Inclusão de deficientes visuais no esporte ganha espaço em Goiânia

Projeto que leva deficientes visuais a pedalarem pela cidade funciona há dois anos na Capital e já contribuiu com centenas de deficientes na superação de obstáculos

Postado em: 16-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Projeto que leva deficientes visuais a pedalarem pela cidade funciona há dois anos na Capital e já contribuiu com centenas de deficientes na superação de obstáculos

Higor Santana*

Um projeto criado para a inclusão de deficientes visuais no esporte vem ganhando espaço em Goiânia. O Na Bike com DV foi desenvolvido há dois anos, o projeto reúne deficientes visuais, informalmente chamados de DVs, para praticar ciclismo em ruas e pontos turísticos da cidade.

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O projeto de inclusão social “NBDV” nasceu de uma associação de voluntários com o propósito de promover a inclusão por meio do esporte e qualidade de vida. É como explica o coordenador do projeto, Sávio Afonso. “O projeto nasceu em Brasília, com um grupo de ciclistas de lá. Então fizeram um passeio com deficientes aqui em Goiânia, convidamos vários ciclistas para participar, e deu certo. Foi crescendo, e a partir daí começou o Na Bike com DV, aqui na Capital”, disse.

Sempre no terceiro domingo do mês, a organização promove um passeio em algum ponto da cidade, com calendário definido para todo o ano, exceto janeiro, julho, e dezembro, por conta do recesso das férias escolares. Com bicicletas adaptadas, o grupo reúne amantes de ciclismo e pessoas que querem compartilhar uma experiência diferente, ao lado de deficientes visuais.

Nas bicicletas, o condutor descreve o caminho para o deficiente visual, que pedala no banco traseiro, recebendo a projeção do ambiente pelo seu guia. Juntos, percorrem a cidade, conhecendo lugares e espalhando alegria por onde passam. Em um passeio, percorrem até 15 quilômetros pelas ruas de Goiânia, sempre rodeados de ciclistas.

Os deficientes visuais são os responsáveis por toda a festa nos pedais. Para o instrutor Sandro, são momentos, que proporcionam situações únicas para quem participa. “Tivemos uma amiga deficiente visual, que tinha muito medo de ir com a gente. Então ela foi convidada para ir a um de nossos passeios. No começo estava muito nervosa, mas quando subiu na bike e o condutor começou a pedalar, já abriu um enorme sorriso, e começou a soltar gritos de felicidade. A gente viu que tinha feito uma boa ação, no momento em que olhava no sorriso dela, e notava a alegria de sentir o vento bater no rosto dela, que até poucos minutos atrás vivia triste e emotiva. É incrível, eles nos proporcionam uma coisa tão boa, a gente se sente tão bem em ajudar o próximo, a proporcionar a alegria para alguém que tem algum tipo de deficiência”, afirma Sandro.

Superação

A jornalista e ciclista Lidiane Lira é uma das participantes e criadoras do projeto. Ainda na adolescência perdeu a visão por conta de uma alergia a um medicamento. Depois de passar por 21 cirurgias que proporcionaram a visão, mas não em definitivo, ela resolveu se assumir como deficiente visual, mas não deixou de lado a paixão pelo ciclismo.

Ela conta que sempre gostou de pedalar, e a perda da visão não fez com que ela desistisse. “É muito gratificante, eu desde os oito anos sempre gostei de pedalar. Mesmo depois de passar pelas cirurgias, não desanimei. Sou uma das fundadoras do projeto, conheci o NB na trilha de Brasília, que fizeram um passeio aqui em Goiânia. Eles tinham essa bicicleta especial para deficientes visuais. A partir daí eu me juntei a direção, fizemos algumas reuniões e desenvolvemos o NBDV aqui em Goiânia. Eu tenho meu condutor fixo e é muito gostoso nos passeios, pedalar com eles, é realmente o que a gente busca fazer com o projeto, que é incluir a sociedade a não ser dependente de qualquer limitação. É incrível”, relata.

A jovem dá a dica. “Todos têm que vir e conhecer esse projeto, pedalar com a gente, para sentir na pele como é o vento no rosto e a sensação de liberdade, são situações inexplicáveis”, afirma.

