Estado lidera produção de tomate com crescimento de 36,6% na safra de 2024

Estado deve se manter na 1ª posição nacional, à frente de São Paulo e Minas Gerais, que aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente

Postado em: 30-07-2024 às 04h09
Por: Redação
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Existem duas principais formas de produção de tomates: a industrial e a produção de tomate de mesa. Foto: Alexandre Paes/O HOJE

Ronilma Pinheiro

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentam uma expectativa de crescimento significativo da produção de tomate  em Goiás para a atual safra. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, a previsão é que o ciclo 2024 alcance a produção de 1,4 milhão de toneladas, com um crescimento de  36,6%.

Com os resultados, Goiás deve se manter em primeiro lugar na produção nacional de tomate, ficando à frente de estados como São Paulo que produz um 1 milhão de toneladas e Minas Gerais com 519,4 mil toneladas que aparecem em segundo e terceiro lugar respectivamente.

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Além da produção, a área utilizada para fazer a plantação do fruto também deve registrar crescimento, passando de 13,2 na safra 2023 para 14,8 mil hectares plantados na atual safra, o que representa um aumento de 12,3%.

Leonardo Machado, Assessor técnico de agricultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), explica que atualmente em Goiás e em todo o Brasil, existem duas principais formas de produção de tomates, cada uma com características e finalidades distintas: a abordagem  industrial e a produção de tomate de mesa.

A produção de tomate industrial é uma abordagem ligada aos processos industriais, como a fabricação de ketchup, extrato de tomate e outros produtos derivados. “Os tomates industriais são cultivados em grandes propriedades e a produção é bastante integrada com a indústria. A indústria não apenas compra o produto, mas também frequentemente participa da gestão da cadeia produtiva, desde o plantio até a colheita e processamento”, explica Machado, ao destacar que isso faz com que a produção seja mais corporativa e empresarial, voltada para a eficiência em larga escala e a padronização do produto final.

Por outro lado, a produção de tomate de mesa, aquele que é encontrado nos supermercados e que chega diretamente às mesmas dos cidadãos brasileiros, é cultivado em pequenas áreas e várias propriedades menores, ao contrário do tomate industrial.

“A produção de tomate de mesa é mais voltada para o mercado consumidor direto e exige cuidados específicos para garantir a qualidade e o sabor do produto final”, detalha o assessor. Ele explica que esses alimentos são cultivados em diversas pequenas propriedades e o processo de distribuição é feito de maneira a garantir que o produto chegue fresco aos consumidores. “O ciclo de plantio é mais diversificado e a produção é mais focada em atender as demandas do mercado local e regional”, salienta Machado.

Goiás é um estado de destaque na produção de tomates, sendo o maior produtor tanto de tomate industrial quanto de tomate de mesa. A importância do estado na produção desse fruto se reflete em diversos aspectos, segundo o assessor.

Entre esses fatores, a presença de grandes indústrias no Estado desempenha um papel crucial. Essas indústrias não apenas compram o tomate industrializado, mas também investem em tecnologias e práticas que melhoram a eficiência e a qualidade da produção.

Além disso, Goiás possui condições climáticas favoráveis e um excelente potencial de irrigação, o que contribui para a produção de tomates de alta qualidade. “Os produtores do estado são conhecidos por sua expertise e uso de técnicas avançadas, o que resulta em altos níveis de produtividade”.

As expectativas futuras também são boas por parte de Machado. “A expectativa é que o setor continue a crescer e a se desenvolver de maneira positiva”. Com a implementação de novas tecnologias e práticas agrícolas, espera-se que a produtividade aumente significativamente. “O estado está bem posicionado para manter sua liderança na produção de tomate, tanto no setor industrial quanto no mercado de mesa. 

Para o especialista, a contínua inovação e adaptação às necessidades do mercado são essenciais para garantir que Goiás continue sendo um dos principais produtores de tomate do Brasil.

Fernando de Sousa Simão é agrônomo e atua na produção de milho, soja e tomate há 10 anos. Em entrevista ao jornal, compartilha detalhes sobre o cultivo do tomate industrial e comenta a expectativa de uma colheita recorde no estado de Goiás.

Simão explica que, no caso da produção industrial, tudo começa com a seleção de sementes de alta qualidade que sejam adaptadas ao clima local. Além disso, o preparo do solo é crucial, incluindo correção de acidez e adubação.

Leonardo acrescenta que a preparação do solo antes da plantação é crucial e envolve um processo detalhado, que inclui a rotação de culturas para garantir a saúde do solo e a qualidade do produto. 

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Rotação de culturas auxilia no cultivo da safra do tomate

No caso do tomate de mesa, é comum que o cultivo seja rotacionado com outras culturas para evitar problemas com doenças e pragas, o que ajuda a manter a produtividade e a qualidade do solo. No caso do tomate industrial, o cultivo frequentemente segue uma rotação com outras culturas, como a soja, o que permite otimizar o uso da terra e melhorar os rendimentos.

As mudas são geralmente produzidas em viveiros e transplantadas para o campo após cerca de 25 a 30 dias. “É importante garantir que o solo esteja bem preparado para receber essas mudas, o que envolve arar e nivelar a terra, além de aplicar fertilizantes específicos”, detalha o agrônomo.

Após o nascimento da planta, outros cuidados são essenciais e precisam ser administrados durante todo o seu processo de desenvolvimento. Para controlar as pragas e doenças, são utilizados defensivos agrícolas e, sempre que possível, métodos biológicos para minimizar o impacto ambiental.

Já a irrigação é outro ponto crítico, e o sistema de gotejamento é o mais indicado para economizar água e manter a umidade constante do solo. “A adubação deve ser feita de forma contínua, ajustando os nutrientes conforme a necessidade da planta em cada fase de seu desenvolvimento”, detalha.

A colheita do tomate industrial ocorre entre 90 a 120 dias após o plantio, dependendo da variedade, já que a maturidade ideal dos frutos é fundamental para o processamento. No processo de colheita, são utilizadas colhedoras mecânicas que garantem a eficiência e rapidez no processo, o que é essencial para grandes áreas de plantio.

O agrônomo destaca que o tomate industrial é cultivado especificamente para o processamento industrial, utilizado na produção de molhos, ketchups, sucos e outros derivados. “Ele tende a ser mais firme, com uma maior concentração de sólidos solúveis, o que resulta em um rendimento maior no processamento”, explica.

O tomate de mesa, por sua vez, é destinado ao consumo in natura. “Esses tomates são escolhidos pela aparência, sabor e textura, sendo geralmente mais suculentos e menos firmes que os tomates de indústria”, finaliza. (Especial para O Hoje) 

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