Aumento do preço do feijão pode prejudicar o cardápio do consumidor

Para conseguir passar pelo período que o feijão tem os preços elevados no Estado, goianos diminuem os grãos no prato e o substituem por outros alimentos nas refeições

Postado em: 12-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Aumento do preço do feijão pode prejudicar o cardápio do consumidor
Para conseguir passar pelo período que o feijão tem os preços elevados no Estado, goianos diminuem os grãos no prato e o substituem por outros alimentos nas refeições

Thiago Costa*

Nos últimos meses o feijão, alimento presente na mesa da maioria dos goianos, teve seu preço elevado. Algumas marcas registram mais de 100% em relação ao preço do produto, quando comparado com setembro do ano passado. De acordo com a Associação das Donas de Casa de Goiás, é necessário reinventar pratos que utilizem o feijão e adicionar outros alimentos no preparo para conseguir manter, mesmo que em quantidade reduzida, os grãos nas refeições durante os períodos em que os valores continuarem nas alturas.  A média de consumo do alimento por pessoa é de 12,7 quilos por ano. 

Para a Associação das Donas de Casa de Goiás, o elevado preço do feijão impacta diretamente na alimentação dos brasileiros. A associação orienta que as famílias coloquem mais água no feijão, para que ele fique com mais caldo e acrescente também variedades de salada nas refeições. Outra dica da entidade é que os responsáveis pelas compras de supermercado compre o feijão preto, que é mais barato e dá para acrescentar outros itens e fazer, por exemplo, uma feijoada com bastante caldo. 

Continua após a publicidade

A associação afirma que para os que gostam de soja o alimento também é uma boa opção para adicionar à mesa dos goianos enquanto o feijão tiver com o preço alto. A entidade afirma ainda que para a substituição dos grãos pode-se fazer um caldo de mandioca, popularmente conhecido por quibebe, em Goiás.

Keitty de Abreu é presidente da associação e reconhece que existem outros meios para por uma pressão nas indústrias para que não sejam cobrados esses valores elevados.  “Nós da Associação das Donas de Casa orientamos às associadas e consumidores o boicote ou consumir o mínimo possível de feijão enquanto estiver neste preço, substituindo por outros itens”, ressalta a presidente.

Walter Maurício vai ao supermercado regularmente e faz as compras de casa duas a três vezes por mês. Ele afirma que não falta feijão na alimentação e que, por ser ele quem compra o alimento, tem acompanhado a elevação dos preços do produto. Walter afirma que precisou diminuir o feijão em casa e que há pouco tempo a sua marca preferida do alimento custava por quilo uma média de pouco mais de R$ 3. Agora ele afirma que o preço do mesmo produto custa mais de R$ 7. 

De acordo com ele, o que determina a quantidade do feijão que comprará para as refeições é em primeiro lugar o preço. Walter afirma que come menos do alimento para não faltar, mas que, independente do preço, reduz a quantidade, mas não fica sem. “Antes eu comprava quatro quilos de feijão por mês, agora eu coloco, no máximo, dois pacotes no carrinho”, afirma. 

De acordo com Walter, a solução para esses períodos em que o preço do alimento presente na vida dos brasileiros está ‘salgado’, é necessário inovar. Ele explica que junta o útil ao agradável e adiciona ao alimento pele de porco, o que faz render o feijão e, de acordo com ele, fica muito saboroso.  Enquanto conversava com a nossa reportagem nos corredores do supermercado, Walter contou que iria levar para casa nesta compra apenas duas unidades do produto, um feijão carioca e um feijão preto.

O consumidor afirmou que acrescentará mais arroz à alimentação e diminuirá a quantidade de feijão no prato. Ele afirma que quando se depara com um produto com preços tão elevados quanto o feijão aumenta no carrinho de compras outros produtos, como o macarrão, por exemplo, que estava na promoção no dia da compra do Walter. 

A manicure Danyelle Sousa, que mora com a filha e o esposo, afirma que compra uma média de três quilos do alimento por mês. Ela explica que há poucos dias foi ao supermercado e decidiu comprar apenas um quilo, pois estava muito caro. Ela explicou que o preço médio do feijão que a família consome custa, em média, pouco mais de R$ 3 e que quando foi comprar o produto essencial para a mesa da família custava mais que o dobro. 

