Ala do Hugol vai desafogar Materno Infantil

Unidade referência no atendimento pediátrico sofre com falta de leitos

Postado em: 02-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Unidade referência no atendimento pediátrico sofre com falta de leitos

Isabela Martins*

Após a morte de uma criança no Hospital Materno Infantil (HMI) o governador do Estado, Ronaldo Caiado (Democratas), anunciou a ocupação de uma ala do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) para tentar diminuir a demanda da unidade que é referência no atendimento pediátrico.

Caiado não disse quando deve ser feita a ocupação, ou a quantidade de leitos que serão disponibilizados, afirmou apenas que está ‘invadindo’ um contrato do Hugol com a Organização Social (OS) para ampliar o atendimento. “A falta de espaço é uma realidade, mas nem por isso o corpo médico deixou de atender as crianças. Não faltou a elas o medicamento. As condições não são adequadas. Mesmo o Hugol tendo um contrato com a OS, eu determinei e já está em fase de andamento a ocupação de uma ala para atendimento de crianças graves, UTI e centro cirúrgico”, garantiu.

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O HMI sofre com a superlotação, o que faz com que as mães fiquem com seus filhos internados em cadeiras na sala de espera e no corredor. Segundo o governador, a lotação na unidade se dever ao fato do HMI receber pacientes de estados como Tocantins e Mato Grosso. 

Na situação em que se encontra a unidade, ele revelou que o secretário de Saúde do Estado, Ismael Alexandrino, está negociando com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para assumir a gestão do Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) do Setor Campinas, única unidade do município que realiza atendimento pediátrico. “Existe a proposta do secretário de Saúde que está em contato e discutindo com a própria Secretaria Municipal para que possa ter uma ação maior junto ao Cais, para que haja uma triagem e que o HMI receba somente casos mais graves’’.

Caso Diogo

Na última quinta-feira (28) o garoto Diogo Soares Carlo do Carmo, de 5 anos, morreu após esperar 11hs em uma cadeira do HMI por um leito. O menino que tinha Síndrome de Down começou a passar mal no começo da semana, foi levado ao Cais de Campinas onde fez um exame que descartou que ele estivesse com dengue. Porém, na quinta, ele precisou ser levado ao HMI, onde recebeu soro e oxigênio e depois fez exames. Uma médica disse que ele precisaria ficar em uma cadeira no corredor esperando vaga. 

Segundo a mãe do menino, Ana Carolina da Silva, a febre do filho não diminuía mesmo com remédios. De acordo com o hospital, a criança foi levada às pressas para a sala de reanimação, mas não respondeu as manobras de ressuscitação e acabou morrendo. Conselheiros tutelares visitaram a unidade e contataram que ela segue lotada. Segundo um dos conselheiros, será investigado a causa da morte do menino. 

Desabafo

Uma pediatra escreveu uma carta de desabafo sobre a situação da unidade.  Segundo ela, pacientes ficam dias internados em cadeiras por causa da falta de leitos. A falta de leitos é constante na unidade, onde muitos pacientes em situação preocupante ficam em sala de espera por não haver espaço para todos os que precisam. “Tem crianças que ficam quatro, cinco dias internada em cadeira. Pneumonias com derrame pleural, apendicite, insuficiência respiratória que precisa de oxigênio, bebe recém-nascido. Outro dia nós tínhamos um bebe de oito dias de vida com insuficiência respiratória no oxigênio na cadeira”, afirmou.

Outras unidades

No sábado um recém-nascido de dois dias morreu após apresentar problemas respiratórios em um hospital particular em Goiânia. De acordo com a família, Klayton Emanuel Andrade Martins apresentou problemas respiratórios após nascer no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin). O menino precisava de um leito de UTI, os familiares conseguiram a transferência na Justiça, mas não houve tempo para salvá-lo. 

O menino nasceu na quinta-feira (28) e foi diagnosticado com insuficiência respiratória, depois de se alimentar teve uma piora no quadro e precisava ser transferido para uma UTI. Os familiares tiveram que acionar a Defensoria Pública para conseguir por meio de ação judicial a transferência. Na unidade de saúde privada descobriram que o menino tinha problema cardíaco e que não era tratado na instituição. Ele acabou não resistindo.  (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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