Falta de cuidados pode fazer com que todo o dinheiro gasto para a reforma e revitalização da Praça seja em vão

Postado em: 07-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Falta de cuidados pode fazer com que todo o dinheiro gasto para a reforma e revitalização da Praça seja em vão

Thiago Costa 

Reinaugurada em 2016, a Praça que é a porta de entrada do Governo Estadual onde  parte do público utiliza para descanso ou o lazer tem problemas que precisam ser resolvidos pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), para que o local não volte a ser como antes. O que mais se encontra na Praça Cívica são buracos causados pelo desgaste das pedras colocadas nos passeios. Os bancos estão sujos, há mato entre as plantas, os bancos já estão danificados e alguns até sem uma parte do mármore sobre o concreto. 

Além destes problemas causados pela falta de manutenção, deficientes visuais podem sofrer mais ainda ao passar pela Praça, já que são vários os pontos que as passarelas acessíveis para esse público estão cobertas de terra e lama, em diferentes trechos da Praça. 

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Após passar por 18 meses de reforma, a benfeitoria foi totalmente entregue à população, no dia 31 de agosto de 2016. Durante a reforma, foram feitas as calçadas e a recuperação paisagística. À época, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) explicou que a reforma faz com que o local aproxime a Praça ao projeto original, de 1930. 

A Praça Cívica, que é de responsabilidade da Prefeitura de Goiânia, era, em sua maioria, de asfalto. Agora, o piso é de pedra portuguesa. A reforma também restaurou obeliscos, os quiosques e os bancos. Na ocasião foram plantadas novas espécies de árvores e instaladas centenas de luminárias.

O mestre de obras Valdomiro Aleixo visita a Praça em média duas vezes por semana durante o período da tarde para descansar. Ele afirma que, comparando o alto valor gasto para reformar o local, a situação não está boa. Ele explica que a falta de manutenção, inclusive onde os deficientes precisam passar é um descaso do poder público. “Isso aqui é um símbolo de Goiânia. Eu moro aqui praticamente desde quando começou Goiânia. Cheguei em 1958 e, se a estrutura fosse zelada, seria até melhor para nosso lazer. Comparando com agora, o estacionamento que tinha aqui antes era melhor porque pelo menos servia para estacionar os carros” compara Valdomiro. 

Segundo ele, mesmo passados alguns anos as obras ainda estão inacabadas. Valdomiro reclama que nunca viu as fontes luminosas de água ligadas. Ele encara como algo negativo para o município a fonte luminosa não estar ligada e garante que se tudo estivesse como deveria, mais famílias levariam suas crianças para divertirem na praça, já que crianças são atraídas por essa iluminação que alegra os ambientes.

O mestre de obras diz que sempre passou pela calçada da praça para buscar sua esposa, que trabalhava do outro lado, mas que agora é só um espaço grande. “Isso aqui ficou praticamente inútil. Se tivesse alguma benfeitoria atrativa, se a fonte luminosa estivesse funcionando, se existisse alguma diversão, teria mais gente. É um espaço grande, mas falta uma melhor administração”, reclama. 

Ele utiliza os bancos para descanso, mas reclama que estão muito sujos e o tempo já começou a agir nessas estruturas instaladas por toda a parte da praça.  O mestre de obras não leva seus netos e familiares ao local justamente pela falta de atração, já que sequer a iluminação da fonte é ligada. 

Monumento 

Durante a reforma, a estátua de Pedro Ludovico Teixeira foi transferida para um local com mais de três metros de altura, sem contar a própria metragem da obra, que tem 7 metros de altura, 1,8 metros e largura e 3 metros de comprimento, o que a faz, em determinados pontos, por conta das árvores que ficam ao redor da estátua, ser impossível vê-la. A estátua custou aos cofres públicos R$ 423.690 mil que teve primeiramente verba da Prefeitura e, no final, recebeu recursos do Governo Estadual. 

Antes, a obra em homenagem a Pedro Ludovico Teixeira, fundador de Goiânia, estava instalada frente ao palácio que leva o seu nome. Agora, a estátua está fixada próxima a antiga Secretaria de Finanças, que foi demolida e no local instalada outra obra que foi feita pelo artista plástico Siron Franco, mas que, durante a visita da nossa reportagem estava com muita lama à sua volta, que impossibilita, inclusive, a passagem de pedestres pela calçada.

Em nota, a Comurg informou que já estava no local, realizando diversas ações, desde o começo da manhã desta quarta-feira (6). Ainda de acordo com o comunicado, equipes noturnas também estão escaladas para darem prosseguimento à limpeza geral e manutenção na Praça Cívica e imediações.  

Reforma de 2016 acabou com vagas de estacionamento na Praça Cívica 

Desde a revitalização da Praça Cívica, que foi finalizada em 2016, após 18 meses de reforma, não é mais permitido os veículos estacionarem no local. Antes, a praça tinha piso de asfalto e agora é de uma pedra portuguesa avermelhada. O local onde fica o Governo Estadual ganhou estacionamento em 1980 e a capacidade era para 300 veículos, mas a partir da revitalização que terminou em agosto de 2016, começou a proibição de veículos estacionarem no local.

A Praça, que era lotada com carros, principalmente durante o meio de semana, quando as pessoas deixavam seus veículos no local para irem trabalhar ou até mesmo aquelas pessoas que buscavam o Centro da Capital para resolver questões pessoais ou fazer compras. A poucos quarteirões do local é a Avenida Anhanguera, uma das principais avenidas de Goiânia e com um alto número de comércio, que atende desde os clientes que procuram algo mais simples a compras mais complexas. Esse público também foi afetado com a retirada do estacionamento da Praça Cívica.

Serviços

Não foram apenas os motoristas que sofreram diretamente com a ausência de estacionamento na Praça. Flanelinhas e lavadores de carros que trabalhavam no local tiveram que mudar de local e viram sua fonte de renda ir por água abaixo com a retirada do estacionamento do local

De acordo com o advogado Augusto Santos, que à época trabalhava nas proximidades da Praça Cívica, a Capital ganhou uma obra muito bonita, mas com um custo de um déficit de estacionamento para a região que é muito movimentada. “Já era difícil estacionar quando existiam vagas por aqui. Agora então, fica impossível parar sem ser em um estacionamento pago. Mas a praça ficou bonita, limpa, boa de vir com a família também. Ficou legal, mas o jeito é vir a pé”, ressaltou o advogado.

O então presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiânia (CAU), Arnaldo Mascarenhas, chegou a conversar com a imprensa sobre o impacto negativo da retirada do estacionamento da região. De acordo com os relatos de Arnaldo na época, muitas dificuldades seriam enfrentadas pelos motoristas, já que os prédios das redondezas não possuem garagem e estacionamentos particulares, que cobravam de mensalistas naquele ano uma média de R$ 280. “Isso vai agravar a situação, pois não temos [na época] um plano de garagens de estabelecimentos públicos e privados”, informou.

Algumas pessoas concordavam com a decisão de retirar o estacionamento da região, como é o caso da vendedora Conceição Góes, que disse que a revitalização iria proporcionar vida à praça. “Isso aqui está muito simples e o estacionamento deixa tudo muito feio. Acho que a área deveria ser uma atração turística, pois está no Centro e é a sede do governo”, ressaltou.

De acordo com o corretor de imóveis, Hérmes Alves de Lima, ele leva os filhos para a Praça nos finais de semana, quando o estacionamento já não era permitido, para que eles pudessem brincar. O corretor elogiou a revitalização, pois, de acordo com ele a reforma foi melhor para a cidade. 

 

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