Conselho de Veterinária veta registro de ensino a distância

Resolução prevê punição ético-disciplinar a profissionais que contribuírem com o curso a distância

Postado em: 11-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Resolução prevê punição ético-disciplinar a profissionais que contribuírem com o curso a distância

Isabela Martins* 

Uma decisão do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) veta o registro profissional de médicos veterinários que se formaram no ensino a distância (EAD). Sem o registro eles não podem atuar no Brasil. Segundo a vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO), Ingrid Atayde Machado, a decisão agradou a todos os conselhos regionais, já que o curso precisa de convivência e prática. 

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A nova norma estabelece que diretores, gestores, professores médicos veterinários que ministrarem o curso estarão sujeitos as responsabilidades ético-disciplinares. A punição pode chegar à cassação do registro profissional. A vice-presidente do CRMV explicou a importância da decisão. “É um curso que precisa de prática quando você está trabalhando com vidas. Não é só você ler como faz algo, observar o professor fazendo é muito importante para o aluno começar a tentar”. Segundo Ingrid, as reclamações estão partindo por parte de alunos que se matricularam nos cursos sem saber da decisão.

O presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti de Almeida, diz que o curso de medicina veterinária requer inúmeras atividades práticas e de campo, como anatomia, fisiologia, clínica, que exige que o aprendizado só ocorra por meio de aulas presenciais. Em nota ele ressaltou que a educação inadequada gera prejuízos a formação profissionalizante e impacta diretamente nos serviços prestados a sociedade. “Como órgão que fiscaliza o exercício profissional, queremos zelar pela qualidade do mercado de trabalho e pela saúde da população”, afirmou.

Faculdades

Instituições privadas de ensino superior representadas pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Ambes) devem solicitar que o CFMV revogue a decisão. De acordo com o assessor jurídico da Ambes, Bruno Coimbra, caso isso não ocorra, irão recorrer à Justiça. Segundo ele, os cursos seguem determinações do Ministério da Educação (MEC) para funcionarem e não cabe ao conselho restringir à atuação dos profissionais formados a distância. 

O presidente Sindicato das Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (SEMESG), Jorge de Jesus Bernardo, afirmou que a situação se deve pelo preconceito nos cursos de EAD no país. “Temos uma relação de tentar buscar o equilíbrio, porque não se pode dizer que não funciona, por conta de alguns casos. Temos um sistema que não funciona, porque o que é avaliado é o sistema presencial, e não o EAD. As instituições são sérias, tem notas boas. A base é a mesma, muda a metodologia, e investe em todas as áreas. Esse tipo de ensino funciona no mundo todo menos aqui”.

Segundo ele, as instituições estão cada vez mais investindo no EAD. “Hoje estamos oferecendo 20% dos cursos à distância. Ele precisa ser bem estruturado, ele custa barato, parou o processo de aula presencial, está investindo em ensino a distância. A maioria está começando a oferecer EAD agora. Precisa mudar a qualidade do que é nosso. Um curso bem avaliado não vai ter problemas no EAD. Tem que ter competência, estrutura, biblioteca, laboratório.” concluiu. 

O CRMV-GO e a SEMESG não sabem quantos cursos EAD de veterinária são disponibilizados em Goiás. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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