Bibliotecas do município estão defasadas

As bibliotecas que mais sofrem em Goiânia atualmente são as municipais. Gerente de infraestrutura da Secretaria Municipal de Cultura afirma que instalações receberão benefícios

Postado em: 13-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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As bibliotecas que mais sofrem em Goiânia atualmente são as municipais. Gerente de infraestrutura da Secretaria Municipal de Cultura afirma que instalações receberão benefícios

Thiago Costa* 

Existem na Capital 18 bibliotecas catalogadas no site da Prefeitura de Goiânia. Dessas, duas são de responsabilidade do município e atualmente as duas sofrem com problemas de infraestrutura e falta de acervo literário atualizado. Além disso, os problemas nos espaços também são causados pela ação de vândalos. Recentemente, a Biblioteca Marieta Telles Machado, situada na Praça Universitária, em Goiânia, foi invadida e chegou a ser fechada por alguns dias após o furto de fios elétricos, geladeira e bebedouro. O local possui acervo de 35 mil livros, aberto à toda comunidade, que é penalizada pela ação de criminosos. Já a Biblioteca Municipal Cora Coralina sofre com a ausência de livros específicos para os alunos do ensino fundamental e médio. Não há computadores para os usuários e a estrutura necessita imediatamente de reforma.

Rosineide Ramos é professora de geografia e utiliza o espaço da Biblioteca Municipal Cora Coralina para atualizar os estudos. A geógrafa, que mora no setor Vera Cruz 2, recorre ao ambiente para a leitura sempre que passa pelo setor Campinas, em Goiânia. Ela usa os próprios materiais para os estudos ligados à matéria que licencia; português, matemática. 

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A professora pretende prestar concurso público no Estado e município. Ela afirma que os livros da biblioteca são mais para o Ensino Médio, por isso necessita utilizar o ambiente apenas para conseguir fazer as leituras. Rosineide pondera que se existissem livros mais específicos que não são encontrados no local, seus estudos renderiam mais. 

A professora, formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), afirma que sempre recorre à biblioteca da universidade para dar continuidade aos estudos e elogia a biblioteca da instituição. A professora que licencia aulas da sétima ao terceiro ano afirma que a biblioteca Cora Coralina enfrenta alguns problemas, como a falta de uma máquina de xérox. De acordo com Rosineide, durante os períodos chuvosos a situação é ainda pior. Ela afirma que quando chove a estrutura não é segura e a água das chuvas infiltra o teto. 

“Aqui é um ambiente arejado, mas está com muitos defeitos. Algumas portas não são abertas, tem janelas com defeito, falta computador para os alunos. Aqui não tem segurança. Eu estou estudando aqui, mas eu sempre estou guardando minhas coisas”, afirma Rosineide. 

Ela afirma que os livros precisam ser atualizados. Rosineide compara que, por exemplo, a geografia sempre muda e os livros na biblioteca são antigos. A professora afirma que muitas informações que estão nesses livros já não mais fazem sentido para o acompanhamento do aluno com o ensino atual, pois estão defasados.

Leitura

Pablo Patrick é formado em enfermagem e cursa o segundo período de administração. O jovem é um verdadeiro amante da leitura. Ele afirma que costuma frequentar tanto a biblioteca Municipal Cora Coralina quanto a Biblioteca Pública Estadual Escritor Pio Vargas. Ele compara que a biblioteca Estadual oferece, além de melhor estrutura, alguns vários livros que na municipal não tem. “Lá tem um lugar para as crianças, a biblioteca infantil, e a gente pode entrar. Lá é bem mais confortável e menos quente”, afirma. 

Pablo frequenta a biblioteca municipal sempre que pode, pois acha no local um ambiente tranquilo para a leitura. Pablo afirma que na biblioteca Cora Coralina existe muitos livros costurados e com as páginas caindo. Ele acredita que o conhecimento é algo que ninguém poderá tirar das pessoas e valoriza os estudos, mas pondera que é necessário que o poder público dê uma atenção maior para as bibliotecas, principalmente para a Cora Coralina. 

O jovem ainda afirma que a falta de zelo dos governantes com esses espaços faz com que as pessoas deixem de recorrer a esses espaços para aprimorarem os estudos. “Tem livros aqui que são muito antigos. Os universitários que estudam perto não têm porquê vir aqui para fazer pesquisas manuais” afirma. 

Internet

Wellington Vitoria trabalha na biblioteca Municipal Cora Coralina e afirma que, apesar da internet, ainda existem muitos usuários que recorrem á unidade para pegar emprestados livros literários. Ele afirma que muitas pessoas ainda gostam de manusear os livros em papel e que a biblioteca precisa de uma atenção especial. 