Nas pedaladas, o ciclista tem a exata noção de seu papel no trânsito: exercitar, transitar, percorrer espaços de forma a impactar o mínimo possível o espaço urbano e o trânsito, e com os DVs, não é diferente. Quem pratica o pedal sente na pele a sensação de liberdade que o esporte proporciona.

O pequeno Alex de 8 anos faz questão de participar dos encontros. “Gosto muito de ir ao passeio com os deficientes visuais por que aprendo a superar os meus limites, e gosto de sentir o vento no rosto. Lá sempre faço novas amizades e já estou contando os dias para o próximo passeio”, disse. 

Exercício ajuda a reforçar os pulmões e combate a diabetes 

Andar de bicicleta é um ótimo exercício cardiovascular que fortalece o coração. Além disso, o exercício dos músculos e das articulações são diretamente trabalhados. Está cientificamente demonstrado que a intensidade do exercício realizado ao andar de bicicleta traz excelentes benefícios à saúde. Pedalando pelo menos meia hora se treinam ao máximo os quadríceps e se tonificam e endurecem os glúteos. 

Os maiores benefícios de andar de bicicleta estão relacionados com o fato de ser possível exercitar a parte superior como o peito, costas e ombros, e a parte inferior do corpo como as coxas, nádegas e panturrilhas. Os maiores benefícios da bicicleta acontecem quando é utilizada com regularidade.

Os benefícios de andar de bicicleta são visíveis para a saúde e para a boa forma. Nem todos aqueles que se propõem a fazer uma atividade física desejam entrar na academia. Estes podem ser enquadrados como pessoas moderadamente ativas.

O bancário Sérgio Tobias, de 42 anos, alega não trocar a bicicleta pelo carro. “Foi por causa de um amigo que ia todos os dias de bicicleta para o banco, eu ficava olhando aquilo, tinha vontade, mas acho que a preguiça não deixava. Foi quando eu criei coragem e fui um dia, tinha uma bicicleta em casa, e fui. No começo foi difícil, cansava rápido, acho que por estar fora de forma, chegava muito cansado. Mas minha esposa se interessou também, um passou a motivar o outro e não paramos mais. Já faz três anos que trocamos o carro pela bike. Compramos uma melhor, passamos a economizar mais com as despesas do carro, e sinto que sou até uma pessoa melhor, com mais disposição”, relata.

Sérgio e a esposa não são atletas, mas passaram a abandonaram a vida de sedentarismo. Os benefícios de andar de bicicleta estão intimamente relacionados com a distância percorrida durante o exercício e também com a intensidade com que o exercício é executado.

“Ao todo percorremos uma distância de 13 quilômetros por dia, ida e volta pro trabalho. No fim de semana às vezes ainda saímos para dar umas voltas no bairro mesmo. Quando você começa a se sentir bem, passa a ter uma vida melhor”, afirma Sergio. 

Saúde

Andar de bicicleta é considerado um exercício aeróbico, ou seja, ele acaba utilizando o seu oxigênio como fonte de energia. Por exemplo, a relação entre este exercício é a melhora em problemas cardiorrespiratórios.

Segundo o professor de academia, Alexandre Moreira, um dos melhores benefícios de andar de bike é o emagrecimento. “Pedalar é um exercício que acelera o metabolismo, ou seja, a queima de calorias em seu corpo será mais rápida. Isso pode evitar o acúmulo de gordura no organismo. Mesmo que você pedale por apenas meia hora por semana, você irá perder alguns quilos”, afirma.

Segundo ele, assim como outros exercícios, pedalar exige força dos músculos. Um dos maiores benefícios de andar de bike, é que o ciclismo é um dos poucos esportes que trabalha quase todos os grupos musculares do seu corpo. Então, tanto suas pernas como braços e outros membros vão ficar bem resistentes com a prática constante da bike. “Com isso, além de deixar a pedalada prazerosa, você ganha mais força, a depressão, ansiedade e o estresse ficarão bem longe de você”. (Higor Santana é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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