Curso de Ciências da Aeronáutica prepara caminhos para chegar ao céu

Antes da criação dos cursos superiores ligados à aviação, o ensino era voltado apenas para fazer o avião sair do chão

Postado em: 28-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Antes da criação dos cursos superiores ligados à aviação, o ensino era voltado apenas para fazer o avião sair do chão

Igor Caldas*

Quem sonha em alçar voos na aviação pode escolher vários caminhos para chegar mais perto do céu. Um deles é o curso superior de Ciências da Aeronáutica. Ele é preparado para atender as demandas do Sistema de Aviação Civil nas áreas de operações de voo e gestão. O aluno vai se preparar para exercer uma atividade que exige conhecimento técnico em equipamentos de alto índice de automação. 

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Para quem realmente quer voar, é necessário realizar as provas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e executar as horas de voo necessárias para tirar o Brevê – documento que funciona como uma carteira de motorista para pilotos de avião.

O coordenador do curso de Ciências da Aeronáutica da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Salmen Bukzem, afirma que um dos objetivos do curso é garantir que o aluno passe em todas as etapas das provas da Anac. Os conteúdos teóricos apresentados no curso devem ser relacionados com a prática para garantir a formação adequada ao profissional da aviação. “O curso é como se fosse uma autoescola, dá toda preparação teórica e prática para voar, mas quem dá a credencial que permite pilotar avião é a Anac. Temos que ser capazes de fazer com que os alunos sejam aprovados nas provas para tirar o Brevê”, pontua o professor Salmen.

Na PUC Goiás, o curso de Ciências da Aeronáutica, com duração de três anos e meio oferece o título de bacharel em Ciências Aeronáuticas de Linha Aérea, voltado ao curso de piloto; e o bacharel em Gestão de Aviação Civil, voltado a toda parte administrativa ligada à aviação. Ele forma o profissional indicado para trabalhar nos aeroportos e aeródromos. “Não tinha no Brasil esse tipo de curso, voltado para aviação civil. A PUC Goiás foi uma das primeiras a oferecê-lo”, garante Bukzem.

Para o coordenador do curso, esse é o momento ideal para quem busca crescer na profissão. “O mercado da aviação está em franca expansão. Semana passada, 12 aeroportos foram privatizados e nos próximos três anos, mais 50 aeroportos farão o mesmo, inclusive o aeroporto Santa Genoveva, de Goiânia. Essa nova configuração vai abrir uma possibilidade para os egressos do curso de Ciências da Aeronáutica”, comemora Salmen.

Na formação, o aluno fará parte de um cenário que vive em contraste com a evolução da mais moderna tecnologia. Ele é apoiado por softwares de última geração e professores preparados para o exercício das metodologias ativas, da pesquisa e da iniciação científica, para construir elementos de discussão dos conteúdos prioritários na atividade. Salmen ressalta que antes da criação dos cursos superiores ligados à aviação, o processo de aprendizado era feito principalmente em aeroclubes, mas o ensino era voltado apenas para fazer o avião sair do chão. “Cursos tradicionais de aviação são voltados apenas para decolar o avião. Temos o compromisso maior com a segurança. Formamos o piloto que recebe uma quantidade muito grande de informações para exercer com eficiência o processo decisório enquanto estiver em voo”. 

Mercado

Alguns alunos do curso já pilotam aviões e estão inseridos no mercado de linhas aéreas, mas buscam adquirir maior conhecimento para poderem crescer no mercado, que é muito competitivo. Ismael Souza Cardoso trabalha como piloto na Latam há 18 anos, mas está fazendo o curso por que almeja crescimento em seu posto de trabalho. “O mercado da aviação é mundial e as empresas internacionais buscam esse diferencial para os profissionais que almejam cargos mais altos dentro da área”, afirma Cardoso.

O profissional da aviação não trata mais só de pilotar ou construir a gestão de empresas ou sistemas, mas de se relacionar com a intensa automação que o exercício da profissão exige. Eles precisam compreender e poder alterar, para melhor, as dinâmicas das malhas aéreas ou sistemas aeroportuários, que, em muitas situações podem sofrer descontinuidade e precisam de profissionais que possam minimizar desgastes que acometem aos seus usuários. Segundo Ismael Cardoso, o piloto precisa ter muito jogo de cintura para garantir a segurança aos passageiros.

“O maior trabalho do piloto é a garantia de segurança. Na aviação temos que lidar com três coisas principais: meteorologia, máquinas e pessoas. Todos esses três fatores podem se comportar de forma instável e é necessário que tenhamos o domínio de todos os recursos para lidar com o imprevisível”, pontua o comandante. Ao ser questionado sobre a primeira vez que o piloto consegue voar sozinho, Ismael respondeu com firmeza. “É inesquecível, mas não há nervosismo, pois para que o piloto chegue nesse estágio do aprendizado ele já deve estar totalmente preparado”.

Além dos alunos que almejam trabalhar em solo, na parte administrativa e de gestão de voos em aeroportos, há pessoas que não querem mais sair da sala de aula. Reinaldo Delfiaco concluiu o curso de Ciências Aeronáuticas na instituição e também já está apto a pilotar aviões, mas decidiu ficar no chão. Ele cursou mestrado em Infraestrutura de Transportes no Instituto Militar de Engenharia na cidade do Rio de Janeiro e fundou uma empresa de consultoria relacionada à aviação. Delfiaco está se preparando para fazer um doutorado e entrar para a docência na graduação. “O meio acadêmico me conquistou por que percebi que dentro da sala de aula posso impactar mais pessoas do que de dentro do cockpit [cabine de pilotagem]”. Afirma Reinaldo.

Para melhorar a qualidade do serviço destes profissionais de nível superior é necessário entender o contexto cultural, econômico, político e social no qual eles exercerão suas atividades. A compreensão e o domínio do idioma inglês é um diferencial, assim como entender o comportamento humano e suas relações. É fundamental manter uma visão preferencial para tudo que se relacione com a segurança, um item de maior importância na planilha de custos em qualquer atividade aérea. (*Especial para O Hoje)  

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