Ela explica que a sua segunda opção, que custava normalmente pouco mais de R$ 2 na semana passada já custaria a ela mais do que o dobro do valor acostumado.  Danyelle garante que para conseguir driblar o alto preço do alimento em casa é necessário substituí-lo e algumas vezes, também por conta da praticidade, prepara apenas um macarrão para a família.  Ela explica que, em casa, o feijão precisa estar fresco para o consumo e que não gosta muito de preparar o alimento cozido no dia anterior e congelado. 

Já a dona de casa Rosinha Aparecida costuma comprar o alimento e estocar em casa. Ela não tinha observado o elevado preço do feijão porque ainda tinha pacotes de feijões estocados em casa e se assustou com o valor da prateleira. Ela afirma ser quase impossível não preparar os grãos para adicionar ao alimento da família, pois o filho não faz a refeição sem o alimento. 

Rosinha vai precisar mudar de planos para a próxima compra e adquirir menos pacotes de feijão para levar para casa. Ela afirma que levará menos quantidade do produto para aguardar os preços baixarem e poder voltar e fazer a compra regular do produto e estocar novamente, para uma possível possibilidade de aumento repentino. 

“Todo mundo na minha casa gosta muito de feijão, principalmente o meu menino. Ele reclama muito se não tiver feijão e eu vou ter que pagar esse preço. Eu acho que esse preço tem que baixar, porque é um alimento do dia a dia. Acredito que os brasileiros vão diminuir o consumo de feijão nesse período, enquanto não baixar”, afirma. 

 

Feijão caro é uma oportunidade para experimentar outros alimentos  

O aumento do preço do feijão tem pesado no bolso dos brasileiros nos últimos meses. Em Goiás, goianos têm percebido que o alimento sofreu uma alteração significativa, o que os obriga a diminuir ou substituir os grãos no prato durante as refeições diárias. O feijão, que tem um alto poder de diminuir os riscos de câncer e doenças degenerativas no ser humano e é um alimento presente na maioria das mesas do país, não pode sair das refeições de maneira bruta, afirma nutricionista. 

De acordo com a nutricionista especialista em emagrecimento e mudança de hábitos, Galba Rayane, existem alimentos com o poder de substituir o feijão no prato, sem perder os nutrientes diários necessários. Ela afirma que esses substitutos do feijão têm em sua composição vários nutrientes como proteínas, ferro, cálcio, magnésio, zinco, vitaminas, fibras e carboidratos.

“Neste período de alto preço do feijão, que tem a oferta diminuída nos mercados, é possível substituí-lo por outros tipos de legumes nutritivos como a lentilha, a vagem, a ervilha, soja e grão de bico”, afirma Galba. Ainda de acordo com a nutricionista, os substitutos têm perfil nutricional bem parecido com o feijão e são excelentes opções para adaptar os pratos para as refeições durante essa época em que o preço do feijão está bem elevado. 

Galba ressalta que o feijão é importante na alimentação porque ele é um vegetal de alto valor nutritivo. Ela afirma que o feijão tem uma excelente fonte protéica e tem boa quantidade de nutrientes importantes para o organismo, além dos compostos antioxidantes, que reduz no ser humano os riscos de câncer e doenças degenerativas.

A nutricionista afirma ainda que ficar sem comer feijão não acarretará problemas se este for substituído por outros alimentos fontes de nutrientes, vitaminas e minerais que ele contem. O feijão faz parte da família das leguminosas, desta forma, outros alimentos deste grupo podem substituí-lo, um exemplo é o grão-de-bico, pois é um alimento composto de carboidratos, proteínas e fibras. Ele é fonte das vitaminas do complexo B, de ácido fólico, de ferro, fósforo e potássio, ou seja, seu perfil nutricional é muito parecido como o do feijão.

Os poderes do feijão no corpo são inúmeros. O alimento evita o cansaço, fadiga, alterações no humor e distúrbios neurológicos causados pela falta de vitaminas do complexo B no organismo. Os grão combate também a anemia ferropênica, que é a  falta de ferro no organismo. Consumir alimentos com vitamina C, como a laranja, por exemplo, potencializa ainda mais o mineral no corpo. 

O feijão tem ainda uma função pouco conhecida, já que seu consumo ajuda na diminuição de cáries. O alimento, consumido com arroz, proporciona porção de flúor que auxilia no combate de cáries. A combinação faz com que eles absorvem melhor o flúor presente na água tratada. (*Especial para O Hoje) 

Veja Também