Governo anuncia revitalização da Praça Cívica

O projeto propõe também a conscientização da sociedade sobre a importância do bem e dos espaços públicos

Postado em: 26-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O projeto propõe também a conscientização da sociedade sobre a importância do bem e dos espaços públicos

Igor Caldas*

Após menos de três anos da última reforma, o governo do Estado propôs que seja realizado um novo trabalho de revitalização da Praça Cívica, no coração da Capital. O trabalho deve ser integrado com foco na preservação de patrimônios e estímulo ao “espírito de goianidade”. O projeto propõe também a conscientização da sociedade sobre a importância do bem e dos espaços públicos.

O governador Ronaldo Caiado (DEM) esteve em reunião na manhã desta segunda-feira (25), com titulares de diversas pastas estaduais e secretários da gestão Iris Rezende (MDB). Também estiveram presente na reunião a presidente de honra da Organização dos Voluntários de Goiás (OVG), a primeira-dama Gracinha Caiado e a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de Goiás (Iphan), Salma Saddi. Eles estiveram juntos no Palácio das Esmeraldas para pensar e elaborar ações conjuntas de revitalização para acolher moradores e visitantes no espaço.

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A Praça Cívica pode ser considerada o marco zero da Capital e é um dos principais patrimônios da população goiana. Caiado ainda disse que o povo deve conviver com sua própria história, mas para isso é preciso zelar pela conservação da praça ou de qualquer outro patrimônio cultural. Isso é obrigação dos gestores públicos em todas as esferas. “Vamos recuperar todo o patrimônio, independente de quem o tenha feito. Quero total sintonia por parte de nossos secretários, a exemplo da sintonia que tenho com o prefeito. Temos que ter a noção maior da história de Goiás e de que aquilo que é do Estado precisa ser preservado”, afirmou.

Presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Aristóteles de Paula destacou a importância do trabalho ser integrado entre Estado e município. “Essa proximidade não é tão comum, por isso ficamos muito felizes. A prefeitura tem total compromisso com o projeto de dar vida à Praça Cívica. Temos que aproveitar”. O secretário municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT), Fernando Santana, afirmou que Goiânia tem muito a ganhar com a revitalização da Praça.

Shows e eventos públicos

Apesar de ser proibido, a Praça Cívica continua sendo usada para a realização de shows e instalações para receber o público no fim do ano, na época do Natal e ano novo. Além disso, no Carnaval de Goiânia deste ano, a praça foi o ponto final do público que participou do que se tornou o maior bloco carnavalesco da Capital. Estima-se que 20 mil pessoas participaram do Bloco do Mancha que andou do Setor Bueno até a Praça Cívica. Na ocasião, a Praça ficou repleta de carros com som automotivo e barracas de trabalhadores ambulantes.  Carlos Brandão é produtor cultural e concorda com a proibição de eventos dentro da Praça.

“O problema de realizar eventos grandes na Praça Cívica é que ela é tombada como patrimônio histórico pelo Iphan. O próprio governo do Estado não pode fazer as festas que faz lá todo ano. De certa maneira, acho correto a proibição por que as pessoas furam o calçamento da praça para colocar tendas, aparelhagem de som. Isso danifica o patrimônio público”, afirma Brandão. Por outro lado, o produtor cultural afirma que na Capital há muita proibição de eventos públicos e não oferece espaços adequados para eles.

Para Brandão, a atenção para revitalização deveria ser direcionada para a Praça Universitária, pois ao seu redor há um público ávido por eventos e show públicos que é o público universitário. Além disso, as universidades que estão no setor fornecem toda uma estrutura cultural que circunda o local. 

Calçamento da Praça é danificado por uso inadequado de veículos 

A Praça Cívica já sofreu reforma para revitalização ainda em 2016 para aproximá-la da sua condição original de 1930. Foi feito novo calçamento e a recuperação paisagística, entregues em outubro de 2015. O local ganhou uma fonte luminosa que ficou em funcionamento apenas nos primeiros dias após a inauguração, a Praça também ganhou novos quiosques que não estão funcionando.

Após a inauguração, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) realizou, a pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO), uma vistoria em que foi averiguada que a Praça recém-restaurada apresentava problemas de acessibilidade. Ainda hoje há problemas relacionados à locomoção e à qualidade na execução do piso tátil.

Um dos principais equívocos no que diz respeito à acessibilidade da Praça Cívica está na falta de integração com os prédios públicos. Depois da revitalização, houve uma preocupação na circulação interna da Praça, mas o acesso aos edifícios públicos nela existentes foi negligenciado. A rota com acessibilidade continua não contemplando o acesso às entradas desses prédios.

A Praça, que antes da primeira revitalização havia se tornado um grande estacionamento, estava apagada em meio ao mar de carros estacionados entre os prédios públicos e históricos que ali estão. Um dos objetivos deste trabalho foi justamente proibir que os veículos parassem no interior da praça para devolvê-la ao lazer do público goiano. No entanto, ainda neste mês houve denúncias de que veículos voltaram a transitar e estacionar no interior da praça cívica, ferindo a proibição e danificando o calçamento do local.

A via entre a Secretaria Cidadã e o Centro Cultural Marieta Telles Machado está com um grande círculo em que todas as pedras portuguesas usadas no calçamento foram arrancadas. Foi neste mesmo trecho que houve denúncias de que veículos estão estacionando. A passagem de veículos pelo local para acesso ao estacionamento interno da praça também foi alvo de denúncias. No projeto da revitalização da Praça Cívica que foi realizada em 2016, três vias inteiras e o trecho de outro tiveram os calçamentos preparados para receber a circulação de veículos para chegar aos estacionamentos internos.

O trecho preparado para receber veículos está entre o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) 8 de Março e a Secretaria Cidadã, na parte leste da praça. Mas, de acordo com o projeto, o trecho está apto apenas para receber a passagem de veículos até o estacionamento da unidade escolar e a primeira entrada do espaço interno da secretaria. Mas as vias mais usadas pelos motoristas da unidade administrativa são a segunda e a terceira, onde não possuem calçamento construído para o tráfego de veículos. A via está com o piso afundado e a maior parte das pedras do tipo portuguesa já foi arrancada.

Além disso entradas que deveriam ser usadas apenas para a passagem de veículos continuam sendo usadas como estacionamento. Isso danifica o calçamento, pois não foram feitos para suportar o peso dos carros parados, apenas em movimento. Esta é a pista que seria a continuidade da Avenida 85, caso a mesma entrasse na Praça Cívica. É a via onde há o posto da Polícia Militar para a verificação dos carros que entram e saem do Palácio das Esmeraldas e Palácio Pedro Ludovico Teixeira. 

Nesta pista, com acesso restrito e a 30 quilômetros por hora, carros de passeio podem passar e entrar nos estacionamentos internos dos prédios dos órgãos públicos da praça. Os carros passariam pela continuidade da Avenida 85, iriam na frente do Palácio das Esmeraldas e sairiam pela continuidade da Avenida 83. Este trecho também já foi denunciado pelo uso indevido de veículos estacionados. (*Especial para O Hoje) 

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