De acordo com o funcionário, o poder público não tem um olhar voltado para o assunto. Ele explica que falta investimento para as bibliotecas em Goiânia. “A gente aqui vive de doações. Temos muitos livros e eles são atuais, mas sempre na área literária. Como a biblioteca é municipal, apesar de ter alguns livros universitários, o carro chefe seria para o nível médio” comenta. 

Ele afirma ainda que a biblioteca  têm todas as matérias do nível médio e fundamental. De acordo com o servidor, se alguém reclamar que livros não foram encontrados, esses podem ser os pedidos específicos de escola para o nível fundamental e médio do livro literário. Ele afirma que a biblioteca sempre tem um ou dois exemplares, mas o problema é que não há espaço físico na unidade. 

Como usuário, Wellington acredita que existem bibliotecas excelentes em Goiânia, mas que essas são, em sua maioria, ligadas a instituições privadas de ensino superior. “Uma biblioteca municipal é mais complicado. Sempre fica essa questão de espaço físico. Temos um espaço físico bacana, mas que precisa passar por reforma e poderia ser climatizado. Por ser um prédio histórico a gente não pode modificar nada”, finaliza. 

Segundo o gerente de infraestrutura da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia, João Dias Ramos, já foi encaminhada para a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e para a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) solicitação para fazer o levantamento de toda a demanda da biblioteca Cora Coralina para sua restauração e a reforma poderá ocorrer em breve, após os estudos das Pastas. Computadores e novos livros serão entregues a essas unidades municipais após as devidas reformas, afirmou. 

Ele conta que depois que arrumar todas as questões emergenciais nessas bibliotecas municipais serão observadas as possibilidades de uma climatização nesses ambientes. “Na Praça Universitária, lá na biblioteca Marieta Telles, os profissionais já estão trabalhando para resolver a impermeabilização e para resolver os problemas da unidade. A Seinfra já está no local”, afirma João Dias.  

CMEI de Goiânia leva pais e familiares para leitura de contos em sala de aula 

Para incentivar o hábito de ler entre os alunos, o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Goiânia Viva implantou a Sacola Literária, projeto desenvolvido com todas as crianças da unidade que conta com a participação efetiva de pais, familiares e toda a comunidade escolar.

A Sacola Literária, como o próprio nome já indica, estimula a prática de leitura e demonstra o potencial dos livros em trazer conhecimento e lazer. Isso sem falar no quanto as obras são capazes de exercitar nossa imaginação, nos transportando do mundo real para aquele ilustrado em suas páginas! E como funciona? Toda sexta-feira, o aluno ou aluna leva para casa um livro emprestado para ler com sua família. Na segunda-feira, a criança traz de volta e, em sala, compartilha sua experiência de leitura, momento que faz parte do planejamento semanal dos docentes.

Literalmente, as crianças levam os livros em uma sacolinha feita com TNT. Sabe o que é mais interessante? Elas são produzidas pela Nicinha, tia da Ana Cecília, ex-aluna do CMEI, como uma doação. Sua habilidade na costura chamou a atenção da coordenação da unidade que, prontamente, pediu ajuda na confecção das sacolinhas, ainda em 2015. Desde então, Nicinha segue firme no projeto, orgulhosa por fazer parte de algo que incentive as crianças a gostarem de ler.

Ana Cecília já não é mais aluna do CMEI, mas a tia recorda os efeitos que o projeto proporcionava na sobrinha. “Ela sempre chegava empolgada com o livrinho para a mãe e a avó, fazendo comentários”. Segundo Nicinha, os livros ajudaram a reduzir inibições, além de despertar o gosto pela interpretação de livros literários. A costureira de mão cheia afirma que o projeto deve seguir em frente e se coloca sempre à disposição para ajudar no que for preciso.

Participação efetiva da família

O CMEI Goiânia Viva atende crianças desde o berçário e não pense que os pequenininhos ficam de fora! Kênia Vieira, coordenadora da unidade, explica que os livros são escolhidos por faixa etária e que, para os bebês, a leitura é feita pela família. Aliás, a participação dos pais e responsáveis é muito efetiva, como ela faz questão de enfatizar! “Tem pais que são convidados a contar a história para a turma, um amor”, comenta Kênia. Um deles é Luismar, pai da Jennifer, que compartilhou a leitura que a filha levou para casa com seus coleguinhas, a convite da coordenação.  (*Especial para O Hoje) 

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