Transporte escolar precário deixa alunos do interior sob risco

Só em 2019, 38 veículos escolares foram apreendidos nas rodovias federais. Falta de equipamentos de segurança se destaca entre as infrações

Postado em: 16-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Só em 2019, 38 veículos escolares foram apreendidos nas rodovias federais. Falta de equipamentos de segurança se destaca entre as infrações

Higor Santana*

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), só em 2019, 38 ônibus escolares já foram apreendidos em rodovias federais que cortam o Estado. Os principais motivos das apreensões, segundo a PRF, são relacionados ao transporte irregular de passageiros, equipamentos de segurança e documentação irregular. A maioria dos veículos é locada pelas prefeituras.

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Ainda Segundo a PRF, os flagrantes são feitos pelo Comando de Fiscalização de Veículos de Transportes Escolares ou operações realizadas nas rodovias. Para o inspetor da PRF, Newton Moraes, os problemas são diversos. “Além da falta do uso do cinto de segurança, é constatado infrações básicas de trânsito como bancos soltos, retrovisores em desacordo com a legislação, saída de emergência irregular, cintos de segurança presos debaixo dos bancos e outras infrações de equipamentos de segurança. Fora o transporte de passageiros acima da quantidade permitida”, disse.

O transporte irregular de passageiros pode contribuir diretamente com acidentes fatais. “Se o ônibus leva alguém sem o cinto de segurança, que é o equipamento básico de segurança, é bem provável que se esse veículo chegar a bater ou capotar, esse passageiro vai ser arremessado pra fora. Por isso, é importante usar o cinto, não levar ninguém de pé, e nem muito menos com a cabeça para fora do ônibus”, afirma o inspetor.

Em caso de apreensão, os proprietários dos ônibus têm um prazo de cinco dias para fazer regularização necessária. Caso o veículo seja liberado, durante esse período fica proibido o transporte de pessoas até a normatização exigida pela PRF e pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). No fim do prazo, os veículos devem ser apresentados com a situação regularizada. Em caso de reincidência, os ônibus são apreendidos.

Regulamentação

Aprovado em Plenário em votação definitiva, o projeto de lei amplia a vida útil de veículos que realizam o transporte escolar de passageiros para 15 anos, em caso de ônibus e micro-ônibus, e para 10 anos, para os demais veículos.

O texto também estabeleceu outros critérios para que esses veículos sejam destinados à condução de estudantes, como ter faixa amarela na horizontal constando a palavra “ESCOLAR”, tacógrafo, certificado emitido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), cintos de segurança suficientes, entre outros.

A matéria ainda obriga os condutores do transporte escolar a cumprirem certos requisitos, como ter idade superior a 21 anos, passar por curso especializado e não ter antecedentes criminais.

Segundo a PRF, a fiscalização para o cumprimento da lei se dá junto com a vistoria obrigatória dos veículos, que é feita semestralmente pelo DETRAN, e acompanhada pelo Ministério Público de Goiás (MP), geralmente no período entre 15 de fevereiro a 15 de abril e entre 1º de agosto a 30 de setembro.

Em Goiás, os veículos só possuem direito à isenção de IPVA, após 15 anos de uso. Entretanto, o período atual para a substituição dos automóveis escolares, previsto pelo DETRAN, são de dez anos para conduções como ônibus e micro-ônibus e oito anos, para os demais veículos.

Irregularidades

No início do mês, quatro ônibus escolares foram flagrados com várias irregularidades em Rio Verde, a 231 km da Capital. Os veículos foram abordados na BR-060 e transportavam 110 estudantes do ensino fundamental que residem em bairros às margens da rodovia.

De acordo com PRF, as irregularidades foram descobertas durante o Comando de Fiscalização de Veículos de Transportes Escolares. As principais infrações estavam relacionadas a equipamentos de segurança. Um dos veículos transportava 10 alunos em pé, e nos outros três os alunos não usavam cinto de segurança. (Higor Santana é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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