Mais de 3 mil ocorrências de incêndio urbano foram registradas em Goiás

Em períodos de extrema seca as ocorrências aumentam consideravelmente no perímetro urbano

Postado em: 08-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em períodos de extrema seca as ocorrências aumentam consideravelmente no perímetro urbano

Thiago Costa 

Em 2018 o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM) foi acionado para atender 3.353 ocorrências de incêndio urbano em todo o Estado. São praticamente nove chamadas por dia em Goiás, número que preocupa as autoridades. Em 2017 foram 5.174 e, de acordo com o Corpo de Bombeiros, a diminuição desses números é graças ao trabalho preventivo feito pela corporação. 

Embora o ano de 2018 tenha registrado estatísticas menores, nesses dois anos o mês que o órgão mais recebeu chamadas para atender combater os incêndios em instalações nos municípios goianos foi em agosto, quando foram registradas 590 emergências em 2017 e 361 no ano passado. O motivo de maiores índices em agosto são que os incêndios em vegetação são mais predominantes neste mês. Isto ocorre pelas condições favoráveis como, por exemplo, a umidade baixa, os ventos e o calor.

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Na última sexta-feira (1°) a corporação de Goiânia foi acionada para apagar chamas de fogo de uma sala comercial do edifício Aquários Center, no setor Bueno, na Capital. A corporação informou a um portal on-line que as chamas ficaram concentradas em um sofá, o que foi rebatido pelo síndico do prédio, que informou que o incêndio ocorreu após um curto-circuito que queimou computadores em uma sala de call-center, onde, de acordo com ele, não há sofá.

Segundo os bombeiros que participaram da operação que foi considerada uma ocorrência de pequenas proporções, apesar da grande quantidade de fumaça nenhuma pessoa se machucou e foi possível informar o que realmente causou o foco de incêndio na sala comercial do prédio. 

Em outubro de 2018 o empresário Rafael Barbosa, proprietário de um boliche e bar localizado às margens GO-040, no Setor Jardim Tropical,   em Aparecida de Goiânia, levou um prejuízo avaliado em R$ 1,5 milhão após seu comércio pegar fogo pela madrugada. As chamas invadiram os 700 metros do comércio, entre as oito pistas de madeira, mesas e cadeiras de plástico que, de acordo com o empresário, podem ter contribuído para as chamas se espalharem.

Rafael havia se tornado o administrador do comércio de ambiente familiar recentemente e à época ficou bastante emocionado com o ocorrido. “Tinha sete funcionários. Estava indo bem. A gente estava reerguendo o ponto. Recentemente eu peguei a administração dele. O que a gente vai tentar fazer agora é reerguer e tentar trazer esse estabelecimento familiar de volta. É ter força e trabalhar, subir de novo”, afirmou. 

De acordo com a corporação que atendeu a chamada de emergência, foram necessários sete veículos para combater as chamas no local. Além dos veículos, foi necessário o uso de uma escada de 34 metros para alcançar as partes altas do comércio e levar a água para conter o fogo onde os veículos não chegaram. 

Em setembro de 2018 uma academia também foi invadida pelas chamas durante a noite, enquanto nenhum funcionário ou cliente estava no local. O prejuízo estimado pelo proprietário foi de R$ 500 mil apenas em equipamentos. A academia que ficava no Setor Sul, em Goiânia, pode ter pegado fogo após as chamas terem início no climatizador e ventilador. 

Na emergência foram deslocados para a academia 20 bombeiros e foram usados seis mil litros de água, para que o fogo não atingisse as casas próximas. De acordo com os Bombeiros, como o piso era emborrachado, o fogo teve maior facilidade para se propagar no ambiente. “Os proprietários nos disseram que um ventilador estava com problemas elétricos e, provavelmente, foi nele que começou esse incêndio. A estrutura do prédio ficou comprometida, parte dela até sucumbiu”, informou o Tenente Adão Rocha. 

