Sem hospitais de urgências regionais, pacientes lotam hospitais de Goiânia

Pacientes do interior migram para Goiânia em busca de tratamentos de saúde. Enquanto isso, obras para construção de outras unidades referências seguem paradas

Postado em: 19-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pacientes do interior migram para Goiânia em busca de tratamentos de saúde. Enquanto isso, obras para construção de outras unidades referências seguem paradas

Jefferson Santos

Quase 40% dos atendimentos feitos nos hospitais de urgências de Goiânia e Aparecida de Goiânia são de pacientes do interior do Estado. Por falta de assistência especializada nos municípios, pacientes precisam migrar diariamente para Goiânia em busca de tratamento. Durante todo o ano de 2018 no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), por exemplo, a metade dos 11.897 atendimentos era para pessoas que não viviam na Capital, ou seja, pacientes do interior em busca de tratamento. 

A realidade dentro do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) é semelhante, de acordo com dados obtidos com o hospital, de julho de 2016 a dezembro de 2018, de todos os atendimentos feitos, 40% foram de pacientes do interior. O hospital destaca que 1% dos atendimentos nesse período foi com pacientes de outros estados. 

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Já o Hospital Estadual de Urgências de Aparecida de Goiânia Cairo Louzada (Huapa), atende aproximadamente 45 municípios que estão no entorno de Aparecida de. O hospital possui abrangência regional com atendimento de porta aberta e regulado pelos Complexos Reguladores Municipal/Estadual. 

No último ano, o Huapa atendeu 46.486 pacientes, desses, 11.106, 24%, são residentes de cidades do interior de Goiás. Por estar localizado em Aparecida de Goiânia, o hospital atendeu, durante todo ano de 2018, 30.516 moradores. O restante, 4.864, são residentes em Goiânia. 

Paulo Borges, de 38 anos, é morador de Iporá, cidade localizada a cerca de 218 quilômetros de Goiânia. Ele conta que em 2018 sofreu um acidente de carro e devido a complexidade dos ferimentos, e a falta de unidades de tratamento na cidade, foi encaminhado para o Hugo. “Eu me lembro que fui para um hospital na minha cidade, mas eles não conseguiam me atender então apenas me estabalizaram e me mandaram para Goiânia, onde fiquei cinco dias internado ate receber alta”, conta. 

Estrutura

Alguns municipios não possuem uma boa estrutura para encaminhar os pacientes para tratamento na Capital. Recentemente a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu em Hidrolândia um ônibus que tranportava pacientes para fazerem tratamentos de saúde na Capital. O veículo estava com licenciamento vencido, seta quebrada, porta amarrada por uma corda, pneu de estepe liso e murcho, tacógrafo irregular, banheiro sem água e faltando equipamentos obrigatóros como macaco, chave de roda e triângulo. A PRF não informou a cidade de origem do ônibus, que no momento da apreensão, estava voltando de Goiânia. 

Procurada pela reportagem do Jornal O Hoje, a Associação Goiana de Municipios (AGM) foi questionada a respeito desses transportes de pacientes, porém, não se manifestou sobre o assunto.

Inacabados

Com a venda da antida Companhia Energética de Goiás (Celg), o governo do Estado prometeu investir R$ 200 milhões, parte do valor da venda, nas unidades de saúde do Estado. Entre as obras, priorizavam três hospitais da rede de Hospitais de Urgências do Estado, são eles: Hugo 7, em Uruaçu, Hugo 8, em Águas Lindas de Goiás, e o Hugo 9, em Santo Antônio do Descoberto. Porém, as obras estão paradas. 

A unidade de Uruaçu, quando inaugurada, será um aunidade de pronto atendimento, de referência macroregional, sendo responsável pelo atendimento de média complexidade ambulatorial e hospitalar em clínica médica, cirurgica, pediátrica, ginecológica e obstétrica, além de atendimento de alta complexidade em ortopedia e traumatologia. Essa unidade beneficiará cerca de 64 munícipios próximas a Uruaçu. 

Em Santo Antônio do Descoberto a unidade atuará com maternidade e pronto atendimento, de referência microregional, com procedimentos de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar em clínica cirurgica/ginecológica, clínca médica, obstétrica e pediátrica. Além de atendimentos de méida e alta complexidade em urgência e emergência. Essa unidade beneficará 20 municípios. 

Por fim, a unidade de Águas Lindas de Goiás, será estruturada como Hospital Geral com maternidade e pronto atendimento de referência macrorregional, com atendimentos de urgência e emergência, com procedimentos de média complexidade ambulatorial e hospitalar em clínica médica, cirúrgica, pediátrica e ginecólofica/obstétrica. Realizará atendimentos e procedimentos de alta complexidade em ortopedia/traumatologia e oftalmologia, atendendo cerca de 40 municípios.  

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