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sábado, 23 de novembro de 2024
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violência

Estudantes protestam contra assédio vindo de professores em Goiânia

Vitima revela que funcionários com cargos altos na instituição ficam cientes dos assédios, mas não fazem nada para ajudar as garotas ou até punir os responsáveis

Postado em 14 de março de 2019 por Jefferson Pereira dos Santos
Estudantes protestam contra assédio vindo de professores em Goiânia
Vitima revela que funcionários com cargos altos na instituição ficam cientes dos assédios

Da Redação

Desde a última sexta-feira (8), uma série de protestos começaram a ocorrer em Goiânia contra assédios nos colégios particulares da capital. Duas instituições de ensino em específico receberam diversas críticas em posts do Instagram que homenagearam as mulheres pelo seu dia. Muitas alunas e ex-alunas se revoltaram com a hipocrisia das escolas em parabenizar as meninas enquanto convêm com atos machistas e até assédio por parte dos professores e funcionários. Com isso, foi organizada nesta quarta-feira (13) uma manifestação na porta do colégio Protágoras unidade Marista, uma das instituições que foram criticadas na rede social, para protestar e exigir medidas da direção em relação a esses casos. 

Uma das organizadoras dessa manifestação, que prefere não ser identificada, foi aluna do Protágoras durante cinco anos e em entrevista ao Jornal O Hoje explicou que este ato foi montado logo após o colégio apagar os comentários e bloquear os perfis das mulheres que relataram os abusos no Instagram. “Em vista desse silenciamento, começou-se a organizar uma mobilização contra o assedio, contra o discurso machista e contra a homofobia dentro da instituição, mas, principalmente, o assedio.”, explicou a ex-aluna da escola que ainda ressalta o impacto que os abusos causam na vida das meninas “Isso é tão serio, que chega a atrapalhar o rendimento escolar de alunas, que deixam de assistir aulas de professores, criam bloqueios e não conseguem mais aprender com eles, tem que sentar em outro lugar pra ficar longe deles e, até mesmo, como num caso de uma amiga, tem suas notas abaixadas propositalmente por um professor que levou fora dela”. 

Em relação aos casos de machismo, a organizadora do protesto destaca a enorme diferença entre a forma como a roupa de meninas e meninos são tratadas pela coordenação do colégio. Enquanto os garotos podem ir com bermudas e shorts de qualquer tamanho, algumas garotas já foram notificadas por irem de calças brancas e rasgadas com a justificativa de “atrapalharem os meninos a prestarem atenção na aula e os professores a lecionar”, relata a manifestante que disse ter amigas que passaram por essa situação “Uma amiga minha teve sua calça com rasgados censurada, mesmo tendo um pano por baixo que não deixava nada aparecer, pois, os meninos poderiam ‘imaginar’ que há ali”. 

A menina ainda revela que funcionários com cargos altos na instituição ficam cientes dos assédios, mas não fazem nada para ajudar as garotas ou até punir os responsáveis. E que, inclusive, já ouviu de um deles que “tal professor já comeu 10 menininhas, mas é bom pra dar aula”. Essas “cantadas” indevidas ocorrem pessoalmente, mas nós últimos tempos vem sendo feitas também por redes sociais. Um dos professores do colégio Protágoras, segundos relatos, teria ido até o Instagram de uma menina de 15 anos para elogiar o seu corpo. Ainda segundo entrevista da ex-aluna, entre os funcionários e o corpo docente masculino também é frequente a troca de comentários relacionados à aparência das estudantes. 

O objetivo da manifestação dessa última quarta-feira (13), foi, portanto, a cobrança de atitudes para cessar esses abusos nas escolas da capital. Entre as medidas que são requisitadas está o apoio às garotas que denunciarem os casos e inclusive a orientação para a realização do boletim de ocorrência, se necessário, além da punição dos professores e conscientização de todos da instituição, tanto o copo docente quanto o discente, a respeito dos atos machistas presentes no colégio. 

O Colégio Protágoras emitiu um comunicado no final da tarde desta quinta-feira (14), o qual afirmou que:

Professores e Funcionários das diversas escolas de Goiânia foram citados via internet por várias alunas e ex-alunas de conduta irregular e até mesmo assédio.

O nome de nossa instituição foi citada em diversas publicações e a escola já está tomando todas as atitudes necessárias e possíveis em relação a esse fato nos moldes da legislação vigente.

Repudiamos e discordamos de qualquer atitude e/ou conduta irregular dos nossos profissionais. Nossos professores e funcionários assinaram um código de ética e conduta, no qual se comprometeram dentre outras coisas a não faltar com o respeito ou invadir a privacidade de nossos alunos.

Nos vinte anos de existência nunca tivemos uma situação qualquer que não fosse apurada e punida de acordo com o que nos é permitido em lei.

Professores e Funcionários que ao longo desses anos faltaram com o respeito e a ética foram excluídos de nosso quadro.

A grande maioria dos fatos segundo relatos ocorrem via internet através das mídias sociais, normalmente não chegando ao nosso conhecimento e quando chegam, imediatamente tomamos as devidas atitudes. 

Estamos empenhados para apurar todos esses fatos de maneira individual para que possamos tomar as decisões corretas e justas, pois seríamos levianos e passíveis de acusação de difamação e injúria se não tivermos as devidas provas. 

Nos colocamos a inteira disposição de nossos alunos(as) e ex alunos(as) para que procurem individualmente nossa direção ou coordenação para que os fatos sejam apurados de forma correta e os culpados punidos.

Estamos organizando uma campanha de conscientização através de diversas palestras e orientações de profissionais qualificados no sentido de orientar professores, funcionários e alunos do que seja ou não assédio.

Respeito é primordial em nossa instituição.”

Atualizado às 17h12 para acréscimo de nota do Colégio Protágoras. 

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