De acordo com a assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, a corporação desenvolve diversos trabalhos preventivos, mas em situação de emergência, é realizado o direcionamento do socorro especializado para cada ocorrência. Além do combate a incêndio, temos o salvamento (altura, terrestre e aquático), o resgate pré-hospitalar, buscas de pessoas, atividades de defesa civil, inspeções técnicas, resgate de corpos e outras. Geralmente, após o acionamento, nosso centro de operações destina os recursos humanos e materiais para cada situação.

Um dos principais fatores responsável por iniciar incêndios são problemas relacionados à eletricidade. Instalações elétricas mal projetadas, sobrecargas e gambiarras são os campeões. As velas e os fogões também são responsáveis por boa parte dos incêndios residenciais. A má utilização de materiais quentes como ferro de passar roupas, cerâmicas para cabelo e sanduicheiras trazem um grande risco, por isso o cuidado com esses equipamentos precisa ser redobrado.

Extintor 

Os extintores de incêndio são equipamentos que são utilizados para o combate a princípios de incêndio por conterem pequenas quantidades de agente extintor sob pressão. Em situações em que o incêndio, mesmo que em pequenas proporções, é necessário o acionamento dos bombeiros militares pelo telefone 193 para garantir a segurança e aumentar a efetividade do combate.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, em um início de incêndio um extintor consegue cumprir o papel para cessar o fogo. Em relação a um sofá que tenha tido o início das chamas, desde que se use o extintor corretor e, principalmente, que isto ocorra na fase inicial do incêndio, proporções maiores podem ser evitadas.  

Alarme falso atrapalha diariamente o trabalho dos Bombeiros  

Em agosto de 2018 um alarme falso fez um prédio inteiro ser esvaziado, no Distrito Federal. O prédio do Ministério da Saúde, em Brasília, teve o alarme falso acionado após alguém acender um cigarro pelos corredores das dependências. A equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada para combater o incêndio assim que foram acionados os mecanismos de segurança das dependências. De acordo com a corporação, nenhum foco de incêndio foi encontrado pela equipe que se dirigiu até o local. 

Segundo os funcionários que cumpriam expediente no prédio do Ministério da Saúde, toda a confusão durou cerca de 20 minutos e todos os presentes tiveram que deixar o local imediatamente, até a chegada dos Bombeiros que atestaram ser um alarme falso e liberou a reentrada das pessoas para a unidade. 

No dia 25 de janeiro deste ano um alarme falso dentro de uma agência bancária no Centro de Goiânia assustou moradores da região e alarmou Bombeiros e policiais. O falso incêndio teria sido causado após uma falha nos equipamentos de segurança do local que acionou o alarme, indicando que haveria um foco de incêndio no local. Quando a sirene tocou, por volta das 05h30 daquele dia, após uma fumaça sair pelas janelas da unidade bancária, as equipes da Polícia Militar e de Bombeiros se dirigiram para o local com toda a preparação exigida para os trabalhos de um incêndio. 

Dentro da unidade bancária, bombeiros constataram que não havia sinal de arrombamento ou entrada forçada na unidade, muito menos sinal de fogo, o que foi caracterizado como um alarme falso pela corporação. Segundo a assessoria de comunicação dos Bombeiros, o dispositivo de segurança, por alguma falha desconhecida, disparou o alarme sem motivo aparente. 

Ligações

Como explica o Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, pessoas que ligam para o Corpo de Bombeiros para passar trotes atrapalham diretamente a segurança pública do Estado. “Sem dúvidas, o trote é mais que uma brincadeira sem graça alguma. É algo que atrapalha e muito as forças de segurança. No caso do Corpo de Bombeiros, por exemplo, a atitude pode causar demora para outros atendimentos que, de fato, são necessários e até mesmo comprometer vidas, uma vez que o deslocamento de uma viatura para uma falsa ocorrência pode impedir socorro para quem realmente precisa. Além disso, é algo que pode gerar muitos prejuízos ao poder público”, afirma. 

A prática é considerada crime no Brasil, definido pelo artigo 340 do Código Penal. O infrator que cometa o crime de trote contra órgãos públicos, a comunicação de fato sabidamente falso pode ser detido, iniciando-se com a possibilidade de regime semi-aberto. O infrator ainda poderá pagar multa de seis meses a um ano.  

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