Poucos leitos, muitos problemas

Unidade referência no atendimento infantil sofre com a falta de leitos para crianças

Postado em: 22-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Unidade referência no atendimento infantil sofre com a falta de leitos para crianças

Isabela Martins*

Referência no atendimento pediátrico, o Hospital Materno Infantil (HMI) sofre com a falta de leitos para os pacientes. A unidade conta com 177 leitos nas áreas da pediatria, obstetrícia, neonatologia e UTI. Segundo a diretora técnica Sara Gardênia, a unidade, que é a única com atendimento pediátrico por meio do Sistema Único De Saúde (SUS), esse número é muito pouco devido à demanda. Uma das soluções apontada por ela seria a de ter mais hospitais que atendessem a população.

A situação de superlotação no hospital é algo antigo. No último final de semana famílias que buscavam atendimento na unidade enfrentavam dificuldades para conseguir leitos para os bebês. Eram cerca de nove mães que estavam alocadas em cadeiras de uma sala de espera. 

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Segundo a diretora, isso aconteceu porque a unidade, que é de média e alta complexidade, não nega atendimento mesmo em casos mais simples. “É um problema recorrente, não foi só final de semana passado não. Toda semana temos problemas de superlotação. Tem momentos que a gente tem muito mais do que pode receber. Inicialmente ocupa muito a enfermaria, em seguida são os leitos de observação de pacientes internados, depois macas e cadeiras, que não é o que a gente espera, nem o que a gente deseja, mas acontece”.

Superlotação

Em 2017 o HMI suspendeu as internações devido às superlotações na unidade. Na época, a medida foi tomada para garantir a segurança dos pacientes que estavam internados no local. Os que se enquadravam no quadro de alto risco da unidade tinham atendimento priorizado. A decisão foi tomada pouco tempo depois de o hospital isolar duas áreas após a morte de dois bebês por uma superbactéria. 

Em janeiro, duas irmãs gêmeas que nasceram prematuras estavam dividindo a mesma incubadora no HMI. Essa foi à única alternativa da unidade para atender as gêmeas, já que a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (Ucin), onde elas precisavam ficar, estava atendendo acima da capacidade. 

Muitas mães que procuram o HMI poderiam buscar atendimento direto nas unidades básicas de saúde. Mas nem sempre nesses lugares elas encontram especialista disponível, principalmente nos finais de semana. “No final de semana tem muita dificuldade de encontrar pediatras na rede básica e muitos não precisariam estar aqui num hospital de média complexidade. Porém, elas chegam aqui, nós damos atendimento a eles, e em seguida solicitamos transferência para outra unidade”. 

A pediatria do hospital tem seu atendimento totalmente vindo do SUS. Segundo a diretora, são poucas as vezes que se tem um leito disponível. Quando um leito é desocupado, cerca de quinze minutos depois já tem outro paciente que é transferido para o lugar.

Inspeção 

Nesta quarta-feira, o Conselho Tutelar foi até a unidade para verificar as condições do hospital. Caso seja encontrada alguma irregularidade, como crianças internadas em cadeiras, a unidade deverá tomar as providências de forma imediata. Segundo o conselho, a unidade não pode fechar as portas para atendimentos. O complexo de regulação deve garantir as vagas e encaminhar para uma unidade que possa acolher essas crianças. 

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde de Goiás (SES-GO), informou que o atual momento é o de levantamento de informações necessárias para o diagnóstico da situação do HMI, e que busca caminhos para solucionar as deficiências. A unidade tem adotado estratégias para continuidade da prestação do serviço as crianças e mulheres que buscam atendimento na unidade. Uma das alternativas foi à entrega de 10 incubadoras para serem utilizadas na UTI e Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (Ucin) do hospital. (Isabela Martins é estagiaria do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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