Ex-funcionária de João de Deus faz delação premiada

Mulher que trabalhou na Casa Dom Inácio de Loyola foi ouvida por quatro horas

Postado em: 29-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mulher que trabalhou na Casa Dom Inácio de Loyola foi ouvida por quatro horas

Isabela Martins*

Uma ex-funcionária de João Teixeira de Faria, João de Deus, procurou o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para uma delação premiada nesta quinta-feira (28). Ela é citada no processo e por isso resolveu procurar o órgão. A mulher que não teve a identidade revelada teria trabalhado com o médium durante anos na Casa Dom Inácio de Loyola.

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Imagens feitas pela Record TV mostram a mulher chegando ao MP vestida de preto, óculos escuros e o rosto encoberto. Ela foi ouvida por aproximadamente quatro horas pelos promotores da força-tarefa e deixou o local em um carro do MP, poucos metros à frente trocou de veículo. A assessoria do MP-GO informou que não irá repassar nenhuma informação por enquanto, para garantir o sigilo e a segurança da testemunha. A mulher foi ouvida pelo promotor Augusto César que integra a força tarefa que apura as investigações contra o médium. 

Visitas 

Ainda na manhã da quinta-feira João de Deus recebeu a visita de dois filhos no Instituto Neurológico de Goiânia, onde está internado desde a semana passada. No hospital, as visitas seguem as mesmas regras do Núcleo de Custodia, duas pessoas por dia uma vez por semana. Ao todo, seis pessoas estão cadastradas na Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) para visitar o médium, todos são filhos de João. 

A transferência de João de Deus para o hospital foi determinada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro e atendeu a um pedido da defesa, feito por meio de um habeas corpus alegando estado grave de saúde. Segundo o médico Alberto Las Casas João de Deus corria risco de ter “uma morte súbita” caso o aneurisma que tem no intestino se rompe-se.

Novas acusações

Nessa semana surgiram novas acusações contra o médium. Em entrevista para o programa Fantástico uma mulher relatou que em 1973 João de Deus teria a estuprado e depois tentado matá-la. Na época ela tinha 17 anos e acompanhava a tia que buscava atendimento espiritual. O médium teria abordado a jovem e a levado de carro de Abadiânia até uma ponte em Alexânia. 

Após o estupro a jovem sofreu uma hemorragia, o que teria assustado o médium que desferiu um golpe de pedra em sua cabeça e efetuou três tiros. Ele então jogou o corpo da vítima no rio que foi resgatada por um pescador. A mulher que estava de casamento marcado se mudou para o Nordeste. Mais de 40 anos após o ocorrido uma bala ainda está alojada no pescoço da vítima. 

Na última semana o MP denunciou João de Deus, um policial militar e mais dois voluntários da Casa Dom Inácio. De acordo com a denúncia, a garota foi vítima de abuso e teria assinado declaração em que dizia o contrário por insistência dos denunciados, com a intenção de inocentar o médium.

O MP tem oito denuncias abertas contra João de Deus. Ainda está sendo apurado pelo órgão a existência de uma rede de proteção ao acusado. Entre os investigados estão dois delegados e um policial militar. De acordo com a PM ainda não chegou ao comando da corporação nenhuma denúncia, e se houver qualquer prova da conduta irregular de algum agente, será aberta investigação interna. A Corregedoria da Policia Civil vai abrir investigação para apurar o caso. 

Réu três vezes 

João de Deus virou réu três vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. A mulher dele Keyla Teixeira, também foi denunciada no crime envolvendo os armamentos e o filho Sandro Teixeira, por intimidação de testemunhas. A Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas apreendidas em imóveis do médium. O MP segue analisando e colhendo novos depoimentos de mulheres que se dizem vítimas de João de Deus. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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