Quinta-feira, 01 de agosto de 2024

Bulbo úmido: por que Brasil corre risco de se tornar inabitável em 50 anos

O estudo feito pela Nasa mostra que o calor extremo pode tornar áreas do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste inabitáveis

Postado em: 01-08-2024 às 06h00
Por: Otavio Augusto Ribeiro dos Santos
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O bulbo úmido é um equipamento específico utilizado na meteorologia para identificar e analisar diversas condições atmosféricas Foto: Divulgação

Ronilma Pinheiro

Nos últimos dias um estudo feito pela Nasa, agência espacial, revelou informações preocupantes sobre a sobrevivência humana em algumas partes do Brasil. A análise de dados de satélites mostra que o calor extremo pode tornar áreas do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste do Brasil inabitáveis em 50 anos. No estudo, a agência americana usou um indicador térmico chamado de “bulbo úmido” como base das suas conclusões.

André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), esclarece que o termo “bulbo úmido” não se refere exatamente a um fenômeno climático como muitas pessoas acreditam, mas a um equipamento específico utilizado na meteorologia. Esse equipamento, que inclui um termômetro de globo com bulbo seco e úmido, é fundamental para identificar e analisar diversas condições atmosféricas.

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O bulbo úmido é essencial para avaliar o conforto térmico, que é a sensação de bem-estar em relação às condições climáticas. Em situações de altas temperaturas combinadas com baixa umidade, o desconforto térmico pode se tornar significativo, afetando a qualidade de vida e a saúde das pessoas.

Esse desconforto, segundo André, é especialmente preocupante em contextos de calor extremo, pois pode levar a problemas de saúde e aumentar os riscos para a população.

“Atualmente, estamos observando uma amplitude térmica considerável. Durante o dia, enfrentamos tardes quentes, enquanto as manhãs são mais frescas. A umidade relativa do ar tem chegado a níveis baixos, por volta de 21% a 22%”, compartilha.

O gerente destaca que embora esses números possam parecer não muito preocupantes à primeira vista, na prática, eles têm causado uma série de problemas. “Muitas pessoas estão começando a apresentar sintomas como resfriados e rouquidão devido às condições climáticas adversas”, afirma André. “Essa situação não afeta apenas os seres humanos, mas também os animais, que sofrem com as mesmas condições extremas”, acrescenta.

O bulbo úmido é importante porque permite a comparação de variáveis climáticas, como temperatura e umidade do ar. Esse monitoramento é crucial para avaliar o conforto térmico e o impacto dessas variáveis no bem-estar das pessoas. “Por exemplo, se em setembro a umidade relativa do ar cair para cerca de 10%, que é extremamente baixa, são necessárias medidas preventivas”. Em casos como esses, a Organização Mundial da Saúde recomenda restringir atividades físicas e escolares, pois a baixa umidade pode causar desmaios, mal-estar e outros problemas de saúde.

Esse tipo de equipamento ajuda a combinar dados de temperatura e umidade para medir o nível de conforto térmico e analisar o impacto dessas condições no corpo humano. Estudos e projeções baseadas nesses dados ajudam a prever como diferentes combinações de temperatura e umidade podem afetar o conforto e a saúde das pessoas. Assim,  é fundamental utilizar esse monitoramento para garantir a segurança dos trabalhadores em ambientes de trabalho ao ar livre, como usinas de etanol, por exemplo.

As mudanças climáticas e a variabilidade climática têm influenciado significativamente esses parâmetros. “Estamos vivendo um período de transformações climáticas que exigem adaptação e planejamento. Quando enfrentamos um ambiente mais seco, é crucial reforçar nossas reservas hídricas”, comenta André. Em contrapartida, em um ambiente mais úmido, deve-se investir em soluções de drenagem urbana e na manutenção de estradas para evitar alagamentos e outros problemas relacionados.

As mudanças climáticas não são apenas uma preocupação futura, mas uma realidade presente que exige a adoção de estratégias de resiliência. “É essencial que desenvolvamos planos para lidar com essas condições e proteger a saúde e o bem-estar tanto das pessoas quanto dos animais, além de garantir a eficiência e a segurança em diferentes setores da sociedade”, orienta o gerente. (Especial para O Hoje)

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